Completam-se neste 7 de outubro dois anos dos terríveis ataques terroristas do Hamas em Israel, que resultaram nas mortes de 1.200 pessoas e sequestros de mais 250. No imediato, deu-se a reação de Israel, na justa caça aos terroristas em Gaza, mas que escorregou para um massacre de civis palestinos cujo número de mortos estaria em torno de 65 mil, segundo os serviços de saúde palestinos. O transcurso da data coincide com a esperada aplicação do acordo de término da guerra proposto pelo presidente americano Donald Trump. Embora se saiba, também, das imensas dificuldades para a implementação do dito acordo.
ROMPIMENTO
A primeira dificuldade que se constata é a não aceitação, por parte de Israel, do pedido do presidente Trump para cessar os bombardeios a Gaza. Estes continuaram durante o fim de semana, com o anúncio de mais mortes de civis. Em meio a isto, os negociadores se reúnem no charmoso balneário de Sharm-el-Sheik no Egito. Tudo sob a mediação do Catar, Egito, EUA e agora também a Turquia, país que se envolveu no processo.
O fato é que os atores dessa guerra cruel, Hamas e Netanyahu, já cansaram aqueles que lhes dão suporte. Neste caso, Catar e Estados Unidos respectivamente. O Catar porque chegou ao ponto de ver a sua integridade territorial ameaçada, diante do ataque desfechado por Israel, na caça aos integrantes do Hamas. Já o presidente Trump, que almeja conquistar o Prêmio Nobel da Paz por sua mediação para o fim da guerra, se cansou da insistência de Netanyahu em levar adiante o conflito.
REFÉNS
Uma das questões básicas para que esta guerra termine é a entrega dos reféns israelenses por parte do Hamas. E a curiosidade que fica é sobre a situação desses reféns. Sabe-se que são em torno de 50, sendo que apenas 20 estariam vivos. Transcorridos dois anos, como estão os cadáveres daqueles que pereceram? Qual o estado de conservação desses corpos em meio ao caos estabelecido na região?
Dúvidas também sobre a saúde dos vivos. Alguns deles apareceram, semanas atrás, em vídeos, mostrando-se tremendamente debilitados. Todos com enorme perda de peso. Afinal, quantos ainda estão vivos e poderão retornar para suas famílias?
SITUAÇÃO
Uma vez que se consiga sucesso nesta troca de reféns por prisioneiros palestinos em cadeias de Israel, ficam ainda muitas dúvidas a serem vencidas. E a principal delas é sobre a questão referente à deposição das armas por parte do Hamas. Isto passa por duas questões. Uma delas, a pressão que os países árabes estão exercendo sobre o grupo para que se desarme. E isto envolve não só o Catar, mas também Egito, Jordânia, as monarquias do Golfo e até mesmo a Turquia, que não é árabe, mas associou-se à busca da paz.
E o outro fator parte de um outro país que não é árabe, mas é muçulmano, e que tem sido o sustentáculo do terrorismo no Oriente Médio, o Irã. O detalhe é que o Irã resultou tremendamente enfraquecido depois dos ataques que sofreu por parte de Israel e dos Estados Unidos. E é difícil que consiga manter o suporte que historicamente vinha dando. Portanto, teoricamente, são fortes os fatores para o desarmamento do Hamas.
ADMINISTRAÇÃO
Considere-se ainda que, segundo o plano de Trump e até a manifestação do presidente da Autoridade Palestina, Mahmmoud Abbas, o Hamas deve ficar fora de qualquer futura administração de Gaza ou da Cisjordânia.
Abbas, inclusive, disse na ONU que o Hamas não representa o povo palestino. Pelo projeto do presidente americano, o que vamos ter em Gaza é uma administração de técnicos palestinos que atuarão sob supervisão do ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, mas sob comando do aspirante ao Nobel da Paz, Donald Trump. O americano está confiando tanto no seu projeto que mandou para a região até o seu genro Jared Kushner, que foi acompanhado do encarregado para assuntos do Oriente Médio Steve Witkoff. No entanto, temos que convir que tudo ainda é muito nebuloso envolvendo esta terrível guerra que completa dois anos.