Jurandir Soares

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Da guerra fria à guerra quente

Enquanto as relações entre Estados Unidos e China vão se tornando a cada dia mais tensas, maiores são as preocupações de Taiwan, especialmente pelo temor de vir a se tornar uma nova Ucrânia

Enquanto as relações entre Estados Unidos e China vão se tornando a cada dia mais tensas, maiores são as preocupações de Taiwan, especialmente pelo temor de vir a se tornar uma nova Ucrânia. E isto acontece num momento em que EUA e seus parceiros da Otan desprezam a proposta chinesa de paz para a Ucrânia, fazendo com que Pequim, que até agora se manteve neutra no conflito, ameace dar apoio a Moscou. A crítica aos EUA e seus parceiros ocidentais partiu do presidente Xi Jinping, dizendo que eles implementaram contenção e supressão completas da China, o que trouxe desafios severos sem precedentes ao desenvolvimento do país, de acordo com a agência estatal de notícias Xinhua. No futuro, disse ele, “os riscos e os desafios que enfrentamos só aumentarão e ficarão mais severos”. Já a aliança com a Rússia foi destacada pelo novo encarregado das Relações Internacionais Qin Gang, o qual afirmou em entrevista coletiva que a aliança entre China e Rússia, sacramentada em uma visita de Putin a Pequim pouco antes do início da guerra, em fevereiro do ano passado, “deu um exemplo global de relações exteriores”. E “precisa ser reforçada para enfrentar os americanos”. “Trabalhando juntos, o mundo terá uma força motriz. Quanto mais instável o mundo, mais imperativo é para China e Rússia avançarem suas relações de forma constante. A parceria estratégica certamente crescerá de força em força”, acrescentou. Portanto, nada mais direto.

Na semana passada Washington aprovou a venda de mais armamentos para Taiwan, assim como a presença de mais assessores militares norte-americanos na ilha. Pequim vê com preocupação esta evolução, acusando o governo norte-americano de tentar modificar o status quo da ilha, ao apoiar forças separatistas e negar a política de “uma só China”, pela qual os Estados Unidos reconheceram Pequim como o legítimo governo do país e não estabeleceram relações diplomáticas oficiais com Taiwan. Pequim, que realiza o Congresso Nacional do Povo, o evento mais importante da China, decidiu aumentar seus gastos militares em 7,2%. No evento, o general Ma Yming, que também é deputado do partido, disse que “as Forças Armadas devem melhorar sua capacidade de estratégia para realizar a reunificação nacional”. Já o vice-presidente do Comitê Militar Central, Zang Youxia, declarou: “Devemos concentrar nossos esforços na preparação para a guerra”. Segundo revelou o PLA Daily, o diário oficial do Exército, foi criada para o treinamento militar uma cidade artificial que imita Taipé, a começar pelo gabinete presidencial.

Assim é que, por enquanto, em meio à sequência da guerra da Ucrânia tem-se o incremento da, pelo menos até aqui, Guerra Fria 2.0 entre EUA e China. Existem dois motivos para essa guerra se tornar “quente”. Um, se a China resolver se aliar à Rússia no conflito da Ucrânia. Outro, se os Estados Unidos forem defender Taiwan no caso de uma invasão pela China.

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