Queremos a guerra!

Queremos a guerra!

A onda do momento é defender a atual reforma tributária

Guilherme Baumhardt

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O jornalismo preguiçoso e que ainda tem como livro de cabeceira “As Veias Abertas da América Latina” é o mesmo que tropeça no falatório de governantes de plantão. É gente que ainda vive como se estivesse no diretório acadêmico, produzindo plenárias para debater se o encontro nacional de estudantes deverá homenagear Marighella ou Frei Betto. Profissionais assim são aqueles que, no lugar de soltar foguetes e comemorar quando há redução de impostos, ainda produzem manchetes em tom de pesar falando sobre o “rombo” nas contas públicas e a queda de arrecadação do Estado.

A onda do momento é defender a atual reforma tributária proposta em Brasília, porque ela “acabará com a guerra fiscal”. É realmente difícil para quem acredita em um estado provedor e paternalista entender que a disputa entre Estados e municípios é benéfica para a população. Margaret Thatcher, a dama-de-ferro, já nos ensinou que “não existe esse negócio de dinheiro público, mas sim o dinheiro do pagador de impostos”. Mas como Thatcher era, na visão desta turma, uma política de extrema-direita, nazista, fascista, taxidermista, ciclista e oftalmologista (contém ironia), aí fica difícil.

O mantra de que a guerra tributária é ruim se consolidou no Brasil no final da década de 1990, especialmente com a chegada de novas montadoras de automóveis ao país. Os gaúchos lembram bem da ladainha produzida pela esquerda à época. Hoje, com mais de duas décadas de geração de riqueza, emprego e renda, ninguém tem coragem de chegar a Gravataí, cidade que abriga a General Motors, para repetir aquele besteirol sem fim. Alguns dirão: “Mas fábricas de sapatos saíram do Rio Grande do Sul rumo a outros estados”. Sim, é verdade. E perdemos porque não entramos na disputa ou fomos incompetentes na batalha.

Aos que ainda não viram o óbvio: a nossa vida é concorrencial, o tempo todo. Concorremos em busca dos melhores empregos, chegamos antes na bilheteria do cinema ou do teatro para comprar os melhores ingressos, usamos as mais variadas armas para conquistar o amor das nossas vidas. Só não gostam e não aceitam a competição os preguiçosos e a esquerda – o que é quase a mesma coisa.

Os norte-americanos nos mostram isso de maneira muito clara. Por lá, movimentos migratórios são permanentes e impulsionados por dois fatores: a busca por segurança (no seu aspecto mais amplo) e pelas melhores oportunidades. É o que ocorre, neste momento, com moradores (e empresas) que deixam a Califórnia e partem rumo ao Texas e Flórida. Olhando para o Brasil, é mais ou menos o que ocorre hoje com Santa Catarina, que tem cargas tributárias menores e burocracia reduzida. O resultado? Nossos vizinhos são líderes quando o assunto é inovação, atração de investimentos e geração de empregos.

Mesmo para aqueles que defendem um Estado gordo, protagonista e paternalista, a máxima é a mesma: concorrência. Os países nórdicos são famosos pela elevada carga tributária, mas oferecem serviços públicos com qualidade reconhecida internacionalmente. Agora, se Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia reduzirem os patamares atuais, gerando problemas, reduzindo oferta e falta de assistência à população, tenham a certeza de que o modelo será questionado. Com base em quê? No desempenho de outros países, algo que só existe porque há... concorrência!

Se nossa vida é uma eterna disputa, por que diabos devemos facilitar as coisas para os burocratas de plantão, amarrando alíquotas em nível nacional e centralizando ainda mais poder em Brasília? Sem chance. Queremos a guerra!


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