A saída de Coudet

A saída de Coudet

O Internacional coloca as suas eleições sempre após o último jogo da equipe na temporada, e faz isso exatamente porque acredita que a realização de uma eleição enquanto a equipe está envolvida em diversas competições, prejudica o ambiente e, portanto, atrapalha o rendimento do time.

Nando Gross

Abel chegou com o aval dos colorados

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A crise política pela qual passa o Internacional e a consequente saída do técnico Eduardo Coudet deixam muito claro o quanto é prejudicial um time de futebol estar envolvido em uma eleição para a escolha de uma nova diretoria em meio à disputa de várias competições.

Muitos afirmam que jogadores e comissão técnica não se afetam com o processo eleitoral, mas os acontecimentos recentes no Inter mostram claramente o contrário, algo que já tinha acontecido com o Grêmio quando perdeu o campeonato para o São Paulo exatamente pela realização de uma eleição tumultuada que invadiu o vestiário e retirou as chances do time ser campeão.

O Internacional coloca as suas eleições sempre após o último jogo da equipe na temporada, e faz isso exatamente porque acredita que a realização de uma eleição enquanto a equipe está envolvida em diversas competições, prejudica o ambiente e, portanto, atrapalha o rendimento do time.

Isto deveria ter sido feito também este ano, mesmo que significasse o adiamento das eleições, não importa, o interesse do clube tem de estar acima de tudo.

O fato é que se escancarou uma crise desnecessária que afetou o vestiário e determinou uma relação ruim com o treinador e a sua saída do clube. Não sei o que levou exatamente Coudet a tomar esta decisão, pelo que sei não foi apenas questão financeira. Mas a falta de ambição dos dirigentes para contratar não acredito tenha sido determinante, afinal ele está indo para uma equipe que tem como único objetivo na Espanha não ser rebaixada, nada além disso. O erro está na origem, que foi a insistência em realizar uma eleição em um ano completamente fora do normal em todo o mundo.

A chegada de Abel

Em primeiro lugar, sempre é importante lembrar que existem alguns nomes na história dos clubes que acabam se tornando lendas, personagens eternos, sejam jogadores ou treinadores. Nesta última categoria, Abel Braga está para o Inter como Minelli e Teté, figuras para sempre na memória colorada.

Abel é o técnico campeão mundial, é o comandante na primeira Libertadores e é também o técnico que dirigiu o time no histórico Gre-Nal do Século, portanto, no mínimo ele merece sempre ser bem-vindo ao Inter. O outro aspecto é analisar as alternativas da diretoria, na medida em que precisava de alguém que aceitasse um contrato de apenas quatro meses. E um detalhe muito importante, não há tempo para treinar, logo é preciso alguém que conheça o clube e que esteja acompanhando os jogos do Brasileirão.

Como sabemos, Abel Braga tem uma relação muito próxima com o Internacional e sempre afirmou que assiste a todos os jogos do Colorado pela televisão. Evidente que vai colocar as suas ideias na equipe colorada, mas neste momento não é prudente nenhuma alteração profunda no modelo de jogo, no conceito estabelecido por Eduardo Coudet no início da temporada.

Algumas questões me parecem muito claras: Moledo deverá ser titular ao lado de Cuesta, e D'Alessandro deverá receber mais oportunidades na equipe principal. Mexer em nomes, em escalação, não significa alterar o modelo de jogo ou alguns conceitos que vinham dando certo, como por exemplo aquela marcação alta e pressão no adversário que estiver com a posse de bola.

Ou seja, o mais inteligente a fazer é manter aquilo que vinha dando certo com Coudet e propor algumas mudanças pontuais, que passam muito mais pela escolha de nomes do que propriamente pelo sistema de jogo.


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