Clubes reagem contra o PSG

Clubes reagem contra o PSG

Investimentos milionários da equipe francesa despertam críticas de outros times, que acusam o clube de Paris de estar criando uma situação ruim para todo o cenário

Messi chegou para formar ataque com Mbappé e Neymar

As operações que o Paris Saint-Germain fechou na última janela de transferências, com destaque para a compra do craque argentino Messi, provocaram fortes críticas na Europa, a começar pelo presidente da La Liga (entidade que organiza o Campeonato Espanhol), Javier Tebas, que publicou no Twitter, no final de agosto: “Prejuízos causados pela Covid de mais de 300 milhões de euros, queda de 40% nas receitas de TV na França e mais de 500 milhões de euros em salários? Insustentáveis”.

O PSG, que é administrado pelo fundo de investimentos Catar QSI (Qatar Sports Investment), além de contratar Messi, incorporou o espanhol Sergio Ramos, o italiano Donnarumma, o holandês Wijnaldum, o marroquino Achraf Hakimi e o português Nuno Mendes. Isso sem contar o fato de ter resistido a ofertas de 160 e 180 milhões de euros do Real Madrid pelo atacante francês Kylian Mbappé, que ainda tem um ano de contrato. Messi e Donnarumma, eleito o melhor goleiro da Eurocopa, que conquistou em julho com a Itália, chegam de graça, mas suas contratações inflam a folha salarial do clube parisiense.

No jornal esportivo espanhol AS, o colunista Alfredo Relaño se mostrou preocupado com a “batalha sem sentido” do ponto de vista econômico. “O Real Madrid está disposto a pagar 200 milhões por um jogador que poderá ser liberado dentro de um ano. O PSG se recusou a aceitar esse dinheiro, assumindo a possibilidade, que parece certa, de que dentro de um ano o jogador saia sem compensação para o clube. Obviamente, outra coisa estava em jogo: a primazia simbólica no futebol europeu”, escreveu o prestigiado jornalista. A La Liga atravessa um momento difícil, com vários clubes, incluindo o Barcelona, em risco devido às suas enormes dívidas. Para completar, a competição perdeu todas as suas grandes estrelas nos últimos anos, como Neymar, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

Na Inglaterra e na Alemanha também surgiram vozes contra o PSG. “É claro que existe a preocupação de que as condições de competição possam ser mais igualitárias”, disse recentemente ao jornal L'Equipe o ex-presidente do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge. “Para nos adaptarmos ao 'fair-play' financeiro com critérios ainda mais rigorosos, precisamos de um retorno à racionalidade”, disse.

O editor-chefe de esportes do jornal inglês Times, Martin Ziegler, questiona: “Como pode o PSG se adaptar às demandas do fair play? Não precisa disso. A realidade, e também se aplica ao Manchester City e ao Manchester United, é que as regras são antigas, atualmente mortas pela pandemia”, acrescenta. O United contratou o inglês Jadon Sancho (85 milhões de euros) e o francês Raphaël Varane (40 milhões de euros), assim como Cristiano Ronaldo (15 milhões de euros). Já o City contratou o inglês Jack Grealish por 117 milhões de euros.

Outras vozes defendem o clube francês, como o economista esportivo Nicolas Blanc: “Se o acionista aumentou o capital, não há dívida. Esta situação não é específica do PSG. Todos os clubes europeus se beneficiam da mesma regra de flexibilidade, do ponto de vista do fair play e do DNCG (direção nacional de controle e gestão). O PSG está perfeitamente em ordem”, acrescentou o presidente da assessoria esportiva Sport Value. Quanto à decisão de não aceitar os 180 milhões de euros por Mbappé, “para um clube em construção há 12 anos, uma das fases iniciais para a construção de um grande clube é resistir a este tipo de evento”, acrescentou Blanc. 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895