Começa o Brasileirão

Começa o Brasileirão

O Campeonato Brasileiro tem o seu pontapé inicial neste final de semana

Por
Correio do Povo

Considerada uma das disputas mais equilibradas de todo o mundo, o Brasileirão começa tendo, pelo menos na teoria, três favoritos, mas há pelo menos outras quatro equipes, incluindo a Dupla Gre-Nal, com boas chances de chegar ao final do ano na liderança na tabela. O CP lista quem começa o Campeonato de olho no título, na Libertadores, na Sul-Americana ou mesmo em se manter na Série A.

Os favoritos

É comum explicar a dificuldade do Campeonato Brasileiro pelo fato de que, ano após ano, a competição sempre inicia com cinco ou seis times com chances de ser campeão. O que não deixa de ser verdade. Mas, pelo menos na teoria, há favoritos e favoritos. E nessa turma de caixa alta destacam-se em 2021 três equipes, que na verdade têm sido presença constante na mesma posição ao longo dos últimos anos. A começar, é claro, pelo Flamengo. Desde 2019, o rubro-negro carioca parece estar um passo à frente de todos os demais. Se é verdade que a equipe em 2021 já não é mais aquele time que parecia invencível quando conquistou em uma mesma semana o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores, também é fato que segue em alto nível. Mesmo que algumas peças importantes como Gérson deixem a Gávea, o Flamengo seguirá com nomes como Gabigol e Bruno Henrique. O Palmeiras, por mais que venha de uma sequência de derrotas, é o atual campeão da Libertadores e mantém uma constância incrível, chegando a quase todas as decisões possíveis. O Atlético-MG, por sua vez, montou um time milionário, com Hulk e Nacho Fernández, e espera desta vez não ficar só na promessa, para enfim quebrar o jejum que perdura desde 1971.

Os desafiantes

Mais uma leva de equipes tradicionais que poderia muito bem estar na prateleira de cima, junto de Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG, mas que por motivos diversos, entram na competição com um tanto menos de favoritismo. O São Paulo talvez seja, entre os quatro, aquele que menos causaria estranheza se fosse considerado tão favorito quanto a trinca anterior. Comandado pelo argentino Hernán Crespo, o tricolor paulista conquistou o Campeonato Paulista, tirando das costas um peso que vinha se avolumando a cada eliminação, já que o último estadual havia sido ganho há 15 anos e o último título, a Copa Sul-Americana, foi em 2012. Além disso, o tricolor vem fazendo uma boa campanha na Copa Libertadores. Já está nas oitavas de final. Não que presença na competição continental seja essencial para ser um postulante ao título do Brasileirão, já que pela primeira vez em anos, o Grêmio não foi à fase de grupos do torneio, mas nem por isso entra no Campeonato Brasileiro com menos chances. A recente troca no comando técnico (saiu Renato Portaluppi, entrou Tiago Nunes) parece ter sido sutil a ponto de os resultados seguirem vindo, vide a conquista do Gauchão. De quebra, o clube fez uma das, senão a, contratação mais ousada da temporada, com o retorno do atacante Douglas Costa. O Inter passa por um momento complexo. Como o novo método de jogo do espanhol Miguel Ángel Ramírez não parece ter sido ainda assimilado pelo time, a equipe passa por momentos de incertezas e oscilações. Por outro lado, é o mesmo grupo que terminou o Brasileirão de 2020 em segundo lugar, fazendo frente ao poderoso Flamengo. O Fluminense, comandado por Roger Machado, é outro que já deu mostras que pode ir longe. O River Plate, derrotado na Libertadores dentro do Monumental de Nuñez, que o diga.

Mirando a Libertadores

Para o consumo externo, principalmente no discurso dos dirigentes, toda equipe, ainda mais aquelas mais tradicionais, entram no Campeonato Brasileiro para sair de lá com o troféu de campeão. Só que há casos, ou pelo menos momentos específicos, em que até os próprios torcedores sabem que mirar a primeira posição pode ser, no máximo um sonho ousado. Mesmo no caso de equipes com vários títulos, casos neste ano de Corinthians e Santos. O Timão vem passando por anos turbulentos, potencializados por uma crise financeira que se agiganta. Nos últimos dias, demitiu o técnico Vágner Mancini e para o seu lugar tentou Renato Portaluppi e Diego Aguirre. Sem sucesso com ambos, apostou no ex-lateral Sylvinho, que até hoje tem 11 jogos no currículo como técnico. O Santos vem um pouco mais encorpado, mas também parece longe de ser aquele time que chegou às semifinais da Copa Libertadores do ano passado — e nesta semana foi eliminado da competição na fase de grupos. No entanto, conta com nomes interessantes, como o atacante Marinho e não se pode descartar uma boa campanha, pelo menos a ponto de garantir uma vaga na Libertadores de 2022. O Red Bull Bragantino entra no Brasileirão deste ano em um patamar diferente. Se no ano passado a equipe treinada por Maurício Barbieri foi vista como uma surpresa, neste ano já é uma realidade. Com a manutenção de grande parte do elenco, a começar por Claudinho, um dos destaques da temporada 2020, não será surpresa ver o Bragantino na primeira metade da tabela. Por fim, há o Athletico-PR, comandado pelo português António Oliveira, e que conta com nomes importantes no elenco, como o zagueiro Thiago Heleno e o atacante Nikão, ambos remanescentes da campanha vitoriosa da Copa do Brasil de 2019.

