Sem conseguir parar

Sem conseguir parar

O mundo das apostas esportivas on-line vem atraindo milhares de brasileiros

Por
Fabrício Falkowski

“Eu tive um ganho bom no começo. Achei que era fácil e fiquei corajoso. Comecei a fazer loucura. E aquele dinheiro que eu tinha ganhado, perdi tudo em poucos dias. Daí, comecei a colocar mais valores e a perder. Saiu do controle a ponto de não ter a noção das coisas. Como é um jogo que está dentro do celular, você transfere o dinheiro para o site de apostas pelo próprio celular e joga. E até, nas vezes que ganha, não retira o dinheiro. Deixa lá para seguir jogando. E, a cada dia, as apostas ficaram mais arriscadas, com valor maior... Comecei a jogar em outros esportes... Tênis, vôlei, basquete... O jogador sempre acha que está no controle, mas não está. Como existem jogos ao vivo 24 horas por dia, porque tem jogos do mundo inteiro, eu ficava 24 horas ligado naquilo. Varava a noite olhando o celular e jogando. No dia seguinte, no trabalho, em tudo que é lugar... Não prestava mais atenção na minha esposa e foi bem nessa época que ela ficou grávida. Fiquei nisso por três anos, o dia inteiro conectado, jogando e perdendo. Não tinha almoço, não tinha janta, não tinha nada. Era só jogo e prejuízo”.

O relato acima é do jogador compulsivo Rafael (nome fictício). Ele tem 38 anos e conheceu o mundo dos sites de apostas esportivas em 2018 ao assistir a propagandas na televisão e em vídeos na Internet. Pesquisou e achou que apostar seria uma boa forma de ganhar dinheiro. Enganou-se. Torrou as economias da família, quase perdeu o emprego e desperdiçou o tempo que poderia ficar com a esposa para acompanhar as suas apostas “24 horas por dia” pelo celular. Transformou a sua vida em um inferno. Depois de três anos de agonia, conheceu o Jogadores Anônimos (JA), apresentado pela própria esposa, cansada da rotina de ausência do marido. Quando o CP conversou com Rafael, em uma reunião on-line do JA, ele estava havia três meses sem entrar nos sites de apostas esportivas. Começava uma recuperação, mas se reconhecia viciado.

O caso de Rafael não é único, pelo contrário. Segundo estimativas não oficiais, há cerca de 450 sites de apostas esportivas atuando no país. Por meio deles, milhares de brasileiros apostam numa infinidade de esportes, em competições e em torneios que ocorrem no mundo inteiro, muitos dos quais a maioria das pessoas jamais ouviu falar. É possível apostar em partidas de futebol da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, mas também do segundo ou terceiro quadro da Holanda. Ou do Japão, ou da China, ou de qualquer outro país onde a bola role. Além disso, todos os principais esportes do mundo estão nessas plataformas, como tênis, vôlei, basquete, UFC e muitos outros, até mesmo jogos de videogame. Não há limite, não há horário, não há travas.

Além do resultado de cada partida propriamente dito, é possível apostar em muitos outros aspectos como o número total de gols marcados, o vencedor de cada tempo ou o número de escanteios. Também é possível fazer combinações de apostas, tornando os ganhos e os riscos maiores.

Ilusão

Como em qualquer modalidade de jogo, para alguém ganhar, alguém precisa perder. No caso da imensa maioria das casas de apostas esportivas on-line – as exceções são as que trabalham com a modalidade exchange, que será explicada a seguir –, para um apostador ter lucro, a casa precisa auferir prejuízo.

Há um imenso porém: a grande maioria dos sites não tolera os vencedores. Quando detecta que um jogador se destaca pelos ganhos, bloqueia seu cadastro, impedindo-o de seguir apostando, ou limita o valor da aposta a alguns centavos, restringindo as perdas da casa. Alguns desses “bem-sucedidos” se cadastram em nome de familiares e amigos, que também são bloqueados pelos algoritmos dos sites de apostas se seguirem quebrando a banca. Ou seja, o sonho dos apostadores de fazer fortuna ou de transformar as apostas em fonte de renda auxiliar para a família, como era o caso do Rafael, é basicamente uma ilusão.

