Cenário cada vez mais definido

Cenário cada vez mais definido

Decisão de Romildo foi a mais correta, sem dúvida

Guilherme Baumhardt

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Romildo Bolzan Jr. anunciou: permanece no Grêmio e não será candidato ao Palácio Piratini. Apesar da manifestação bastante enfática neste sentido, permito-me um resquício de dúvida, uma mínima fresta aberta na porta. No início da sua fala, o pedetista diz, relembrando o início da trajetória à frente do clube: “A partir da renúncia \[à presidência do PDT] eu tinha uma missão: ser presidente do Grêmio. E pretendo concluí-la”. O “pretendo” é minha pulga atrás da orelha. Mas vamos em frente.

Se a decisão de permanecer de fato foi tomada, é um acerto. Romildo tem uma história no Grêmio. E para que seu nome permaneça no lugar de destaque que merece (sob seu comando o clube foi campeão da Libertadores da América, da Recopa e da Copa do Brasil), ele precisa liderar o Grêmio no retorno à elite do futebol brasileiro – leia-se primeira divisão.

Além do fator clube, Romildo tinha um outro desafio para o qual talvez não houvesse tempo hábil para superar. A marca dele à frente do Grêmio é de um trabalho bem-sucedido. Clube com contas em dia, superavitário, com uma base reveladora de talentos e geradora de receita. Se fosse necessário resumir em uma única palavra, ela seria “gestão”. E isso não combina com o PDT.

Educação, trabalhismo e amor por estatais são bandeiras do trabalhismo. Nada a ver com metas, resultados, finanças, equilíbrio nas contas. O PDT nacional se apresenta com Ciro Gomes (uma biruta de aeroporto toda vez que abre a boca) e com Carlos Lupi (qual a sua obra mesmo?). O Romildo presidente do Grêmio tem muito mais a ver, vá lá, com o partido Novo, com o legado tucano de responsabilidade fiscal e assim por diante. Romildo tomou a decisão correta.

Aprendemos...

Foi manchete: “Suécia tem uma das menores taxas de morte por Covid-19, na Europa, mesmo sem lockdown”. No país que praticamente não impôs restrições à população (especialmente quando a comparação é com alguns vizinhos), o resultado final foi o mesmo, ou até menos grave. Outra comparação valiosa pode ser feita entre dois estados norte-americanos, vizinhos um do outro: Dakota do Sul e Dakota do Norte. O sulista foi muito mais “liberal”, não aprisionou a população em casa e a governadora não deixou aflorar qualquer ímpeto despótico. E o resultado? Números da pandemia idênticos aos do vizinha do norte.

... algo?

Sempre escrevi aqui e manifestei opinião idêntica, no Agora, na Rádio Guaíba: no início da pandemia era até compreensível que medidas fossem adotadas sem a certeza da sua eficácia. Era uma pandemia, hospitais lotados, gente morrendo. Nosso referencial histórico estava bastante distante e o mundo mudou consideravelmente desde o último episódio parecido. Até aí, tudo bem. O problema foi insistir no mesmo receituário à medida em que evidências robustas (e pesquisas) mostravam que os objetivos não estavam sendo atingidos. Aprendemos algo?

Mourão

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, esteve no Estúdio Cristal, na Rádio Guaíba, nesta sexta-feira. Cordial, conversou conosco e com os ouvintes da emissora por quase 40 minutos. Seu desafio como pré-candidato ao Senado, pelo Rio Grande do Sul, é se posicionar como a principal alternativa no campo da direita. Não é tarefa fácil. No páreo estão o atual titular da cadeira, Lasier Martins, e uma ex-senadora – Ana Amélia Lemos. Se o eleitor mais à direita não quiser ver um representante de esquerda sendo eleito, o caminho será fazer o chamado “voto útil” no início de outubro – não há segundo turno na disputa pelo Senado.


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