Medeiros avalia demissões de Odair e Melo e projeta Inter mais competitivo em 2020

Medeiros avalia demissões de Odair e Melo e projeta Inter mais competitivo em 2020

Presidente do Inter faz análise da temporada e projeta o ano que vem numa conversa com o CP Futebol Clube

Correio do Povo

Marcelo Medeiros fala também sobre as mudanças de rumo no futebol do clube colorado

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Na quinta-feira passada, entre reuniões para definir o novo comando do departamento de futebol colorado, o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, recebeu a reportagem do Correio do Povo no Beira-Rio para a gravação de um episódio especial do podcast CP Futebol Clube. Ao longo da entrevista, o dirigente avaliou o desempenho colorado ao longo de 2019, reiterou que a decisão de trocar Odair Hellmann foi correta no momento, falou sobre a onda dos técnicos estrangeiros no Brasil e mostrou confiança na retomada de um bom futebol em 2020. Abaixo, alguns trechos da conversa. A entrevista completa está disponível no CP Futebol Clube.

Avaliação da temporada 2019

Se tivéssemos o desempenho de 2019 em 2018 e o de 2018 em 2019, vocês estariam me fazendo essa pergunta? Talvez não. Porque o nosso crescimento em 2018, em relação a 2017, foi muito grande. E o mesmo crescimento aconteceu esse ano. O Inter teve uma queda de produção depois da não conquista da Copa do Brasil, mas no primeiro semestre chegamos à final do Gauchão e perdemos nos pênaltis para um clube que joga junto há três anos. Fomos a terceira melhor campanha na fase de grupos da Libertadores. Na Copa do Brasil fomos até a final e na primeira parte do Campeonato Brasileiro estávamos ali entre quarto e quinto colocado. Depois o rendimento caiu, a gente reconhece que caiu. E pela quarta vez na história, o Inter joga duas Libertadores seguidas.

Expectativas frustradas

Quem levantou a régua fomos nós. A frustração do torcedor, em razão da perda da Copa do Brasil, é do tamanho da expectativa que foi criada. E essa expectativa foi criada por causa do trabalho que realizamos.

Acho que poderia ter sido melhor. Se tivéssemos ganho a Copa do Brasil, teria sido um ano emblemático.

Quais foram os maiores desafios

Não me arrependo de nenhum dia que passei nesta cadeira, mesmo com toda a dificuldade que encontramos, com todos os obstáculos. Passou, tem muita coisa que a gente procura aprimorar, evoluir. A gente quer muito recompensar o torcedor com um título importante.

O futebol do Inter tinha uma expectativa de receita para este ano de R$ 75 milhões. Passamos de R$ 120 milhões.

O mais difícil foi resgatar a confiança e a autoestima do torcedor. Nunca fui muito adepto da expressão 'reconstrução'. O Inter tinha que voltar para o seu lugar. E voltou.

Saída de Roberto Melo

Foi uma decisão nossa. Ser vice de futebol significa que no dia que você aceita já estão pedindo a sua saída. O Roberto estava pressionado, a gente via isso nos novimentos de redes sociais, de faixas... Pô, três anos na frente do Inter. E com a queda de rendimento, ele sentiu e achou que era melhor deixar o cargo à disposição. Mas ele ainda tem muita contribuição para dar ao Inter.

Faria algo diferente na demissão de Odair?

É preciso ter coerência naquilo que se critica. 'Odair serve', 'Odair não serve'. 'Ah, o Odair não serve'. Aí tu troca. 'Ah não, mas a troca foi pior'. Não, a troca pode não ter dado certo, mas que havia uma pressão pela saída do Odair, que ele tinha batido no teto, que não estava conseguindo motivas os jogadores. Fizemos um diagnóstico no qual entendíamos que era preciso fazer uma mudança para mobilizar o grupo para chegar às metas que o clube tinha traçado.

Mudança de rumo

É uma evolução. Tínhamos um cenário de Série B, um grupo que tínhamos que mudar. Nos preparamos para enfrentar aquela competição e chegamos ao nosso objetivo que era voltar. O treinador que colocamos estava fazendo um bom trabalho, ele nos colocou na 3ª colocação do Campeonato Brasileiro e demos continuidade ao trabalho dele. No momento em que esse trabalho começou a ter um esgotamento, começamos a trabalhar no sentido de evoluir.

Vamos procurar ter uma equipe mais competitiva para 2020.

Capacidade para investir

O Inter vai continuar fazendo o que vem fazendo, sem cometer loucuras. Não fizemos nenhuma loucura, aproveitamos várias oportunidades. Têm jogadores que antes não eram nem conhecidos e hoje são os melhores da posição, como por exemplo o Victor Cuesta.