Para participar dos sites de apostas, basta preencher um cadastro e fazer o pagamento de um valor mínimo (depósito, transferência bancária ou pagamento com cartão de crédito). Como a maioria deles, ou a totalidade, não tem sede no Brasil, para o dinheiro chegar às “casas virtuais de apostas” é preciso utilizar uma empresa que faz a intermediação, normalmente brasileira. O dinheiro cai em uma espécie de conta corrente, utilizada pelo apostador em seus jogos. Ganha-se e perde-se (normalmente mais se perde) e a conta corrente vai se movimentando com saldo para cima ou para baixo. Como poucos apostadores realmente retiram algum dinheiro quando ganham – preferem mantê-lo na conta para seguir apostando –, os lucros dos sites são maiores.

Para cada tipo de aposta, existe um percentual de ganho oferecido pela casa dependendo do cálculo de probabilidades feito para cada jogo. Pessoas e entidades ligadas ao mundo do jogo calculam que apenas os sites de apostas esportivas (excluídos os de pôquer e outras modalidades de apostas que também operam no país) movimentam cerca de R$ 6 bilhões por ano no Brasil. Por falta de regulamentação, nenhum centavo desse dinheiro é revertido em impostos. Tudo segue direto para o exterior, em geral, para paraísos fiscais.

Legalidade das apostas esportivas

Apesar de estarem hospedados em outros países e de não pagarem impostos ao Brasil para operarem por aqui, os sites estão aptos a receberem apostas desde 2018, quando o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.756/2018, que torna legal no país as apostas esportivas, desde que atendam a alguns requisitos. Um deles é que as apostas devem ser por cotas fixas, conhecidas como “odds”, quando o montante que o apostador vai receber se vencer já é conhecido no instante da aposta. Entretanto, o tema precisa de regulamentação específica, o que ainda não aconteceu. O Ministério da Economia incumbiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fazer um estudo sobre o assunto, que deve ser concluído nos próximos meses. Então, as regras para a operação no Brasil estariam definidas.

Exatamente por isso, as casas de apostas on-line atuam em uma zona cinzenta da legislação. Por este motivo também, os sites estão fora do país, em lugares como Malta ou Curaçao, onde encontram condições ideais para operar. Segundo os defensores do jogo on-line, as operações não acontecem no Brasil por falta de regulamentação. “As casas de apostas esportivas não estão proibidas de operar no país. Mas, neste momento, atuam em uma zona cinzenta que não beneficia ninguém, nem as casas, nem os apostadores e nem a população em geral”, afirma Magno José, que é jornalista especializado em loterias, jogos e apostas e presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal.

De acordo com ele, a regulamentação dos sites de apostas esportivas geraria empregos e uma arrecadação de bilhões de reais em impostos por ano, sem contar outras modalidades de jogos. Além disso, a regulação do mercado poderia ajudar a criar uma teia de proteção para os jogadores compulsivos. “O Brasil não tem política pública para jogadores compulsivos exatamente por falta de regulamentação. Na Inglaterra e em outros países, as casas de apostas pagam pelo dano que causam à sociedade recolhendo seus impostos”, continua Magno José.

Os clubes de futebol também seriam beneficiados. A Lei nº 13.756 destina parte do dinheiro das apostas para os clubes brasileiros de futebol. Eles teriam direito a 3% do volume arrecadado nesse tipo de aposta, sendo que 2% vêm das apostas feitas em locais físicos e 1% das de maneira on-line. Segundo estimativas, com a regulamentação, esse mercado poderia movimentar até R$ 10 bilhões já no primeiro ano de atividade. Se isso se confirmasse, clubes, entre os quais Grêmio e Inter, teriam direito a dividir algo próximo de R$ 300 milhões no primeiro ano. Em outros países, como Estados Unidos, Portugal, Inglaterra e França, as apostas esportivas são legalizadas e estão cada vez mais presentes nas competições e campeonatos, principalmente por meio de patrocínios e anúncios.

