A mudança do Inter com Coudet

A mudança do Inter com Coudet

Técnico foi contratado para mudar o modelo estabelecido, e os fatos mostram que ele fez isso

Nando Gross

Com o técnico argentino, Inter abandonou o modelo reativo e voltou a ser propositivo

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A diretoria do Internacional definiu, ainda no ano passado, que era preciso mudar o conceito de futebol estabelecido no clube desde a chegada de Argel ao Beira-Rio. Depois da saída de Diego Aguirre, o Inter abandonou a ideia de jogar de forma propositiva e adotou um modelo reativo que se agravava quando atuava fora de casa, onde o time diminuía de tamanho de uma forma assustadora.

Eduardo Coudet foi contratado para mudar este modelo estabelecido e os fatos mostram que ele fez isso. Não precisa gostar da mudança, mas negá-la é fechar os olhos para o que está acontecendo dentro de campo. O time colorado no momento é o terceiro colocado em posse de bola atuando fora de casa, atrás apenas de Atlético-MG e Flamengo, isso diz muito sobre a maneira como o time tem se comportado longe de Porto Alegre. Nosso estado tem por tradição a polarização e o nome de Coudet também se presta atualmente para isso. Há aqueles que o apoiam em todas as suas decisões e os que o criticam em qualquer situação. Mas existem fatos e eles falam mais alto.

O maior fracasso de Coudet está naquilo que afeta a rivalidade local. O fato de não ter conseguido vencer nenhum dos Gre-Nais que disputou desgastou muito a sua imagem. É difícil abstrair isso do seu trabalho diante do tamanho desta rivalidade, mas posso afirmar que ele está fazendo muito mais do que qualquer um poderia imaginar com o atual elenco colorado. 

Coudet tem gestão de grupo, é visível o carinho com que os atletas se referem a ele, além disso tem a ambição da vitória que se exige para um profissional que assume um clube da grandeza do Inter. Evidente que nas suas escolhas de jogadores existem muitas ressalvas, mas é dele o acerto com Galhardo de atacante, as melhoras de rendimento de Edenilson e Patrick, e até mesmo a ousadia de colocar em campo jovens de 18 anos, como Praxedes, Peglow e Johnny, ou ainda Léo Borges na lateral esquerda, de apenas 19 anos. E acima de tudo, devolver ao Inter a personalidade para se impor e buscar a vitória, independente da cidade ou do estádio onde for realizada a partida.

As atuações do time estão longe de serem exuberantes, mas o trabalho coletivo tem se mostrado eficiente e o conceito de futebol está sempre presente. Mesmo com carências técnicas, a equipe de Coudet sempre procura ter a iniciativa das ações de jogo e marcar na primeira etapa. Precisa aprender a administrar melhor os finais dos jogos, onde já sofreu gols por falta de foco até o último instante. Sim, Coudet vem cumprindo aquilo que lhe foi solicitado pela diretoria. Ele definitivamente mudou o conceito de futebol que vinha sendo adotado no Internacional nos últimos quatro anos. #fato

Por que Muricy?

Em meio a debates nas redes sociais para eleição à presidência do Inter, leio ideias sugerindo Muricy Ramalho para assumir um cargo de gestão no departamento de futebol. Muricy teve uma passagem marcante por aqui, mas não consigo entender o Inter tendo o maior jogador da sua história vivendo em Porto Alegre e totalmente afastado do clube. Falcão mora a algumas quadras do Beira-Rio, é uma referência no mundo todo, sabe muito de futebol e do DNA colorado. Por que pensar em Muricy e não em Falcão? Quanto tempo mais continuará este afastamento? O Inter agiu mal com Falcão nas suas duas passagens recentes pelo clube, portanto é o Inter que precisa restabelecer esta relação o mais rápido possível.

Resultado sem desempenho

Contra o Juventude, outra vez o resultado foi melhor para o Grêmio do que o desempenho apresentado. Faz bastante tempo que o time de Renato não mostra um desempenho em alto nível, próximo dos últimos anos que levaram o Grêmio a um protagonismo nacional e continental. No jogo contra o Juventude, disputado na Arena, depois do gol de Isaque, o time gremista quase nada fez. A falta de ambição do Juventude facilitou as coisas, sem falar no inacreditável gol perdido pelo artilheiro Breno. Mas o Grêmio se repetiu. Venceu, mas jogou muito pouco.

O tempo é aliado

Pensando em Libertadores, a boa notícia para o Grêmio é que o próximo jogo será somente no dia 26 de novembro. Com este prazo, Renato poderá ter Maicon à sua disposição, ter tempo para recuperar Jean Pyerre e dar-lhe ritmo de jogo, afirmar Diego Churín, apostar em Ferreira ou já ter Alisson em condições, e talvez confirmar a contratação de Gastón Ramírez. O fato é que o tempo é o grande aliado tricolor neste momento, porque o futebol que vem sendo apresentado não dá nenhuma garantia de que irá superar o Guaraní, do Paraguai, e garantir classificação às quartas de final.


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