China é trunfo de Trump

China é trunfo de Trump

Presidente americano segue com a estratégia de campanha do inimigo externo

Jurandir Soares

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A dezessete dias da eleição presidencial nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump manobra de todas as maneiras para tentar reverter o quadro que lhe é amplamente desfavorável. A média das pesquisas pode ser medida pela do Instituto Rasmussen, que é considerado de tendência republicana. Aponta o democrata Joe Biden com 52% da preferência do eleitorado contra 40% de Trump. Várias outras mostram resultado semelhante. Sempre salientando que na eleição de 2016 se dava algo semelhante, com Hillary Clinton à frente, e Trump reverteu. Nos EUA é preciso sempre levar em conta que a vitória do candidato não se dá pelo voto popular, mas pelo dos delegados que compõe o Colégio Eleitoral. Com isto, as pesquisas podem não refletir o real resultado.

Para esta quinta-feira, estava programado um debate entre os candidatos. Para evitar contágios, a comissão eleitoral decidiu fazer o debate virtual. Trump não aceitou e partiu para o comício presencial, desafiando as normas de distanciamento social, ao reunir milhares de pessoas no seu entorno, conforme fez no aeroporto de Sanford na Flórida. Mais uma vez minimizou a ameaça da Covid e maximizou a do socialismo com Biden. Mas os desafios do republicano não são poucos. Além da Covid, a crise econômica e os protestos raciais têm ajudado Biden. Porém, ajuda substancial o democrata recebeu nesta quarta-feira com a manifestação da revista Nature que, em editorial, abriu seu apoio a ele. A revista afirma que Trump "mentiu sobre os perigos representados pelo vírus". A Nature critica o negacionismo científico de Trump e suas ações em relação a acordos e entidades multilaterais, em especial a retirada dos EUA da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Acordo de Paris. No final de setembro, o jornal Washington Post havia anunciado o seu apoio ao candidato Joe Biden por considerá-lo um líder de “decência, de honra e competência”, em contraste com Donald Trump, que descreveu como “pior presidente dos tempos modernos”.

Diante das dificuldades internas, Trump segue com a estratégia do inimigo externo, no caso a China. Não só insiste em que Biden não saberá lidar com a ameaça chinesa, como autorizou manobras navais no disputado Mar do Sul da China. Mandou para lá o porta-aviões USS Ronald Reagan, gigantesco navio de propulsão nuclear, que opera 90 aeronaves, e que está acompanhado por um cruzador e dois destróieres, além de navios de apoio. Ou seja, mostra força bélica desafiadoramente no quintal dos chineses. Além de continuar a acusar o “vírus chinês”, que responsabiliza por todos os males que têm afetado o mundo. Com isto, a China parece ser a derradeira manobra de Trump para tentar virar o jogo eleitoral.

 


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