Mas há muita gente contra a exploração da modalidade de apostas esportivas no Brasil, apesar de ser praticamente impossível uma proibição efetiva, exatamente porque os sites estão hospedados fora do país e, para a Internet, as barreiras nacionais são permeáveis. A exploração da modalidade pelo crime organizado e a falta de assistência aos apostadores estão entre os principais motivos para esse receio.

Enquanto isso, os brasileiros seguem apostando. Estimulados por dispendiosas campanhas publicitárias, que incluem o pagamento de polpudos cachês para alguns dos maiores astros do futebol mundial, além de personalidades e artistas, pessoas de todas as classes sociais tentam a sorte fazendo uma “fezinha” em seu time do coração ou em qualquer outro clube ou esporte. Perdem, na maioria das vezes. Alguns já estão procurando os Jogadores Anônimos em busca de uma porta de saída para a compulsão.

“Já perdi muito dinheiro, mas o que eu mais perdi foi tempo. Não vi o crescimento dos meus filhos, não conversei com a minha esposa, não fui a velório de parentes para jogar. A irmandade (como é chamado internamente a Jogadores Anônimos) salvou a minha vida”, afirma Arnaldo, paulista de 62 anos que chegou ao fundo do poço financeiro, profissional e pessoal graças ao jogo. Agora, recuperado (pelo menos por mais um dia, conforme a cartilha da JA), ele reflete: “Todo apostador torna-se mentiroso. Ele mente para arrumar tempo e dinheiro para apostar mais. Mente para a família, mente para os amigos. Inventa qualquer história para tentar a sorte mais uma vez, para tentar recuperar o que perdeu antes. Mas perde de novo. No fundo, não somos más pessoas. Somos apenas doentes. Só me recuperei quando compreendi isso”.

Uma porta de saída

Rafael, o jogador compulsivo apresentado no começo da matéria, quando falou ao CP, estava há apenas três meses sem apostar. Ele começou a encontrar a porta de saída para o vício quando conheceu a Jogadores Anônimos, organização fundada em 1957 nos Estados Unidos para combater a compulsão por jogos e que, em 1993, chegou ao Brasil. Hoje, a JA percebe aumento do número de pessoas que procuram a irmandade para se livrar do vício em apostas esportivas on-line.

O CP testemunhou uma das reuniões do grupo, que, desde o início da pandemia, são realizadas por aplicativos de conversa à distância. Participaram uma gaúcha e três paulistas. Todos narraram suas tragédias particulares relacionadas ao jogo, às perdas financeiras imensas e às derrotas familiares. Entre eles, estavam Rafael e Arnaldo. Em seus relatos, aspectos em comum: os quatro afirmaram que procuraram a entidade após ouvirem os apelos da família e todos, no momento em que buscaram a JA, ainda acreditavam estar “no comando da situação”. Ou seja, não se sentiam viciados.

Apesar de estarem hospedados em outros países e de não pagarem impostos ao Brasil para operarem por aqui, os sites receberem apostas desde 2018. Foto: Guilherme Almeida

“A maioria das pessoas que nos procuram assistem aos primeiros encontros e seguem jogando, porque os jogadores, em geral, ainda acreditam que estão no controle. Eles acham que apostando hoje podem recuperar o que perderam nos dias anteriores. E fazem isso. Aportam mais valores e perdem de novo. Comigo foi assim. Segui apostando e, ao mesmo tempo, indo às reuniões, até que uma hora caiu a ficha e eu percebi que era um doente”, relata Arnaldo.

A principal regra da JA é manter o anonimato, como o próprio nome diz. Agindo assim, a organização acredita que ajudará a atrair outros adictos que poderiam ficar constrangidos pela exposição dos seus problemas. O anonimato também é uma forma de evitar disputas internas e de colocar todos no mesmo nível. Ninguém é mais que alguém no JA. Por isso, todos são chamados, uns pelos outros, de “irmãos”. A entidade prega a humildade e não aceita doações de não irmãos, outra forma de ficar imune a pressões e interesses de pessoas de fora.

