Comunitárias lutam por verbas

Comunitárias lutam por verbas

No retorno às aulas presenciais, as Ices gaúchas buscam formas para viabilizar o acesso de estudantes

Por
Vera Nunes

Além de regras e novos comportamentos para as Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Ices), a pandemia de Covid-19 trouxe outros desafios, como as crises econômica e política atuais. Para este enfrentamento, o presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Evaldo Antonio Kuiava, aposta na ação forte entre as 14 instituições que integram o grupo. Ele revela que o consórcio gaúcho está formatando um programa semelhante ao desenvolvido pela Associação Catarinense das Fundações Educacionais (Acafe), que reúne 16 instituições do estado vizinho e que, por meio de investimentos em bolsas de estudo, pesquisa e extensão para estudantes do Ensino Superior, obteve investimentos de mais de R$ 460 milhões, em 2020.

O reitor explica que a Constituição Estadual do RS estabelece que o Estado deve destinar, como despesa obrigatória, 0,5% de sua receita para a educação comunitária, mas, hoje, o percentual aplicado é de 0,21%. O valor não aplicado em 2020 totaliza R$ 69 milhões e, segundo Kuiava, poderia viabilizar o acesso de aproximadamente 8 mil estudantes nas Ices. “E o mais grave: temos mais de 6 mil vagas nas áreas de Tecnologia da Informação (TI) e não temos profissionais formados para ocupar essas vagas”, quantifica. O pedido, argumenta, busca amparar a difícil situação financeira em que se encontram alunos gaúchos que, impossibilitados de fazerem uma graduação, comprometem a saúde econômica das universidades associadas ao Comung, afetadas pela crise econômica causada pela pandemia. A saída do atual momento, para o presidente do consórcio, é a elaboração de um projeto diferenciado, para o qual as instituições comunitárias têm capacidade de entrega, através de seus parques científicos e tecnológicos, com desenvolvimento de startups e formação de recursos humanos qualificados.

Retomada com cuidados

Enquanto lutam por mais recursos, as Ices procuram voltar à normalidade, com todos os cuidados para garantir a segurança de alunos, professores e funcionários. A Universidade de Passo Fundo (UPF), por exemplo, desde o dia 13/9, um ano e seis meses depois de ter suspendido as aulas presenciais devido à pandemia, retomou as atividades no campus para os estudantes dos cursos da área da Saúde. Com grande parte da população vacinada, sem abraços e apertos de mãos, o distanciamento social, assim como a máscara e álcool gel viraram rotina. Junto a tudo isso vieram as transformações e adaptações também no ensino.

Retorno total

Já na Universidade de Vale do Taquari (Univates), com sede em Lajeado, todos os cursos de graduação presenciais e técnicos, que correspondem a aproximadamente 700 turmas, voltaram ao presencial. Durante todo o ano de 2020, as aulas ocorreram virtualmente, e assim começam em 2021. Após um ensaio do retorno presencial (opcional aos estudantes), as aulas seguiram híbridas. Em 1°/9, no entanto, as aulas permaneceram híbridas apenas para casos de alunos que formalizaram pedido para a Instituição, passando a regra a ser, novamente, presencial para todo o ensino de graduação; e técnico, na Instituição. Já os cursos de pós-graduação seguem outro cronograma.

Saúde desponta

Na Universidade Franciscana (UFN), em Santa Maria, os primeiros cursos que retornaram de forma presencial foram na área da Saúde. Inicialmente, o número de alunos da graduação que retornou presencialmente foi de 30%. Mas, segundo a Instituição, esse percentual vem aumentando. A partir deste mês de outubro, a UFN pretende chegar a 90% dos estudantes nas aulas presenciais. Na especialização, a adesão dos alunos nas aulas presenciais foi de mais de 80%, em setembro. Os alunos foram consultados e, na maioria (75%), responderam que estão dispostos a retornar à presencialidade.