Vale vaga na Sul-Americana

Permanecer na elite do Campeonato Brasileiro ano após ano não é fácil para equipes medianas, que costumam viver num sobe e desce frequente. O Bahia, bicampeão nacional (1959 e 1988), é freguês desta gangorra. No campeonato passado, brigou até o final contra o rebaixamento, e após conquistar a Copa do Nordeste, mas ficar fora da decisão do Campeonato Baiano e eliminado na fase de grupos da Copa Sul-Americana, o Tricolor da Boa Terra passou por mudanças. O time é treinado por Dado Cavalcanti e ganhou o reforço do zagueiro argentino Conti. Seu ataque é formado pelos experientes Rodriguinho, Rossi e Gilberto, esses dois últimos com passagem pelo Inter. O Ceará, por sua vez,
segue sendo comandado por Guto Ferreira e sonha em repetir a excelente temporada de 2020, onde conseguiu vaga para a Copa Sul-Americana. Porém, agora o objetivo é maior, conseguir uma colocação, ao menos na pré-Libertadores. O Fortaleza, por sua vez, escapou do rebaixamento no Brasileirão passado graças ao saldo de gols superior ao Vasco, que ficou com a mesma pontuação no final, mas acabou caindo. E agora, sob o comando do argentino Juan Pablo Vojvoda, o objetivo é fazer um campeonato sem turbulências e sem correr riscos. Uma das esperanças é o goleiro Felipe Alves, que vive excelente fase. O Atlético-GO quer repetir a campanha do ano passado, quando terminou na 13ª posição, conseguindo vaga na Copa Sul-Americana, e se consolidar de vez na Série A. A diretoria espera acertar com Eduardo Barroca para substituir o treinador Jorginho. O América-MG retorna à elite sob o comando do polêmico e sanguíneo técnico Lisca, que terá praticamente o mesmo elenco que disputou a Série B e foi semifinalista da Copa do Brasil de 2020, além de vice do  Campeonato Mineiro deste ano. O reforço é o lateral Alan Ruschel, mas perdeu o bom zagueiro Messias. O Sport é outro que vem para o Brasileirão de 2021 tentando esquecer  a participação no ano passado, quando ficou com apenas um ponto a mais do que o primeiro dos rebaixados, além de acabar a competição com o pior ataque da competição, com apenas 31 gols em 38 rodadas.

Luta para serguir na série A

O Campeonato Brasileiro costuma apresentar surpresas. 
Muitas vezes equipes consideradas grandes no futebol nacional acabam caindo para a segunda divisão. Ao menos na teoria, há times que entram na competição com o claro objetivo de evitar o rebaixamento. As coisas podem mudar no decorrer das 38 rodadas, mas Cuiabá, Juventude e Chapecoense, todos recém-promovidos à Série A, iniciam o Brasileirão com essa perspectiva. O primeiro objetivo é alcançar os famosos 45 pontos para depois galgar situações melhores na tabela. O Cuiabá é o estreante na primeira divisão e conta com uma estrutura de dar inveja a muitos clubes do país. Ju e Chape já frequentaram a elite por vários anos. O time gaúcho retorna após um longo período afastado da Série A. O técnico Pintado, que comandou o clube no acesso, deu lugar a Marquinhos Santos. A boa campanha na Série B do ano passado também fez com que o Ju perdesse alguns de seus destaques. A direção fez investimentos no estádio Alfredo Jaconi, como a troca do gramado e instalação de refletores de LED. Os reforços seguem chegando. Os mais recentes são o meia Chico, de 29 anos, que fez um ótimo Brasileirão pelo Atlético Goianiense no ano passado e o lateral-direito Michel Macedo, que vem do Corinthians. O  Cuiabá entra na competição nacional embalado pelo título Mato-Grossense. Alberto Valentim é o treinador da equipe. A diretoria contratou até o momento 17 reforços nesta temporada. Entre eles, o atacante Guilherme Pato, que pertence ao Inter. A Chapecoense perdeu o Catarinense para o Avaí e mudou bastante a fotografia do time que foi campeão da Série B no ano passado. O técnico Mozart Santos foi demitido logo após o final do Catarinense. 

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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895