Como competir com Flamengo e Corinthians?

Não acredito nesse negócio de 'espanholização'. O país é muito grande, é continental. Ninguém vai ganhar ou perder para sempre. O Cruzeiro teve uma época muito vitoriosa, o São Paulo teve, o Inter ali entre 2006 e 2010.

O Corinthians vai apresentar uma dívida de mais de R$ 150 milhões. E não tem nada do estádio. A dívida do estádio passa de R$ 1 bilhão. Essa conta, o dia que for cobrada, vai ter que ter muita televisão.

O problema (da divisão entre clubes) do 40/30/30 é que um time de massa como o Flamengo, numa fase boa, ele estoura todos os índices de audiência. Tanto que os 10 recordes de público do Brasileirão são do Flamengo. O Flamengo nunca viveu o que está vivendo. Conheço flamenguistas de 40 anos que não sabem o que está acontecendo, porque realmente o Flamengo fez um timaço, uma seleção. Não vamos sair louqueando.

Acho que o Inter pode dar um salto de receitas com o seu patrimônio imobiliário, com o desenvolvimento de projetos imobiliários que tenha uma receita ordinária decorrente desta receita fixa. Tudo isso ainda não está pronto (a ponto de fazer cálculos sobre valores). O que o Inter tem? Tem uma área de 2,5 hectares aqui no Complexo Beira-Rio, com o Parque Gigante. E tem 92 hectares em Guaíba. Isso é propriedade do Inter.

Técnicos estrangeiros

O intercâmbio sempre é válido. Os técnicos brasileiros têm muito mercado no Oriente Médio, na Ásia. Os argentinos, até pela língua, têm mais facilidade na Espanha. Não vejo esse assunto com maus olhos. Acho que é importante trocar informação. Nas duas experiências recentes, com o Jorge Jesus e o Sampaoli, dois times extremamente competitivos. Mas o Inter mesmo já teve o Diego Aguirre, o Jorge Fossati. Os treinadores brasileiros também têm muita competência

Por que o racismo cresce no futebol?

A sociedade está doente. E a rede social potencializa uma celebridade agressiva, alguém que quer se destacar e virar notícia fazendo um gesto inadmissível. No Dia da Consciência Negra, fizemos um evento aqui e estava conversando com o Tinga e ele estava me contando sobre como as pessoas olhavam para ele quando estava no começo da carreira. Coisas que a pessoa branca não tem essa percepção. E aquilo me tocou. O que eu vou dizer? É inacreditável que em 2019, quase 2020, as pessoas tenham preconceito com o diferente. O problema da democracia não é você conviver com a maioria, é viver com quem pensa diferente. Porque se eu sou uma pessoa que aceita o diferente, a opinião contrária, eu posso conviver de uma maneira civilizada. Agora, 'ah, se o meu voto não ganhar, não me serve'. Então você não é um democrata, é um ditador. Acho que o Barack Obama que tem uma frase que diz: 'Opinião, você tem a sua e eu tenho a minha, mas tu não pode ter os teus fatos'. Então, se uma pessoa ainda hoje tem preconceito por cor, sexo, ideologia política, religião, é complicado. E acho que as redes sociais potencializam isso.

Proteção à torcida LGBT do Inter

O Inter tem um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o MP que só tem cinco torcidas oficiais. Se as pessoas quiserem vir ao estádio vestido de arco-íris e sentar para torcer, não tem problema nenhum. Mas o clube não pode reconhecer como torcida organizada".

(Sobre as acusações de agressão por parte de próprios torcedores colorados) "Que eu saiba não chegou nada na ouvidoria. Tu está me dando uma informação nova, que essa torcida está sendo hostilizada. Aí é o seguinte, o cara não tem que reclamar em rede social, tem que fazer um registro aqui na ouvidoria para o clube estabelecer um processo interno.

Violência das organizadas

Aquela violência (após o jogo contra o Atlético-MG) foi desmedida. O Inter ganhou o jogo. A impressão que fica é que eles vieram aqui para criar confusão, esperando a derrota, porque a vaga já estava conquistada. Eles estão sendo investigados, as imagens já estão com a polícia e o MP. As organizads estão punidas. E estamos no processo de identificação de cada um dos autores. Mas a tolerência está acabando para este tipo de comportamento.

Guerrero fica?

A ideia é que sim.

D'Alessandro renova?

Vamos aguardar a chegada do empresário dele.

Taison vem?

Seria um sonho.

E Aránguiz?

É um baita jogador

O Inter vai conquistar títulos em 2020?

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