Menor, mas aquecida

Menor, mas aquecida

Exposição de máquinas agrícolas não terá presença dos grandes fabricantes

Por
Patrícia Feiten

“É a feira da superação.” As palavras do presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, resumem a expectativa da entidade em relação à 44ª Expointer, após um ano e meio marcado por uma crise sanitária que estremeceu mercados e afetou balanços em todos os setores econômicos. Com 85 expositores confirmados para a mostra, entre fabricantes e concessionárias, o empresário projeta que o segmento saia do evento com um saldo de R$ 1 bilhão em negócios.

“Temos certeza de que vai ser um sucesso”, afirma Bier. Para justificar o otimismo, o empresário destaca que os agricultores colheram uma safra boa e estão capitalizados para fazer negócios. “No Rio Grande do Sul, não há como expandir as lavouras, a saída é investir em tecnologia”, observa. “A possibilidade de ter mais produtividade no mesmo pedaço de chão anima os produtores a investir em máquinas modernas. E a engenharia das empresas não parou (na pandemia), elas continuaram produzindo novidades.”

Depois de funcionar apenas no formato digital no ano passado, a Expointer volta a receber público neste ano e traz também uma mudança no perfil dos expositores de equipamentos agrícolas. Grandes marcas mundiais não estarão presentes. O setor será representado por médias e pequenas empresas. “Com as preocupações com a pandemia, as matrizes decidiram que não iriam participar de feiras em nenhuma parte do mundo”, explica Bier.

O vice-presidente regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Hernane Cauduro, também está com boas expectativas em relação à exposição em Esteio. “A pandemia trouxe muitas transformações. Os contatos via internet e videoconferências facilitaram a comunicação, mas o contato direto com o cliente é insubstituível. Os preços das commodities estão bons, o mercado está aquecido, isso favorece as vendas de máquinas”, observa.

Do lado do crédito, o empresário avalia que o freio nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não preocupa o setor. Devido à alta demanda, desde julho a instituição suspendeu as contratações de três linhas de crédito oferecidas pelo governo federal no lançamento do Plano Safra 2021/2022. “Uma pesquisa da Abimaq feita no ano passado mostra que 76% da compra de máquinas é feita com recursos próprios e de bancos privados ou com financiamento direto dos fabricantes. Caiu muito a participação do BNDES”, destaca Cauduro.

Sócio-diretor da Ipacol Máquinas Agrícolas, o empresário Luiz Carlos Parise participa todos os anos da Expointer. O ritmo de negócios atual, afirma ele, é inédito. Com sede em Veranópolis, a empresa tem trabalho contratado até janeiro, mês em que a produção industrial tradicionalmente diminui após um aumento de atividade no fim de ano. “Isso nunca aconteceu antes. Num ano de pandemia, é uma revolução”, avalia. Com a demanda em alta, o empresário vem enfrentando dificuldades para atender aos pedidos dos clientes devido a atrasos no recebimento de peças e componentes importados. “O produtor está investindo bastante. Normalmente, o cliente vai para a feira e quer entrega rápida (do produto). Hoje, estamos trabalhando com prazo de entrega de, no mínimo, cinco meses”, revela.

Tradicional participante da Expointer, a marca John Deere mandará a Esteio neste ano um portfólio de máquinas pesadas, por meio do Grupo Verdes Vales, seu distribuidor gaúcho da linha de construção. Na Expointer, lançará a pá-carregadeira 444G, desenvolvida para o mercado brasileiro. O gerente-geral de construção e pavimentação da Verdes Vales, Tales Barbosa, diz que a empresa participará da feira com foco em tecnologia e instalará um Centro de Soluções Conectadas no local. “Vamos demonstrar como entregamos atendimento remoto e dados que contribuem para um menor desgaste e consumo de combustíveis”, adianta.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895