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Propostas do Rio Grande do Sul na COP 27

Com metas ao Plano ABC+ chanceladas pelo governo federal, setor primário apresenta Política de Baixo Carbono do Estado à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorre de 6 a 18 de novembro, no Egito

Foto por: Universo Pecuária / Divulgação / CP

O setor primário gaúcho chegará à 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), que ocorre de 6 a 18 de novembro, no balneário de Sharm El Sheikh, no Egito, com compromissos firmados para a busca da sustentabilidade. O setor estará representado pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Domingos Velho Lopes, que levará na bagagem as metas do Rio Grande do Sul ao Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+) para o período de 2020 a 2030 definidas e aprovadas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

As metas a serem cumpridas pelos sistemas produtivos do Rio Grande do Sul são a parte que lhe cabe na missão do setor de reduzir a emissão de 1,1 bilhão de toneladas de Dióxido de Carbono (CO2) equivalente até 2030. O objetivo provém do compromisso brasileiro apresentado na COP 26, há praticamente um ano, na Suíça. Na ocasião, por meio do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) em 50% até 2030 e de zerá-las até o ano de 2050.

Conforme Portaria 471/2022 do Mapa, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 10 de agosto e com vigência a partir de 1˚ de setembro, o Plano ABC+ conta com oito metas básicas a serem cumpridas nos próximos oito anos: recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas; ampliar a adoção de plantio direto em 12,58 milhões de hectares; implantar sistemas integrados de produção em 10,10 milhões de hectares; aumentar em 4 milhões de hectares a área brasileira plantada com florestas; implementar o uso de bioinsumos em mais 13 milhões de hectares; expandir a adoção dos sistemas irrigados em 3 milhões de hectares; adotar o manejo de resíduos provenientes da produção animal em 208,40 milhões de metros cúbicos e ampliar do número de bovinos terminados de forma intensiva em 5 milhões de cabeças. 

O Rio Grande do Sul

A participação do Rio Grande do Sul no trabalho deve ser oficializado pelo Diário Oficial do Estado em breve. Somente então serão divulgadas as tecnologias e os números a serem perseguidos pelo produtor gaúcho. Por enquanto, o coordenador do Comitê Gestor do Plano ABC+ no RS, Jackson Brilhante, adianta que o Estado fortalecerá e intensificará a atuação em áreas consolidadas e que apresentam grande potencial de crescimento. Uma delas está na silvicultura, por meio da qual o Estado responderá pela ampliação de 8% dos 4 milhões de hectares previstos para ser ampliados no Brasil até 2030. “Em média, um hectare com florestas plantadas contribui com a redução de 128 toneladas de CO2, valor bem superior ao obtido por outras tecnologias, como os sistemas integrados ou plantio direto”, explica Brilhante.

Segundo o secretário da Agricultura, Domingos Velho Lopes, com as metas do RS para o Plano ABC+caracterizadas, os trabalhos voltam-se, agora, para seu cumprimento. “Buscamos na Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e no Mapa as métricas para definirmos nossas metas, que foram aprovadas. Agora, precisamos fazer com que o incremento previsto na adoção de tecnologias como plantio direto, sistemas integrados de produção, bioinsumos, por exemplo, efetivamente aconteça”, explica. 

As ações planejadas vão desde a capacitação de produtores e a divulgação do plano para o campo como ações em conjunto previstas com os órgãos e entidades participantes do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+, como a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), a Emater/RS-Ascar, o Serviço de Aprendizagem Rural no Rio Grande do Sul (Senar-RS) e universidades, dentre outros. “Vamos estabelecer algumas unidades de referência tecnológica para que o produtor possa visualizar como as tecnologias estão sendo implantadas para que se convença sobre as vantagens dos sistemas de produção propostos e o quanto são vantajosos”, detalha Brilhante.

Trabalho minucioso

O trabalho realizado pela SEAPDR e pela Sema na Política de Baixo Carbono do RS será uma das pautas apresentadas por Domingos Velho Lopes, pessoalmente, na COP 27. “O Rio Grande do Sul é o maior case de agricultura sustentável diversificada, baseado na própria Convenção das Partes, com adoção de uma agricultura de baixo carbono”, orgulha-se ele, que também deve buscar reconhecimento internacional à proposta de mensurar a emissão, a captura e o balanço dos GEEs emitidos pelas atividades agrossilvipastoris de acordo com o perfil ambiental, climático e produtivo sobre os quais se desenvolvem.

A proposta, já levada por Velho e pela secretária do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, à Semana do Clima de Nova York, nos Estados Unidos, este ano, visa à criação de metodologias capazes de basear um inventário regional do fluxo de carbono de cada cadeia produtiva do Rio Grande do Sul, como agricultura, pecuária, silvicultura, matas nativas e banhados. “Propomos o uso de medidores diferentes de acordo com o processo de emissão de cada atividade”, explica.

De acordo com o secretário, atualmente, a emissão, a captura e o balanço de Carbono e Metano são extrapolações do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul. Temos certeza que emitimos de 30% a 40% menos GEEs do que dizem que emitimos. A pecuária mais sequestra Carbono do que emite Metano”, assegura. Validar a proposta também visa diferenciar a carne gaúcha da produzida em diferentes biomas brasileiros perante o mercado internacional. “O comprador quer saber a origem do desmatamento, temos que mostrar que não estamos dentro do bioma Amazônico, que apenas 2% da produção agropecuária brasileira provém de lá”.

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