Rodízio mantido

O Centro Universitário da Região da Campanha (Urcamp) manteve aulas virtuais desde a primeira semana em que o distanciamento social foi iniciado. Em 2021, começou o 2° semestre letivo no dia 26/7, ainda de forma remota. A partir de agosto, deu início a um planejamento para o retorno gradual às aulas presenciais. E todos os 31 cursos da modalidade presencial voltaram ao convívio presencial nas estruturas físicas da Urcamp nos municípios de Bagé, Santana do Livramento, São Gabriel e Alegrete. As turmas com maior número de alunos estão com rodízio de 50% dos estudantes, a cada semana, respeitando o distanciamento nas salas de aulas e nos laboratórios.

Muitas instituições comunitárias voltaram no início de agosto, como a Unilasalle, em Canoas. O 2° semestre foi retomado em 2/8, com aulas virtuais; e, em 23/8, começaram as aulas no formato simultâneo, com um grupo em aula; e outro assistindo, ao vivo, em casa. A adesão dos alunos às aulas simultâneas e práticas é de 26,61%. “Temos percebido que, a cada semana, há maior adesão dos alunos ao presencial, acredito que em razão do avanço da vacinação entre os estudantes. Além disso, eles percebem que a instituição está tendo os cuidados que o momento exige”, avalia a diretora de Graduação, Cristiele Ribeiro.

Também a Feevale, Unisc, Unijuí e URI retomaram o calendário letivo do 2° semestre em 2/8. Na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, o retorno presencial foi escalonado. As aulas das disciplinas práticas e os estágios começaram presencialmente neste dia; e as demais, no modelo on-line. Já no dia 16/8, as disciplinas teórico-práticas (com parte em laboratório) passaram para o formato híbrido, com um grupo da turma presencial; e o outro com aulas on-line e síncronas à sala de aula. Em 23/8, o modelo híbrido também passou a ser usado nas disciplinas teórico-cognitivas (sem carga horária prática no campus). Nessas aulas teórico-cognitivas, cerca de 30% dos estudantes optaram pela presencialidade, enquanto 70% permanecem de forma on-line.

Na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), aproximadamente 33% dos alunos retornaram às atividades presenciais nos cursos que possuem práticas em laboratório. A orientação é para o uso de máscara. Nas salas de aula e nos laboratórios são observados o distanciamento, o limite de pessoas e o arejamento, com janelas abertas e disponibilização de álcool gel. Já quem tiver dificuldade para assistir à aula presencial pode acompanhar de forma on-line.

Na Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS (Unijuí), todos os alunos dos cursos presenciais retornaram aos campi, salvo turmas que tinham uma quantidade de estudantes maior que as salas podiam comportar, considerando o distanciamento social. Estes ficaram em aulas remotas. A Universidade providencia a higienização completa dos ambientes utilizados pelos estudantes, após o término da aula. Além disso, é disponibilizado álcool gel e líquido nas salas e também nos corredores. Todas as salas foram organizadas mantendo o distanciamento mínimo exigido; e o uso de máscara, para trânsito em qualquer espaço da instituição, é obrigatório.

Na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), o cálculo do campus de Cerro Largo é de retorno de 70% dos alunos, no início do semestre. Porém, atualmente, esse índice não deve passar de 20%. Para o 2° bimestre de 2021/2, a direção lançou normativa, tornando obrigatória a presencialidade nas aulas e provas; e também flexibilizou regras do protocolo sanitário da instituição, tendo em vista o respeito às normas pelos frequentadores do campus, a ampla vacinação do público acadêmico e o abrandamento da pandemia. Já no Campus Santiago, o percentual de alunos de volta ao presencial é de 45%. E no Campus Santo Ângelo, as aulas presenciais iniciaram no dia 2/8 para os estudantes do 1° ao 5° semestre. De 9 a 14/8, retornaram os demais acadêmicos. No entanto, foi facultada a frequência de forma remota para 3% dos alunos, os quais tiveram que registrar justificativa no Portal do Aluno, com a posterior deliberação pela coordenação do curso.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895