Os EUA e o Brasil

Os EUA e o Brasil

O que rege as relações entre os dois países são os interesses econômicos e políticos

Jurandir Soares

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Enquanto escrevo este artigo ainda não temos o resultado da eleição dos Estados Unidos, embora todos os indicativos sejam de que o democrata Joe Biden se tornará o novo presidente do país. E, a confirmar-se isto, vem a pergunta sobre o que poderá mudar nas relações com o Brasil. E a resposta é nada muito significativo. Talvez o que mais possa repercutir por aqui seja uma baixa no dólar, tendo em vista que Biden deverá fazer mais gastos governamentais, o que faz a sua moeda perder valor. Durante a campanha, Biden falou duas vezes sobre a Amazônia. Conversa de campanha. Na prática, como disse o vice-presidente Mourão, Brasil e EUA têm negócios de Estado. O que rege as relações são os interesses econômicos e políticos. E o Brasil é um player importante na América Latina, que não pode ser desprezado. Muitos estão lamentando, se concretizar-se, a saída de Trump da presidência pela ligação dele com o presidente Bolsonaro. Uma ligação por afinidade política. Porém, nos negócios vale o interesse das corporações, tanto que, há uma semana, Trump taxou em 140% o alumínio brasileiro que entra nos Estados Unidos.

Ao fazer seu pronunciamento na quinta-feira à noite, na Casa Branca, em que desacreditou o sistema eleitoral norte-americano, o presidente Trump revelou algumas falhas que são marcantes. Quando ele disse: “eles estão controlando os locais de votação e não deixam nossos fiscais se aproximarem”, ele estava se referindo aos governantes democratas. Ocorre que nos EUA, como se trata de uma federação, os estados são autônomos para fazer suas legislações, o que incluiu o sistema eleitoral. Não há, como no Brasil, um Tribunal Superior Eleitoral, nem tampouco Tribunal Regional Eleitoral. São os governos estaduais que controlam o processo eleitoral. E cada um a seu modo. Assim, se alguém se sentir prejudicado em um estado terá que verificar se sua reclamatória se encaixa na legislação local. Outra prática que Trump criticou foi o voto pelo correio. Isto é uma tradição no país. E foi muito utilizado nesta eleição por causa da pandemia. E aí, além da possibilidade de fraude, vem uma outra questão. Os estados da Carolina do Norte e de Nevada determinaram que aceitariam o voto pelo correio, desde que postado até o dia da eleição, 3, até dia 12 e dia 13, respectivamente. Ou seja, antes disto não se terá o resultado oficial da eleição.

Convenhamos, na era da tecnologia da informação, temos que valorizar nossa urna eletrônica por sua rapidez. Muita gente ainda põe em dúvida a segurança do sistema contra as fraudes. Lembrando especialmente o ocorrido esta semana com hackers invadindo o Tribunal Superior de Justiça. Pois, para ter segurança e permitir uma recontagem de votos, é só acrescentar a impressão do voto e sua colocação pelo votante numa urna secundária. Isto, não para ser contado, mas para ser uma alternativa de recontagem. Podemos dar exemplo para o falho sistema norte-americano e exportar a tecnologia para o mundo.

 


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