Justiça injusta I

Justiça injusta I

Os elementos acima listados não são inimigos por acaso.

Guilherme Baumhardt

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Jair Bolsonaro inelegível é apenas mais um capítulo de um país que virou uma ópera-bufa sem graça, um teatro de absurdos, em que muitos fecham os olhos para o óbvio, outros fingem que ainda há justiça, em um lugar onde ladrões são soltos e quem deveria estar vestindo uniforme laranja reclama dos banquetes da vida. O Brasil é hoje um circo de horrores.

Justiça injusta II

Em 2018, o cassado foi o deputado federal pelo Paraná Fernando Francischini. Ele fez mais de 400 mil votos, mas o STF decidiu que o delegado licenciado da Polícia Federal não poderia cumprir o mandato por ter questionado as urnas eletrônicas. Detalhe: quando se pronunciou sobre a lisura do pleito, faltavam apenas 22 minutos para o encerramento da votação. Neste ano foi a vez de Deltan Dallagnol, procurador da República, uma das referências da Operação Lava Jato. A ação que resultou na sua cassação é uma das construções jurídicas mais tortas e absurdas que se tem notícia. Nesta semana, foi a vez de Jair Bolsonaro ficar inelegível por oito anos. Ah, e na Venezuela Maria Corina Machado, uma das principais vozes da oposição ao ditador Nicolás Maduro, foi banida do serviço público por 15 anos, decisão que barra qualquer tentativa de candidatura dela nas próximas eleições – geralmente fajutas e com cartas marcadas. Mas são apenas coincidências. Afinal, as instituições estão funcionando – eles dizem.
O petismo e a esquerda...

Durante evento do Foro de São Paulo (ele existe, sim, colegas da imprensa!), o palanque ambulante desnudou o pensamento do petismo e da esquerda, em geral, de uma maneira raras vezes vista. Disse Lula: “Aqui no Brasil, nós enfrentamos o discurso do costume, o discurso da família, o discurso do patriotismo. Ou seja, aqui nós enfrentamos o discurso de tudo aquilo que a gente aprendeu historicamente a combater”. Em outras palavras: Lula e a esquerda são contra a família, a pátria e os costumes. E poderíamos elencar outros inimigos, como a propriedade privada, o mérito...

...em sua máxima essência

Os elementos acima listados não são inimigos por acaso. São pedras no caminho da implantação do regime ditatorial e tirânico pretendido por esta turma ou parte dela. Quando falam em família e costumes, há um ataque à liberdade religiosa. Quando falam em pátria, o alvo são as bases que serviram para a construção de um país em que, mesmo com inúmeras falhas, há (ou houve) liberdade de expressão e valores que nos unem como país. Quando alimentam o ódio dos chamados grupos minoritários, não há uma defesa da liberdade individual, mas sim o combustível para que a sociedade seja dividida (o famoso “nós contra eles” tantas vezes visto). E, mesmo com tudo isso, teve gente que votou neste sujeito “porque Bolsonaro era grosso e falava palavrão”.

Educação em boas mãos

Poucos nomes seriam tão certeiros quanto o de José Paulo da Rosa para comandar a secretaria da Educação de Porto Alegre. À frente do Sesc e Senac, Rosa imprimiu marcas expressivas, como ampliação, inovação e qualidade nos cursos e no ensino oferecidos pelo sistema. As unidades de educação infantil do SESC, por exemplo, são modelares. O desafio é grande, especialmente na busca por melhores índices nas avaliações educacionais. Parabéns ao prefeito Sebastião Melo pela escolha e sucesso ao novo secretário.

Que “inveja”!

Os juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos decidiram (por seis votos a três) que utilizar raça ou etnia como critério de seleção são inconstitucionais. Um dos juízes que formou maioria contra as cotas é, inclusive, negro. A decisão é sábia. Tais políticas acabam reforçando justamente aquilo que pretendem combater: o racismo. Aos que pensam diferente, deixo a pergunta: o que dizer de universidades que instituíram “tribunais raciais”? É o caso da Ufrgs, que tem uma comissão (claro que com outro nome, mais bonito e simpático) com gente disposta a analisar fenótipos.

Reconhecimento

Quem acompanha este espaço sabe: o colunista é um defensor ferrenho de privatizações e a redução do tamanho da máquina estatal. Mas há exceções. No agronegócio, Embrapa e Emater desempenharam papel importante na inovação e, principalmente, na missão de levar conhecimento até a ponta, junto ao produtor rural. Neste sentido, o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, cumpriu papel importante. Se não foi o criador da Embrapa (obra do gaúcho Luiz Fernando Cirne Lima), Paolinelli foi o grande responsável por qualificar, no exterior, os pesquisadores da empresa brasileira. Nascido em Minas Gerais, Paolinelli faleceu nesta semana, aos 86 anos.


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