Do impeachment à posse

Do impeachment à posse

Dois acontecimentos marcantes agitam Washington nos próximos dias.

Jurandir Soares

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Washington agita-se esta semana entrante com dois acontecimentos marcantes: o andamento do processo de impeachment do presidente Donald Trump e a posse do presidente eleito, Joe Biden. Trump consegue a façanha de ser o presidente que teve contra si dois pedidos de impeachment em um só mandato. O primeiro envolveu a influência russa na eleição de 2016, mas não encontrou fundamentação para afastar o presidente. O segundo é muito mais grave, pois envolve o incitamento do dirigente aos seus seguidores para invadirem o Capitólio, sede do Congresso, quando ali se referendava a vitória de Joe Biden na eleição de 3 de novembro. Justamente por isto, a aprovação do processo teve a adesão de pelo menos dez deputados republicanos.

A etapa seguinte do processo é no Senado. Ali, até agora, a maioria era de republicanos. Porém, com os democratas conquistando as duas cadeiras que estiveram em jogo neste início de ano na Georgia, o número de integrantes da casa fica igualado. São 50 republicanos e 50 democratas. Como a partir da quarta-feira, com a posse dos novos governantes, a vice-presidente Kamala Harris passa a ser a presidente do Senado, os democratas passam a ser maioria. O que não quer dizer que haverá de plano a condenação de Trump. Assim como tem aqueles que entendem que Trump manchou a instituição Presidência da República e, como tal, precisa ser afastado, há os que entendem que um afastamento forçado do presidente no final de mandato só servirá para abalar ainda mais o país. Não se pode esquecer que o julgamento do caso no Senado poderá se estender para depois do término do mandato de Trump. E, neste caso, a punição seria somente a perda dos direitos políticos, não podendo concorrer em 2024. E este é um tema que interessa não só aos democratas, mas também a muitos republicanos de expressão que se viram na obrigação de romper com Trump, muitos deles deixando seus cargos ministeriais. Com isto estariam se livrando daquele que acabou se sobrepondo ao partido.

Mas, a estas alturas, tudo são hipóteses. O certo é que a partir da próxima quarta-feira a maior potência do mundo passa a ter um novo comando, que assume com o primeiro e grande desafio que é combater a epidemia que fez o país ter o maior número de mortos no mundo. Para isto, Biden já alocou uma verba de 1,9 trilhão de dólares. E em meio a esse combate, Biden terá que estar de olho na China, na Rússia e no Irã, entre outros, que estão sempre na espreita de uma oportunidade para abalar o governo americano. Mas, em compensação, Biden terá um olhar esperançoso da Europa, deixada de lado por Trump. E um olhar muito preocupado de Israel, que teve no mesmo Trump um condutor para acordos com potências árabes. Enfim, vem aí uma semana plena de acontecimentos em Washington.

 


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