Além de adictos em apostas esportivas, a JA atende, gratuitamente, jogadores de outras modalidades, como bingos, caça-níqueis, cassinos, etc.

Os jogos no Brasil

Os cassinos, a face mais glamourosa e conhecida dos jogos, viveram anos de ouro na década de 1930, sob o governo de Getúlio Vargas. No auge, o Brasil teve cerca de 70 cassinos. Além de jogar, as pessoas iam às casas, grandes e elegantes, para frequentar seus restaurantes, bares, salões de baile e teatros.

Em 30 de abril de 1946, o então presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o funcionamento de todas as casas de apostas. Segundo a historiografia mais aceita, a decisão foi motivada pela insistência da esposa, Carmela, que estava impressionada com as histórias que envolviam a ruína financeira e pessoal de jogadores compulsivos.

Porém, de alguma forma, os jogos sempre estiveram na vida dos brasileiros. O jogo do bicho, por exemplo, é proibido, mas é jogado a luz do dia em todos os cantos do país. O governo federal explora as Loterias, como Mega-Sena, Timemania e Lotofácil, desde 1961, destinando parte dos lucros a fundos de desenvolvimento social, educação e esporte.

Em 1993, a chamada Lei Zico permitiu o funcionamento dos bingos em todo o território nacional. Praticamente todas as grandes e médias cidades brasileiras ganharam as suas casas, onde gente de todas as idades apostavam de forma liberada. Os bingos se organizaram como se cassinos fossem, impedindo a entrada da luz solar (evitando que o apostador vislumbrasse o passar do tempo) e oferecendo alimentação e bebidas para incentivar as pessoas a permanecer jogando por horas a fio. Em 1998, a Lei Pelé manteve a autorização de funcionamento dos bingos até 2003, quando passaram à clandestinidade.

Hoje, as operações policiais para fechamento dos bingos ilegais são corriqueiras. Mesmo assim, não é difícil encontrar casas do tipo em cidades grandes, como Porto Alegre. Máquinas caça-níqueis também são exploradas em centenas de locais, apesar da repressão das polícias.

Atualmente, vários projetos tramitam no Congresso visando permitir o funcionamento, com controle, das várias modalidades de jogos e apostas no Brasil.

No mundo das apostas

Nettuno diz que, como a maioria dos jogadores que ganham, está vetado dos sites comuns de apostas. Então, ele migrou para uma outra modalidade e, ao invés de apostar contra a “casa”, ele enfrenta outros apostadores. Foto: Fábio Bampi / Divulgação / CP

Fábio Bampi é formado em educação física. Já exerceu diversas atividades, mas sempre gostou de esportes e, de alguma forma, esteve ligado ao mundo das apostas. Porém, há 12 anos foi, por acaso, apresentado ao mundo das apostas esportivas. Como a maioria dos jogadores, foi atraído pela publicidade dos sites, naquela época muito menos intensa do que é hoje. Começou a apostar e, a exemplo de outros iniciantes, perdeu dinheiro. Porém, aos poucos, desenvolveu um método que o fez recuperar as economias. Virou um “trader”. Ou seja, um apostador profissional. Hoje, tem canal no YouTube e ensina outros jogadores a ganhar – ou a perder menos. Também dá cursos e palestras, mas, diferentemente de outros “traders” famosos, chama a atenção pela sensatez com que apresenta o mundo das apostas esportivas. 

Atualmente, como a maioria dos jogadores que ganham, Nettuno não pode apostar nos sites comuns de apostas. Está vetado, exatamente por ganhar. Então, ele migrou para uma outra modalidade de apostas esportivas, restrita a um círculo pequenos e extremamente especializado de jogadores e de sites: as apostas “exchange”. Agora, ao invés de apostar contra a “casa”, ele enfrenta outros apostadores, o que torna a caminhada ainda mais complexa.

Como você começou a apostar? Já havia feito algum contato com algum tipo de jogo antes?

