Os melhores da América do Sul

Os melhores da América do Sul

Competição começa no dia 13 de junho e reúne alguns dos maiores craques do mundo

Por
Chico Izidro

A Copa América começa no próximo final de semana e, pela segunda vez consecutiva, será disputada em terras brasileiras. Em 2019, o Brasil foi o campeão, batendo o Peru na decisão realizada no Maracanã. O torneio seria disputado novamente em 2020, na Argentina e na Colômbia. Porém, a pandemia da Covid-19 adiou a competição para este ano, nos mesmos locais, só que desta vez a Colômbia deixou de ser sede porque o país vive uma crise política, com manifestações de ruas e confrontos com a polícia em várias cidades. Já a Argentina pediu para não sediar o torneio devido ao aumento de casos de contaminação e mortes pela Covid-19. Assim, o Brasil aceitou receber as partidas, que acontecerão entre os dias 13 de junho e 10 de julho, com sedes em Brasília, Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro.

Os jogos vão seguir a tabela já definida, com a abertura no domingo, dia 13 de junho, com o Brasil enfrentando a Venezuela no estádio Mané Garrincha, em Brasília. No mesmo dia, a Colômbia pega o Equador na Arena Pantanal. O Peru completa o Grupo B, onde está o Brasil. Avançam para as quartas de finais os quatro melhores de cada chave. Todos os jogos serão disputados sem a presença de público. Porém, a Conmebol não descarta a possibilidade de reunir torcedores dos países finalistas no Maracanã, como ocorreu com a decisão da Libertadores entre Palmeiras e Santos, com cerca de 5 mil convidados. Até o momento, porém, não há liberação.

A Copa América, assim como a Libertadores, por muito tempo foi vista com desdém pelo Brasil. A competição surgiu em 1916, com o título indo para o Uruguai, que era o grande papão naqueles anos – seria bicampeão em 1917 e ainda ganharia o bi nos Jogos Olímpicos em 1924 e 1928. A Seleção Brasileira foi campeã na terceira edição, em 1919, quando o torneio foi sediado aqui, assim como em 1922. Até 1947 seriam realizadas 20 edições e os uruguaios abocanhariam oito de suas 15 conquistas no período, enquanto a Argentina ganharia nove vezes (os hermanos possuem 14 títulos). Em 1949, o Brasil seria campeão e depois amargaria um jejum de 40 anos sem vencer, quebrando o ciclo em 1989, quando sediou novamente a competição.

Foi quando, apesar de já ser tricampeã mundial, a Seleção Brasileira se deu conta da importância do torneio. Um exemplo é que a Copa América era tão desconsiderada que craques como Pelé, Zizinho, Didi, Garrincha, Rivellino, Jairzinho, Carlos Alberto Torres, Zico, Sócrates, Falcão, entre outros, nunca foram campeões da competição continental. Mas, a partir de 1997, o Brasil ganhou cinco vezes a Copa América, em nove disputas.

O título não faz os torcedores irem para as ruas celebrarem, como acontece no caso de uma Copa do Mundo. No entanto, as cobranças são fortes e é quase uma obrigação ganhar. O técnico Dunga, por exemplo, caiu em 2016, após a eliminação do Brasil na primeira fase da Copa América Centenário, nos Estados Unidos.

Agora, novamente jogando em casa, a Seleção Brasileira é considerada a favorita ao título e busca sua décima conquista. Tite vai definir o elenco para a Copa América na quarta-feira, após o jogo com o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. O treinador poderá, conforme determinou a Conmebol, inscrever até 28 jogadores, cinco a mais do que o habitual. A situação da pandemia pesou a favor da alteração. Presença certa é a do craque Neymar, do PSG, que esteve ausente em 2019 pois na época rompeu os ligamentos do tornozelo direito.

