O verdadeiro genocida?

O verdadeiro genocida?

A ideia de que tudo começou porque um chinês não cozinhou direito um morcego ou um pangolim ganhou o mundo.

Guilherme Baumhardt

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Estamos presenciando mais uma vez um (nada) surpreendente silêncio de parcela da imprensa brasileira – talvez aquela que torce pelo vírus, e não pelo fim da pandemia – a respeito de uma “explosão nuclear” ocorrida nos Estados Unidos. O todo poderoso Anthony Fauci, imunologista que norteou boa parte das ações globais contra o coronavírus, está no olho do furacão.

E-mails trocados por Fauci revelam agora que algumas certezas – construídas a toque de caixa – não eram assim tão sólidas. A mais importante (e mais grave) remonta para a origem do coronavírus. Estranhamente, uma parcela significativa da comunidade científica comprou cedo (e rápido) demais a tese de que se tratava de uma mutação natural. A ideia de que tudo começou porque um chinês não cozinhou direito um morcego ou um pangolim ganhou o mundo. E o mundo entrou em uma tragédia sem precedentes na história recente. De lá para cá, cobrar transparência da China virou “agressão”. Parece ter virado obrigação fechar os olhos para os resultados produzidos por um regime absolutamente fechado. Entende-se que essa seja a postura de quem está dentro da China. Mas no caso do Ocidente e de nações livres e democráticas, isso é inaceitável.

Nas investigações em busca da origem do vírus, pesquisadores foram atrás de morcegos em matas e cavernas nas imediações de Wuhan, na busca por outros animais infectados. Não encontraram. Isso, no entanto, parece não ter sido suficiente para derrubar a cortina de ferro que blindava o assunto. Nos e-mails de Fauci há um alerta feito pelo imunologista Kristian Andersen, pesquisador de um instituto da Califórnia. Na mensagem, ele adverte que há indícios de que o coronavírus parece ter sido manipulado em laboratório. Ele escreve que a sequência natural do vírus é mínima e alerta que o material pode ter sido alvo de engenharia genética.

Se a suspeita se confirmar, sobram poucos caminhos. Um deles, o mais perfumado, é o de que a fabricação de uma nova variante de coronavírus em laboratório tinha como propósito o desenvolvimento de uma vacina mais abrangente e eficaz. O outro, fedorento, remonta a uma arma biológica, o que nos levaria a outras duas perguntas: o vírus escapou por acidente? Ou o vazamento foi proposital? Nas mensagens, Fauci ainda coloca em xeque a eficácia do uso de máscara (logo ele, que foi um dos defensores da “máscara dupla”).

As mensagens que arrebentam com Fauci e que vieram a público representam um farto material. Aos que se interessarem, recomendo buscar o que foi divulgado pela Fox News, especialmente sob a batuta de Tucker Carlson – em alguns casos já há vídeos com legendas em português. Duas perguntas finais. A primeira: quando acertaremos as contas com a China? A segunda: vamos agora chamar Fauci de genocida?

Previdência

A Prefeitura de Porto Alegre parece ter encontrado o “desengripante” que vai destravar a votação da Reforma da Previdência. A proposta prevê aquilo que já ocorre em âmbito federal e em inúmeros Estados e municípios: a elevação da idade mínima (62 anos, no caso das mulheres, e 65, no caso dos homens). Houve resistência. O cenário é complicado pois existe a exigência de quórum qualificado (24 votos). Se não há maioria para mudar isso, para alterar o índice de contribuição o número de votos é menor: são necessários 19 favoráveis. A ideia fez arrepiar aposentados e pensionistas, que veriam a mordida saltar dos atuais 14% para 22%. Em outras palavras, a reforma – absolutamente necessária – deve ser aprovada. Ganha a cidade.

Camilo Cola I

Na quinta-feira escrevi sobre Camilo Cola – pracinha brasileiro, empresário e ex-deputado federal –, que nos deixou no sábado passado. Minha crítica foi direcionada à falta de homenagens a um brasileiro de proa, com uma história de peso no nosso país. Mas não fui claro. Meu ponto de observação se referia principalmente à chamada grande mídia e ao espectro político.

Camilo Cola II

O leitor e coronel da reserva Luiz Ernani Caminha Giorgis chamou a minha atenção com propriedade. Especialmente dentro das Forças Armadas, foram feitas homenagens em memória a Camilo, além de manifestações em redes sociais. O presidente da República, Jair Bolsonaro, também não deixou que o fato passasse em branco, e fez menção à passagem do pracinha. Quando uma mensagem não fica suficientemente clara – o meu texto, no caso – a falha é do próprio colunista. Peço desculpas e faço agora o reparo. Giorgis alertou também que outras reverências devem ocorrer nas próximas semanas.


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