Guedes é solução, não problema

Guedes é solução, não problema

A melhor maneira de recuperar nossa economia está centrada em uma grande iniciativa

Guilherme Baumhardt

publicidade

Para 64% dos brasileiros, o ministro Paulo Guedes deveria ser demitido. É o que mostrou uma pesquisa feita recentemente pelo Instituto RealTime BigData, encomendada pela Record TV. Ninguém gosta de ver o poder de compra do seu dinheiro escorrer por entre os dedos, fruto da inflação. O dado, porém, revela outra coisa: o brasileiro é, no mínimo, um desinformado. E, como todo latino-americano (salvo a exceção chilena), adora uma solução populista.

Manchete do jornal El País, da Espanha, no dia 1º de outubro: “Inflação da zona do euro atinge os maiores patamares dos últimos 13 anos”. Vamos adiante. Manchete da alemã Deutsche Welle, do dia 30 de setembro: “Alemanha registra inflação mais alta dos últimos 28 anos”. Precisa mais? Sem problemas. Destaque do Fox Business, no dia 27 de agosto, em tradução livre: “Inflação medida pelo FED (banco central norte-americano) dispara e atinge o maior patamar dos últimos 30 anos”.

Sim, incomoda parar no posto e ver a gasolina beirando os 7 reais. Ninguém em sã consciência gosta de ver o poder de compra do salário reduzir de um mês para o outro. Mas, no fundo, o brasileiro talvez seja um incorrigível. Parece que nossa turma não aprendeu com todas as tentativas fracassadas de aplacar a inflação, nos anos 1980 e início dos 1990. Querem o quê agora? Tabelamento de preços? De novo? Se bater uma preguiça de ir ao Google, para relembrar os planos Bresser, Collor, Cruzado, basta olhar para a Argentina e o nível de porcaria produzido pelo poste kirchnerista Alberto Fernández atualmente.

A melhor maneira de recuperar nossa economia está centrada em uma grande iniciativa. A aprovação de reformas (verdadeiras, não arremedos como algumas propostas que tramitam no Congresso). A tributária seria muito bem-vinda, assim como correções de rumo na administrativa e, quem sabe, uma revisão na legislação trabalhista, que avançou pela metade em 2018. Isso dá um recado claro para o mundo, atrai o investidor internacional, traz novas divisas, ajuda a segurar ou até derrubar a cotação do dólar. Quando isso ocorre, temos geração de postos de trabalho, trocas espontâneas de emprego (sair de uma posição para assumir outra com salário melhor), além de auxiliar de maneira natural (e não artificial) no controle de preços, evitando que o câmbio produza impacto inflacionário.

E aí, meus amigos, a culpa não é de Paulo Guedes. O responsável é o Congresso. No lugar de trocar o ministro, que tal trocar o seu representante em Brasília? Ou talvez o brasileiro goste mesmo do autoflagelo. Aí a solução é simples. Tragam novamente José Sarney ou Dilma Rousseff. Só não reclamem depois.

O óbvio aconteceu

A deputada federal Joice Hasselmann anunciou filiação ao PSDB. A onda Bolsonaro, de 2018, elegeu muita gente nova e de atuação destacada. Mas também colocou nos parlamentos pessoas com opiniões, digamos, voláteis. Basta pesquisar na Internet para encontrar mudanças radicais de posicionamento. Resta saber como vai se comportar o eleitor após a guinada.

Caminho conhecido

Hasselmann seguiu os passos de Alexandre Frota, que também encontrou abrigo no ninho tucano recentemente. Eu, particularmente, não me surpreenderia se dentro de alguns anos ambos não estivessem em um partido de extrema-esquerda, como o PSOL. Ou, no mínimo, de esquerda, como o PT.

Barcelona

Escrevo estas linhas enquanto chego a Barcelona, voltando de Toulouse, na França. Entre uma palavra e outra, aproveito para olhar pela janela do táxi. É incrível a transformação pela qual passou a cidade, especialmente após os jogos olímpicos de 1992. O porto movimentado, com a chegada de navios de cruzeiro, uma cidade organizada e pujante. Sim, o tema “a revolução Barcelona” é antigo. Tão antigo quanto nossa (brasileira) incapacidade de simplesmente copiar o que deu certo.

Esperança

Os ventos que sopram hoje no Brasil (Rio Grande do Sul e Porto Alegre não fogem à regra) trazem um ingrediente novo e que não havia até pouco tempo atrás: liberdade. E este ingrediente representa esperança. Mais gente hoje entende que menos Estado é melhor para quem inova, empreende, gera riqueza. Ou seja, para todos. Porque isso gera uma corrente de novos empregos, oportunidades, crescimento e desenvolvimento. Há representantes, bancadas, partidos declaradamente liberais hoje no Brasil. Não muito longe no tempo esse papel cabia a uma figura solitária: Roberto Campos. Bob Fields ainda merece um lugar com mais destaque nos capítulos da nossa história, especialmente por esgrimar quase sozinho com nossos jurássicos representantes.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895