Mais que esporte

Mais que esporte

Por meio de trabalho dedicado, focado no esporte como ferramenta e em valores educacionais do olimpismo, a Fundação Tênis comemora 20 anos com novos projetos

Por
Maria José Vasconcelos

De uma despretensiosa proposta de ajudar crianças e jovens por meio do esporte, um grupo de empresários apaixonados por tênis deu início à Fundação Tênis, uma Organização Não Governamental (ONG) que completou 20 anos no último dia 11/5.

As primeiras 20 crianças e adolescentes começaram a ter aulas de tênis no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, em 2001. A partir de então, a ONG passou a atuar não só no esporte, mas em diferentes iniciativas de apoio pessoal e social das crianças e jovens envolvidos, pautada nos valores educacionais do olimpismo. Para participar, é preciso ter entre 8 e 16 anos, estar em ambiente de vulnerabilidade, matriculado e assíduo em escola da rede pública, tendo acompanhamento escolar e mantendo contato familiar. Desde 2005, foi possível dar continuidade ao atendimento através do Programa Pós-Tênis, em que adolescentes do projeto são encaminhados a cursos profissionalizantes e estágios em empresas parceiras. Atualmente, a Fundação mobiliza 1,4 mil estudantes em 14 núcleos instalados no RS e em SP (box).

Entusiasmado com o trabalho, Luis Carlos Enck, superintendente da Fundação Tênis, lembra que, no começo, o tênis não interessava tanto às crianças e era a humanização da iniciativa que mais conquistava o grupo. Uma professora da Escola Municipal Martin Aranha, ao ver o trabalho no parque, se interessou e ajudou a aproximar a escola da ação. Aos poucos, o acompanhamento escolar foi agregado e essa relação avançou, resultando em alunos que também apresentavam melhorias escolares. O retorno positivo ampliou o alcance do projeto de educação através do esporte junto a outras escolas e chegou até o meio acadêmico, quando um professor da PUCRS se interessou e ajudou a qualificar a proposta, aplicando a metodologia de educação olímpica, com estudo sobre como trabalhar o esporte de modo diferenciado e capacitando os professores do projeto.

Em 2016, quando fez 15 anos, a ONG gravou um vídeo, com depoimentos de seus primeiros alunos, que revelaram mudanças pessoais com o projeto, apontando melhorias em aspectos como responsabilidade, equilíbrio, foco, concentração, tenacidade. E, ao realizar vídeos mensais em vários núcleos e com ex-alunos, foram percebidos depoimentos semelhantes, ajudando a desenvolver um trabalho mais sistemático como ferramenta educacional que se vale do esporte para o desenvolvimento cognitivo e social. Luis assinala que o tênis é um dos esportes que mais desenvolve a área cognitiva ao envolver atuação individual, estratégia de jogo, tomada de decisões, foco, controle emocional, práticas aproveitadas fora da quadra e que também contaminam e interferem positivamente no ambiente da criança. E pesquisa junto às famílias mostrou avanços em aspectos como colaboração, organização, interesse e iniciativa.

Sem sede própria e utilizando quadras adaptadas em escolas, parques e entidades, Luis explica que a ONG, com cerca de 40 integrantes (entre monitores, professores, coordenadores e administrativos, contratados e voluntários) só tem um escritório. Em 2007, destaca que foi realizada a 1ª edição do Rolando Garra, torneio de integração entre alunos, famílias e toda a comunidade envolvida nos projetos da Fundação Tênis. E em 2019, a Fundação qualificou sua proposta, sendo reconhecida como signatária do Pacto Global da ONU, se comprometendo a ajudar a alcançar, até 2030, três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) referentes à saúde e bem-estar, educação de qualidade e trabalho decente e crescimento econômico. Além disso, ainda passou a atuar em outros dos 17 objetivos da ONU, como igualdade de gênero.

Com a pandemia e o isolamento social, Luis explica que a ONG, preocupada em não perder o vínculo, manteve e segue em contato diário com as crianças, via aplicativo de mensagens, enviando tarefas que reforçam valores como amizade, respeito, excelência e ética, mesmo à distância. E foram entregues cartões alimentação às famílias. Segundo ele, os festejos de aniversário estão acompanhados de novidades ao longo do ano. Entre elas, dois novos núcleos do projeto, que serão implantados, em breve, em SC e em MG.

Fundação Tênis

Integração entre crianças, jovens, famílias e comunidade é marca da proposta, que desenvolve ações em RS e SP, mobilizando 1,4 mil participantes (foto de antes da pandemia). Foto: João Alves / Divulgação / CP

  • A ONG começou o trabalho em 2001, atendendo 20 crianças e jovens, com aulas de tênis no Parque Marinha do Brasil, na Capital. A partir daí, passou a trabalhar não só com esporte, mas também com iniciativas de apoio pessoal e social. E ainda criou o Programa Pós-Tênis, em que adolescentes do projeto são encaminhados para cursos profissionalizantes e estágios em empresas parceiras.
  • Com o tempo, foi percebida a possibilidade de captar recursos junto a empresas e ampliar mantenedores, permitindo expandir as atividades. As primeiras expansões se deram através de incentivos fiscais, com a Gerdau, e depois se agregaram Associação Leopoldina Juvenil (desde 2003), White Martins (2007) e Banrisul (2008). Hoje, são doadores as empresas Évora, XP Investimentos, Liberty Seguros, Unimed Porto Alegre, Oleoplan, BRDE, Lojas Renner, BNP Paribas, Piccadilly, Sulgás, Zaffari, Usaflex, BTG Pactual, CBT. E, neste ano, mais dez empresas passaram a destinar recursos para apoiar a proposta da Fundação: Datacom, Dufrio, Itaú, Sabemi, Sicredi, Sul América, Unifertil, Vale e Ventosul.
  • Atualmente, a Fundação Tênis atende 1.400 alunos, em 14 núcleos, sendo seis no RS, localizados em Porto Alegre (6), Sapiranga e Igrejinha, e seis em SP, nas cidades de São Paulo (2), Santana Parnaíba, Jundiaí, Jacareí e Mogi das Cruzes.
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