O PDT é uma piada (ruim)

O PDT é uma piada (ruim)

Páginas do passado.

Guilherme Baumhardt

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Não espere nada do PDT. O refugo do trabalhismo – que por si só já é um rebotalho político – é um caso perfeito da máxima cunhada por Aparício Torelly, o Barão de Itararé: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”. É isso. Com doses cavalares de boa vontade (mas muita boa vontade mesmo), podemos lembrar da educação como bandeira principal do partido. E paramos por aí.

O “protagonismo” no episódio que resultou na inelegibilidade de Jair Bolsonaro dá a dimensão exata do papelão exercido hoje pelos trabalhistas. A votação encerrada na semana passada, no Tribunal Superior Eleitoral, teve como ponto de partida uma ação do PDT, após evento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu embaixadores para tratar das eleições e, na opinião dele, expor a fragilidade do sistema de urnas eletrônicas.

Aos mais jovens, um pouco de história. Em 1982, Leonel Brizola, do PDT, concorria ao governo do Rio de Janeiro. O adversário era Moreira Franco, na época no PDS. A apuração dos votos utilizava um sistema informatizado, produzido pela empresa Proconsult. Qual era o problema? Votos nulos ou em branco eram contabilizados para o candidato do partido que sucedeu a Arena. O furo foi descoberto após divergências entre os dados oficiais e a apuração paralela feita pelo PDT.

Pois bem, este mesmo partido que um dia teve a coragem de questionar uma eleição ameaçada de fraude eletrônica, agora se curvou a um sistema que não permite uma contagem paralela, como a que existe, por exemplo, no Paraguai (quem diria que o Paraguai nos daria lições!?) e em outros países com urnas melhores e mais avançadas que as nossas. Na configuração atual, os equipamentos brasileiros são utilizados apenas no Butão e em Bangladesh, segundo o jornal Folha de São Paulo – duas nações que nem de longe servem como referenciais democráticos.

Se a memória política do brasileiro não é das melhores, ao menos a Internet está aí para nos socorrer. E como relembrar é viver, nada melhor do que recuperar alguns tweets do hoje ministro da Justiça, Flávio Dino. Em 2009, o comunista defendia o voto impresso como forma de auditoria das urnas eletrônicas. Três anos depois, em 2012, o mesmo Flávio Dino dava destaque às pesquisas feitas pelo professor Diego Aranha, que afirmava que o sistema não era infalível. Um ano depois, em 2013, o comunista Dino foi além e escreveu: “Hoje em Recife vi a comprovação científica que as urnas eletrônicas são extremamente inseguras e suscetíveis a fraudes”.

A mesma Internet nos lembra que Dilma Rousseff também reuniu embaixadores, quando estava na corda bamba, com o mandato ameaçado, dois meses antes do impeachment. O evento foi intitulado “Encontro com Juristas pela Legalidade da Democracia”. Não vimos ações do TSE ou TSE contra Dino. Não assistimos a processos contra Dilma. E nem deveríamos. Mas tais episódios fazem parte de um Brasil que não existe mais, uma nação carregada de problemas, mas que ainda tinha alguma liberdade. Páginas do passado.

Sobre o PDT, o destino parece estar decretado: do atual ostracismo rumo à extinção, por causas naturais. Nada surpreendente para uma sigla em que até pouco tempo o presidente era Carlos Lupi, sujeito ruim de voto, que se notabilizou por gritar a plenos pulmões “Dilma, eu te amo”. Ou, ainda, por ter figuras como Pompeo de Mattos, um valente na hora de encampar a ideia de aumentar o número de vereadores Brasil afora, mas um tímido, que subiu no muro na votação do impeachment da petista Rousseff.

Aquele que um dia aspirou protagonismo (com Leonel Brizola, Alceu Collares, Jefferson Peres e outros), hoje não passa de um coadjuvante de quinta categoria. E parece estar feliz com isso.


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