Esse brilho no olhar de Lulu Santos
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Não foi a primeira e nem será a última (espero) vez que assisto a um show de Luiz Mauricio dos Santos, o Lulu Santos. Foi a primeira vez que ele batizou a turnê com o registro de voz que o deixou mais confortável nos últimos anos. Quando ele gravou o Acústico em 2000, ele havia baixado um tom. Mais recentemente e para esta turnê “Barítono”, baixou mais um tom até chegar a voz de barítono, o registro intermediário entre baixo e tenor, no qual ele disse que sente mais confortável sem ter que fazer “sobressaltos ou esforços” na hora de cantar. No show realizado no Auditório Araújo Vianna, no sábado passado, o estranhamento ao público se dá nas primeiras músicas. As primeiras das 25 músicas (são mais contando os medleys/pot-pourris) do show iniciado uns 20 minutos depois da hora marcada foram “Toda Forma de Amor”, “O Último Romântico” e “Um Certo Alguém”. Como o público canta todas, Lulu contou com o auxílio luxuoso (nome da banda que o acompanhou durante anos) da plateia nos refrões, poupando um pouco a sua voz baritonada de 70 anos.
Com o desenvolvimento do show, o baixista Jorge Ailton e o percussionista (quase bailarino) Robson Sá assumem os vocais e parecem ter uma voz mais expressiva do que a de Lulu, pois o hitmaker e guitarrista canta sem forçar a barra. E por aí vai a alternância entre sucessos, das baladas às canções embaladas, passando pela junção de “Tudo Azul”/”Assaltaram a Gramática”, “Adivinha o Quê”, “Tempos Modernos” até “Caso Sério” à homenagem à rainha do rock, Rita Lee.
Com “Esse Brilho em Teu Olhar”, do álbum “Ritmo do Momento”, de 1983, Lulu faz a homenagem a esta voz barítono que dá nome à turnê, pois a canção foi a chave para este entendimento no conforto com a tranquilidade para definir e alcançar este registro vocal. Os sucessos continuam sendo desfilados com a banda precisa e segura, que além de Jorge e Robson, tem Sergio Melo (bateria) e Hiroshi Mizutani (teclados e programação eletrônica) e Tavinho Menezes (guitarras e slide guitar). As canções são todas cantadas a plenos pulmões pelo público. “Tudo bem”, “A cura”, “Sábado à noite” e “Assim caminha a humanidade”, além do medley com aquele clima tropical, praiano, “Sereia” / “De repente Califórnia” / “Como uma onda”.
Lulu agradeceu ao público, dizendo que a energia do público gaúcho e o fato de o show voltar a ser no tempo da música no RS, o Araújo Vianna, fizeram a conjunção ideal para uma grande noite. No set final da apresentação, músicas para emocionar, uma delas é “Tão Bem”, que tem uma explicação, dizendo que ela não entraria nos setlists de show por não condizer com o momento atual, uma vez que foi feita como se fosse para uma mulher e agora Lulu assumiu um relacionamento com Clebson Teixeira. Para fechar, veio “Casa” com o coro de “eu tô voltando pra casa” e “O Descobridor dos Sete Mares”, trazendo a empolgação e a energia do saudoso Tim Maia para o palco e sempre mostrando ser um exímio guitarrista com solos precisos, demorados e utilizando a pedaleira e a alavanca de vibrato. Um show para não esquecer.