Comunitárias em aula

Comunitárias em aula

Instituições Comunitárias de Educação Superior já oferecem 100% das atividades presenciais

Por
Vera Nunes

Com capacidade de adaptar-se mais rapidamente às demandas surgidas com a pandemia da Covid-19, se comparadas às instituições públicas, as Instituições Comunitárias de Educação Superior (Ices) já oferecem 100% de atividades presenciais. Segundo o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), durante a pandemia, as Ices fizeram adaptações rápidas nos sistemas e viabilizaram imediata capacitação de docentes para iniciar a modalidade de aulas remotas, sem paralisação ou interrupção do aprendizado dos estudantes. Mas, para cumprir as regras de distanciamento, nas 14 instituições que formam o consórcio, a maioria das aulas são síncronas, ou seja, o professor ministra presencialmente o conteúdo e o aluno assiste do lugar onde estiver. “Estamos em um momento de transição”, explica o presidente do Comung, Evaldo Antonio Kuiava, reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), calculando que, apesar da oferta de cursos presenciais, em torno de 30% dos alunos optaram por continuar sem se deslocar até o campus para as disciplinas teóricas. “É claro que as atividades práticas ou os cursos da área da Saúde já estão na modalidade presencial, porém estamos vendo um cenário de transformação e que não retorna ao patamar anterior”, afirma Evaldo Kuiava, prevendo que os alunos vão continuar optando por assistir às aulas de onde estiverem e, como consequência, haverá uma grande transformação dos currículos. “Os alunos virão ao campus para uma vivência diferenciada e os processos formativos terão que focar em novas práticas pedagógicas”, assinala o reitor.

Especificidades Respeitadas

Na PUCRS, em Porto Alegre, conforme a pró-reitora de Graduação e Educação Continuada, Adriana Kampff, as aulas presenciais estão à disposição de 100% dos alunos da graduação. Segundo ela, o semestre reiniciou no dia 2 de agosto, “com modelo consciente, seguro e flexível para a retomadas das aulas em todos os níveis de ensino”. O modelo de retorno foi definido conforme a realidade de cada Escola e dos mais de 50 cursos, levando em conta as especificidades de cada área e as necessidades previstas pelas diretrizes curriculares. Algumas Escolas têm teoria on-line e práticas presenciais; outras funcionam em ciclos, com uma semana presencial por mês (opcional para o aluno).

Os cursos de mestrado e doutorado também ampliaram a oferta de atividades presenciais. A maioria das disciplinas têm parte dos encontros de forma presencial, com aulas gravadas e disponibilizadas aos alunos que não puderem estar no campus. “Atividades de pesquisa estão sendo viabilizadas, atendendo a uma série de protocolos. Já nos cursos de pós-graduação/especialização, as aulas teóricas seguem no modelo remoto; e as atividades práticas ocorrem presencialmente”, afirma. O semestre termina em 20/12, de acordo com o calendário acadêmico, que não sofreu alterações. E em 2022, a previsão é de início das aulas em 2/3.

Aulas simultâneas

A Unisinos, com campus em São Leopoldo e Porto Alegre, retornou, em 9 de agosto, com aulas simultâneas, as suas atividades acadêmicas do semestre 2021/2. A Universidade oferece aos seus alunos a opção de assistir à atividade de forma presencial ou remota. O modelo permite ao aluno interagir com professor e colegas, mesmo remoto. Para isso, todas as salas de aula foram equipadas com microfones, sistema de som e câmeras, para as atividades simultâneas (presencial e remota), que são oferecidas nos cursos de graduação e pós-graduação.

A volta aos campi é opcional e atinge todos os cursos da Unisinos. No entanto, a estimativa é de que 25% dos estudantes optaram pelo simultâneo com encontros presenciais. Em áreas como a da Saúde, o índice chega a 54%. A Unisinos formou um comitê de enfrentamento da pandemia, do qual fazem parte profissionais da área da saúde e de várias outras especialidades. Dados: unisinos.br/coronavirus.

Infraestrutura

  • As Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Ices) foram reconhecidas pela Lei 12.881/2013, como públicas não estatais. 
  • As Ices se distinguem pela forte vocação comunitária; e desempenham papel proativo na realidade social, política, econômica, cultural e histórica nas regiões onde atuam, gerando transformações que contribuem para o desenvolvimento de suas regiões.
  • Conforme dados de 2018, as instituições do Comung oferecem, juntas, 1.527 cursos de graduação e pós-graduação e totalizam quase 181 mil estudantes, atendidos por 8.802 professores e por mais de 10.862 funcionários.
  • Somadas, as Ices possuem 75 doutorados e 132 mestrados. Já o corpo docente é integrado por 3.419 doutores e 4.213 mestres, ou seja, mais de 90% dos docentes têm titulação stricto sensu. 
  • A estrutura física das Instituições Comunitárias de Ensino Superior no RS permite uma importante e fundamental interação entre a produção do conhecimento e o desenvolvimento de diferentes segmentos da sociedade. 
  • As Ices do Consórcio desenvolvem muitos projetos direcionados ao desenvolvimento comunitário e aos grupos sociais mais carentes de suas cidades e regiões. 
  • Em 2018, foram registrados mais de 3.353.540 atendimentos prestados à comunidade, nas áreas de saúde, arte, cultura, educação, esporte e assistência jurídica. 
  • As universidades comunitárias executam, anualmente, mais de 1.200 projetos de extensão; e mais de 4 mil projetos de pesquisa. Para tanto, contam com 3.656 laboratórios, 13 incubadoras tecnológicas, 10 centros de inovação, nove parques científicos e tecnológicos e 761 empresas incubadas. 

Na próxima semana, leia mais sobre o retorno presencial e o enfrentamento da crise econômica pelas Ices.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895