Faz 12 anos que estou envolvido com o meio. Cheguei como todo mundo: vi uma propaganda em algum lugar, botei um dinheirinho e perdi tudo. Depois, quebrei outras vezes, mas fui pesquisando e encontrando caminhos para ser consistente e conseguir trazer algum dinheiro ao invés de só mandar. Mas tenho uma veia de apostador, que conciliei com o gosto pelo esporte.

Uma coisa que chama a atenção nos conteúdos publicados por você nas redes sociais e no YouTube é que não aparecem fórmulas mágicas ou promessas de ganhos extraordinários. Qual o motivo disso?

No meu canal, posto a realidade. Não só a realidade que vivi, mas que vi com outras pessoas. Eu já vi gente ganhar muito dinheiro, mas também já vi gente perder muito. Tenho que ter responsabilidade, pelo tamanho que meus canais foram tomando, principalmente nos meios de apostas. Tenho obrigação de mostrar os dois lados da moeda. Tem gente que cava um buraco na vida, destrói a família. Infelizmente, é usado um marketing muito agressivo, com promessas de que o cara vai ficar milionário da noite para o dia, mas isso é uma mentira. Só serve para atrair as pessoas. Quem oferece essas fórmulas mágicas são pessoas de má índole, mas isso não é exclusividade do mundo das apostas. Também acontece em outras áreas, como na bolsa de valores. Em qualquer área, vamos encontrar gente querendo passar a perna em alguém. 

Qual é a diferença entre o trader e o apostador normal?

O trader, em geral, é um estudioso. Analisa racionalmente os aspectos de cada jogo. O apostador torce. 

Qual é o primeiro conselho que você daria para quem está querendo se aventurar pelo mundo das apostas esportivas?

Há vários conselhos, todos eles nos meus vídeos no YouTube, mas o principal é usar pouco dinheiro. Não é possível cair na ilusão que um iniciante vai ficar milionário no final de semana. É provável que um cara que está começando, como em qualquer outra coisa que vá fazer, quebre a cara e vai perder dinheiro. Então, se o cara não sabe nada, começa com pouco. Tem que pegar para apostar um valor que não fará falta, que não faltará para outros gastos da família. Tem que ser o dinheiro da cerveja, do futebol com os amigos. Aos poucos, é possível construir um método e, se for bom no negócio, construir um suporte emocional. Daí, em dois anos, começa e empatar e, em três ou quatro anos, pode começar a ganhar. O caminho é longo.

Quando você acredita que o apostador vira o fio e se transforma em um adicto?

Um sinal fácil de perceber é a frequência de depósitos. Não pode quebrar a banca (perder tudo) hoje, no final de semana fazer outro depósito e, alguns dias depois, outra vez. Se começar no ciclo depósito, depósito, depósito, precisa abrir o olho e pedir ajuda, porque é grande a chance de estar caminhando para o vício. Em geral, a gente percebe que os valores das apostas aumentam conforme as pessoas vão perdendo, justamente porque acham que podem recuperar. Daí, vai dar o azar de ele acertar uma aposta. E quando acontecer isso, ele vai receber uma injeção de adrenalina tão grande que, no momento que ele ganhar alguma coisa, ele vai se viciar. A carga emocional e o prazer de ganhar será tão grande que ele vai apostar de novo, vai aumentar os valores e vai perder, repetindo o ciclo até o dia que ele não tiver mais de onde tirar dinheiro. Se não tiver alguém para puxar ele pelo braço, ele vai cavar um buraco. 

Qual o motivo de você ter migrado para os sites que operam as apostas exchange? 

Eu fui bloqueado por todos os sites em que apostava. Fui para o exchange porque ele coloca usuário contra usuário, não usuário contra a casa de apostas. Então, foi o caminho natural porque todos os sites excluem apostadores que vencem. Daí, o cara entra com o nome da esposa, do pai, dos parentes. A lógica é, se o cara está perdendo, eles deixam. Se começar a ganhar, é banido. Simples.

 

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895