Dono de uma série incontável de troféus pelo Barcelona, o craque Leonel Messi quer ajudar a seleção da Argentina a quebrar um incômodo jejum de títulos importantes. Foto: Marcelo Endelli / POOL / AFP / CP Memória

A Colômbia, campeã em 2001, tem no comando Reinaldo Rueda, que retornou após 15 anos. Ele assumiu o selecionado para substituir o português Carlos Queiroz, demitido após uma péssima campanha que tirou a Colômbia da zona de classificação para a Copa do Catar. E ele voltou já gerando polêmica, ao deixar de fora em sua primeira convocação o meia James Rodríguez.

Aos 37 anos, Paolo Guerrero, atacante do Inter, é a grande esperança da seleção do Peru, vice-campeã em 2019 e campeã em 1939 e 1975. O veterano ficou afastado dos gramados por mais de 200 dias e, sem muitas chances no Colorado, ainda não conseguiu mostrar seu bom futebol de anos atrás. Um de seus objetivos é o de bater o recorde dos maiores artilheiros da Copa América, o brasileiro Zizinho e o argentino Norberto Méndez, ambos com 17 gols. Guerrero já marcou 14.

O Equador sonha em ser a terceira potência do continente, atrás de Brasil e Argentina. Se depender de seu desempenho nas Eliminatórias para a Copa de 2022, vem conseguindo justificar o objetivo, já tendo vencido a Colômbia por incríveis 6 a 1 e o Uruguai por 4 a 2. Treinada pelo argentino Gustavo Alfaro, seus astros atuam no Brasil: Robert Arboleda, no São Paulo, Juan Cazares, no Fluminense, e Alan Franco, no Atlético-MG.

A Venezuela é o patinho feito do continente. É a única seleção que nunca disputou uma Copa do Mundo e, na Copa América, tem como melhor desempenho um quarto lugar em 2011. O destaque é o atacante Yeferson Soteldo, de 23 anos e apenas 1,57 metro. Ex-Santos, agora ele atua pelo Toronto FC, nos Estados Unidos.

A Argentina chega querendo quebrar um jejum de 28 anos sem ganhar nenhuma competição oficial – a última foi justamente a Copa América em 1993. Detentor de vários títulos pelo Barcelona, o craque Lionel Messi, aos 33 anos, sonha em ser campeão pela seleção - venceu apenas a Olimpíada de 2008: “Estou muito animado, com vontade de fazer as coisas bem. Na última Copa América deixamos boa imagem, mas nós não podemos ficar só com isso e queremos seguir crescendo”.

Maior recordista em títulos, com 15 taças, o Uruguai foi campeão pela última vez em 2011, sob o comando de Óscar Tabarez e tendo em seu ataque o goleador Luis Suárez. Pois os dois seguem servindo à Celeste Olímpica, que terá ainda Edinson Cavani, agora no Manchester United, em excelente fase.

O Chile, bicampeão em 2015 e 2016, chega ao Brasil com uma equipe envelhecida. Entre os titulares, sete estavam nas duas conquistas, como Isla, do Flamengo, e Eduardo Vargas, do Atlético Mineiro. A novidade é o jovem Carlos Palacios, que chegou este ano ao Inter.

Campeão em duas oportunidades, em 1953 e 1979, o Paraguai disputará a Copa América com uma forte defesa, comandada por Gustavo Goméz, do Palmeiras, e que é muito comparado ao ídolo Carlos Gamarra. A equipe é treinada pelo argentino Eduardo Berizzo.

Outro conhecido dos brasileiros se destaca na Bolívia, o centroavante Marcelo Moreno, ex-Grêmio e hoje no Cruzeiro. Ele é filho de um ex-jogador brasileiro que se casou com uma boliviana ao jogar no país andino e é o maior artilheiro da história de sua seleção, com 24 gols. O time, porém, é limitado, dependendo muito do goleiro Lampe e do meia Chumacero. A Bolívia foi campeã em 1963, quando sediou a competição.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895