Faltou dizer que...

Faltou dizer que...

Guilherme Baumhardt

publicidade

O governo do Estado anunciou com pompa que pagará de maneira antecipada o 13º salário dos servidores do Executivo. É meritório. Em meio à festa faltou apenas dar a devida relevância ao socorro federal junto aos Estados, especialmente em 2020, que representou um reforço de caixa, sem que a arrecadação despencasse como muitos imaginavam, principalmente em meio à pandemia. Dados do economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos mostram uma inversão do cenário deficitário. Enquanto a União saiu de uma dívida controlada para um rombo astronômico (déficit primário afundando de R$ 78 bilhões, em 2019, para R$ 746 bilhões, em 2020), as unidades da federação saíram do vermelho e entraram no azul. O Rio Grande do Sul não fugiu à regra.

Méritos

Contam a favor da atual gestão do Palácio Piratini mudanças estruturais importantes. As alterações em planos de carreira e a reforma da Previdência são as principais, além das privatizações – após a CEEE há mais por vir, com Corsan e Sulgás na mira. A inflação também ajudou. Aumentou a arrecadação sem a necessidade de mudanças de alíquotas, ao mesmo tempo em que as despesas com vantagens do funcionalismo ficaram congeladas graças à legislação federal.

Os sindicatos e a distância da vida real

Nesta sexta-feira, durante o Esfera Pública, o presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud, lembrava que categorias do funcionalismo do Estado estão há sete anos sem reajuste. Disse que em breve teremos aqui a repetição de cenas como as que vimos em outros Estados, com gente disputando ossos e restos de carne. Menos, menos. A intervenção de um ouvinte, ao final da entrevista, foi suficiente para colocar a realidade no centro da pauta. A pergunta: quantos servidores pediram exoneração diante do quadro dramático desenhado pelo entrevistado? Não veio um número, mas aquilo que todos sabemos. “Hoje nós temos no mercado de trabalho um universo de quase 15 milhões de desempregados. Como é que alguém vai disputar mercado de trabalho neste momento?”, respondeu Arnoud. Não precisa dizer mais nada. Sim, é duro, mas com 13,7 milhões de desempregados (o sindicalista exagerou no número) não há como discutir qualquer aumento de despesa do funcionalismo no atual momento.

Lembrar é preciso...

Sim, há um buraco enorme entre categorias que estão no topo do funcionalismo público e aquelas que recebem menos. Tivemos a chance de fazer alguma justiça quando o então governador José Ivo Sartori propôs mudanças na distribuição de recursos entre os poderes, o chamado duodécimo. A proposta não avançou na Assembleia Legislativa. Faltaram poucos votos. E os votos que faltaram foram justamente os de partidos de esquerda. Justo eles, que se colocam como defensores do funcionalismo, preferiram a manutenção do status quo.

Missão Europa

Prefeitura de Porto Alegre e Governo do Rio Grande do Sul estarão juntos em uma missão na Europa na próxima semana. A agenda inclui compromissos em Madri e Barcelona, na Espanha, além da França (neste último caso, apenas do governo do Estado). Sempre defendi que gestores públicos deveriam investir tempo em missões assim, desde que com agenda produtiva e com chances reais de trazer para cá experiências exitosas já implantadas no exterior. Este parece ser o caso agora. Este colunista acompanhará os grupos liderados por Sebastião Melo e Eduardo Leite na Espanha e na França, como enviado especial da Rádio Guaíba.

Compromissos

Além da busca de investimentos, é dado como certo o anúncio de que Porto Alegre sediará o South Summit 2022, evento que acontece em Madri, voltado para a inovação, investidores e startups. A agenda prevê ainda encontro com o Rei de Espanha, Felipe VI, e com a Câmara de Comércio de Madri. Em Barcelona, as atenções estarão voltadas para o conceito das cidades inteligentes, que tem no catalão Josep Piqué o seu principal expoente. Na França, Eduardo Leite e secretários conhecerão a Hyperloop, empresa que desenvolve um sistema de transporte “sonhado” pelo bilionário (e visionário) Elon Musk, fundador da Tesla. As composições flutuam sobre trilhos, graças a campos magnéticos, e se movimentam em tubos em um sistema a vácuo. A conferir.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895