Domínio inglês

Domínio inglês

Clubes da Terra da Rainha dominam as finais das competições europeias

Por
Chico Izidro

Os ingleses têm o mais forte e rico campeonato do mundo na atualidade, a Premier League. E isso tem se refletido no futebol europeu, em que os clubes vêm se destacando. Neste ano, as duas principais competições do Velho Continente terão três equipes inglesas na decisão. Manchester City e Chelsea estão na Liga dos Campeões, no próximo sábado, enquanto que a Liga Europa terá o Manchester United encarando o intruso Villarreal, da Espanha, que evitou quatro britânicos em campo ao eliminar o Arsenal na semifinal.

Esta recente supremacia inglesa remete à segunda metade dos anos 70 e início dos anos 80, quando os clubes da Ilha dominaram completamente a Europa. Entre 1977 e 1982, foram exatos seis títulos seguidos da então chamada Copa dos Campeões – o Liverpool era o grande papão do continente. Os Reds começaram o domínio na temporada 1976-1977, quando bateram o Borussia Mönchengladbach na decisão em Roma, por 3 a 1. Na competição seguinte, a vitória veio diante do Brugge, por 1 a 0. A final foi realizada quase em casa – no Wembley, em Londres. Então apareceu para o mundo o surpreendente Nottingham Forest, que ganhou o bicampeonato da Europa, comandado pelo mítico treinador Brian Clough (1935-2004). Em 1979, o time da Terra de Robin Hood bateu o Malmö, da Suécia, por 1 a 0, em Munique. Em 1980, foi a vez de o Nottingham ser bi europeu ao derrotar o Hamburgo por 1 a 0, no Santiago Bernabéu, em Madri.

O Liverpool voltou aos holofotes ao bater na final o Real Madrid, em 1981, em Paris. No ano seguinte, foi a vez do Aston Villa, que na final derrotou o Bayern, em Roterdã, por 1 a 0. Somente em 1983, a sequência inglesa foi quebrada, quando o Hamburgo venceu a Juventus na decisão – mais tarde, perderia o Mundial daquele ano para o Grêmio, no Japão. Só que em 1984, o Liverpool retomou o poderio, ao obter o seu quarto título da competição, vencendo a Roma, de Paulo Roberto Falcão, em pleno Estádio Olímpico, de Roma, nos pênaltis, por 4 a 2.

Na temporada seguinte, o Liverpool voltaria a decidir a Copa dos Campeões, mas perderia por 1 a 0 para a Juventus. A partida marcaria o começo do declínio do futebol inglês na Europa. O jogo foi disputado no Estádio de Heysel, em Bruxelas. E os torcedores do Liverpool provocaram a morte de 39 seguidores da Velha Senhora, invadindo o setor onde os italianos estavam, e que acabaram sendo esmagados, ao tentar escapar dos hooligans. A Uefa puniu os clubes ingleses com uma suspensão de cinco anos de todas as suas competições. Durante esse período, o futebol inglês virou um fiasco. E, só após outra tragédia, as coisas começaram a mudar. Em 1989, outro desastre abalou o futebol britânico, novamente com o Liverpool envolvido, desta vez em partida contra o Nottingham Forest, pela semifinal da Copa da Inglaterra, onde 96 torcedores morreram devido à superlotação do estádio. O fato ficou conhecido como o “Desastre de Hillsborough”.

As autoridades fizeram então um relatório apontando as causas da tragédia. O documento ficou conhecido como Relatório Taylor, e foi um divisor de águas na história do futebol do país, provocando o surgimento na temporada de 1992/93 da Premier League, formada inicialmente por 22 times (viriam a ser 20 em 1996), e com isso uma revolução no futebol inglês.

Estádio superlotados e a violência nas arquibancadas praticamente desapareceram. O modelo de gestão dos clubes melhorou, as receitas se multiplicaram, possibilitando contratações de peso. O crescimento dos clubes ingleses nesses últimos 30 anos foi monstruoso. Entre os 20 clubes que mais arrecadam na Europa, seis (Manchester United, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Tottenham e Manchester City) são ingleses. Não por acaso, têm sido presença frequente nas finais das competições europeias. Como será em 2021.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895