Mea-culpa depois dos Jogos

Mea-culpa depois dos Jogos

Sem nenhum ouro e com o pior desempenho das últimas décadas, o vôlei brasileiro deve passar por mudanças para o próximo ciclo olímpico

Seleção masculina chegou a Tóquio com o status de favorita ao ouro, mas, com uma campanha irregular, ficou fora da final e perdeu a disputa do bronze

O torcedor brasileiro acostumou-se nas últimas décadas a contar com um bom desempenho do vôlei nos Jogos Olímpicos. Afinal de contas, desde 1996, em todas as edições, o país conquistou pelo menos um ouro. A única exceção foi em Sydney-2000, mas, mesmo assim, naquele ano, vieram quatro medalhas (duas de prata e duas de bronze). Por isso, apesar da prata do vôlei feminino nos Jogos de Tóquio-2020, o saldo foi abaixo do esperado.

Tal conclusão não é apenas dos torcedores. CEO da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Adriana Behar fez uma avaliação dos resultados da modalidade na capital japonesa e foi pela mesma linha. O Brasil voltou com uma medalha de prata com a seleção feminina e, segundo Adriana, a perspectiva era por mais conquistas. “Os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos foram bons. O do voleibol, não, com exceção da seleção feminina de quadra, que obteve um excelente segundo lugar, melhorando, em muito, o resultado no Rio”, admite ela.

Para Adriana, ela mesmo prata em Sydney-2000 e Atenas-2004 no vôlei de praia, é preciso encarar a realidade para fazer um diagnóstico que mude o cenário para o próximo ciclo olímpico, ainda mais levando em conta que será mais rápido, já que os Jogos de Paris serão em 2024. “A nossa expectativa vinha baseada nos resultados anteriores, que estavam, de fato, sendo muito bons. Chegamos com algumas duplas de praia entre as primeiras do ranking e as seleções de quadra vindo de um título e um segundo lugar na Liga das Nações. É claro que esperávamos por mais medalhas, mas é do esporte”, afirmou Adriana Behar.

Os brasileiros, de um modo geral, sofreram um impacto gerado pela pandemia, algo que não pode ser descartado na avaliação da CBV, e que prejudicou a preparação de todos, mas, isto não é encarado como justificativa para os resultados. À frente da CBV há cerca de cinco meses, Adriana Behar tem muitos projetos e novidades. “Temos um novo ciclo pela frente, dessa vez mais curto. Temos de buscar um planejamento bem rebuscado. Estamos fazendo uma análise sobre o que pode ser melhorado e trazendo pessoas experientes para nos ajudar nesse trabalho para o futuro”, explicou a dirigente. Na quarta-feira passada, Behar já apresentou Marcelinho Elgarten, ex-levantador medalhista olímpico, como reforço para o quadro de colaboradores. Marcelinho chega para acrescentar, colocando à disposição toda a experiência como atleta de alto rendimento. “Estamos traçando novos caminhos com um olhar de negócios utilizando os produtos que temos – quadra, praia e CDV – dentro de uma visão mais comercial. Em paralelo a isso, há um reforço na área de estratégia e governança. É prioridade para a CBV se desenvolver neste momento através de um novo modelo”, garante Adriana.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895