Outono promissor

Outono promissor

Temporada de feiras de terneiros começa com sinais de demanda aquecida, preços em alta e perspectiva de liquidez total

Por
Danton Júnior

O início do outono trouxe perspectivas positivas para os produtores de terneiros do Rio Grande do Sul. As feiras tradicionais da estação, que seguem até o final de junho, ocorrem em um momento de valorização dos bovinos. Já habituados ao formato virtual dos remates, os leiloeiros esperam uma temporada de preços em alta e demanda aquecida, influenciada pela expectativa de redução do número de animais ofertados.

Segundo levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o preço médio do quilo vivo (kg/vv) do terneiro no Estado estava em R$ 14,46 no final de março. Há um ano, a cotação era de R$ 7,85, o que indica uma alta de 84%. No mesmo período, o kg/vv do boi gordo subiu 50,9%, passando de R$ 6,36 para R$ 9,60.

A alta nos preços é motivada por uma série de fatores, entre eles o aumento do abate de fêmeas nos últimos anos, o que reduziu a produção de terneiros, e a demanda internacional por carne bovina e por animais vivos.
Entre os leiloeiros, a expectativa é de que os preços da temporada fiquem acima da média histórica. O presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais e Empresas de Leilão Rural do Rio Grande do Sul (Sindiler/RS), Ênio Dias dos Santos, afirma que a expectativa é de que o valor médio do quilo vivo do terneiro seja de 30% a 40% superior ao preço do boi gordo – embora haja casos de animais superiores que ultrapassam esse patamar. Historicamente, essa diferença é de 20% a 30%.

O diretor da Trajano Silva Remates, Marcelo Silva, observa que os resultados das primeiras feiras oficiais, assim como os de vendas particulares, confirmam as projeções, e dá como exemplo as vendas em Lavras do Sul, que já demonstraram alta de 30% em relação ao ano passado. “Lavras deu R$ 15,14 o macho e R$ 14,87 a fêmea, quando em 2020 tivemos um valor máximo médio de R$ 11,00”, salienta.

Para seguir confirmando esses números, as empresas de remates apostam no aprimoramento dos leilões em formato virtual, já que a maioria dos eventos irá ocorrer on-line, sem a presença de público no recinto. No outono do ano passado, os leiloeiros foram surpreendidos pelas medidas restritivas de combate à Covid-19, que recém haviam se iniciado. “A pandemia nos obrigou a trilhar esse caminho e o mercado se adaptou, aceitou e hoje trabalha com liquidez total nos remates virtuais”, afirma Santos.

Um dos fatores que devem manter os preços em alta é a redução da oferta de animais. Isso se deve à estiagem registrada em 2020, que prejudicou as pastagens. Mas também há outros motivos. “Além da redução de nascimentos, tivemos uma exportação importante de gado vivo do Rio Grande do Sul, tanto de terneiros quanto matrizes”, ressalta o presidente do Sindiler, que não arrisca calcular quantos animais serão colocados em pista. Santos diz que haverá acréscimo no número de eventos em relação ao ano passado, quando o segmento ainda estava se adaptando ao formato virtual. Algumas feiras serão realizadas pela primeira vez neste outono.

O ambiente é considerado favorável para os negócios porque, além da redução de oferta, há demanda crescente pela carne bovina, tanto no Brasil quanto no exterior. “A carne do novilho jovem é um produto que o Brasil todo consome e a exportação adora. O terneiro, que é a matéria-prima do novilho jovem, é uma mercadoria que está fluindo com muita naturalidade”, resume Ênio Dias dos Santos. Além disso, o leiloeiro observa que os remates virtuais têm condições de alcançar um público maior de potenciais clientes. Quanto à qualidade dos animais que serão ofertados, ele sustenta que deve se manter alta, uma vez que a primavera e o verão foram favoráveis para o setor.

Por outro lado, a valorização do terneiro impacta nos custos de quem compra. “Sempre que a reposição começa a se tornar mais cara, ela exige mais competência do invernador”, analisa o consultor Fernando Velloso, da Assessoria Agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha. Além disso, pecuaristas afirmam que os insumos utilizados na engorda, como ração, sal mineral, adubo para pastagens e grãos, também sofreram aumento. Mesmo assim, a expectativa é de que a demanda siga em alta. “O produtor precisa povoar as áreas, engordar os animais, para depois vender lá na frente um boi gordo, uma novilha gorda. E aí ele vai ter as estratégias dele para preservar margem. Eventualmente, vai ter que abater os animais mais pesados”, observa Velloso.

O otimismo com relação à liquidez nas vendas de terneiros é justificado pela sinalização do mercado. A demanda por animais inteiros (não castrados) para exportação segue firme, assim como o mercado do boi gordo, segundo Velloso. Com relação aos preços, o consultor explica que a expectativa é favorável à manutenção, já que o setor vive, em tese, o início de um novo ciclo pecuário, iniciado no ano passado, o que pode garantir até quatro anos favoráveis. Em 2020, houve um movimento de valorização dos terneiros durante a temporada de feiras, embalado pela alta no preço do gado entre o final do primeiro semestre e o início do segundo. Neste ano, a demanda em alta possibilitou inclusive o fechamento de negócios prévios ao desmame. “Isso sinaliza que há um grande interesse e grande necessidade de compra”, sintetiza Velloso.

 

Formato virtual consolidado

Oferta em leilões virtuais deixou de ser a novidade incorporada às pressas no ano passado e se firmou como ferramenta necessária à comercialização

Primeira das duas feiras de Lavras do Sul teve arquibancada vazia e alcançou bons preços com vendas pela internet. | Foto: Jacques Brasil de Souza

Cerca de 10 mil terneiros, terneiras e vaquilhonas de raças britânicas e sintéticas serão ofertados nas feiras promovidas pela Associação dos Núcleos de Produtores de Terneiros de Corte-Sul (ANPTC Sul) neste outono. O número é semelhante ao que foi comercializado nos leilões desta mesma época  em 2020. O calendário engloba dez eventos, em sete diferentes municípios gaúchos.

Os leilões serão transmitidos pela internet, mas a presença de público no local ainda está indefinida. Os organizadores acreditam que as medidas restritivas por conta da pandemia da Covid-19 podem sofrer alterações durante a programação, já que o último evento está marcado para 18 de maio. “Pode ser que até lá troquem as bandeiras”, pondera o presidente da ANPTC Sul, Vinícius Porto.

Para esta temporada, o segmento já conta com a experiência obtida em 2020, primeiro ano em que as feiras tiveram que ocorrer no formato virtual. “Quando começou, tudo era novo”, recorda Porto. “Havia aquela resistência do produtor, mas ele se adequou e hoje percebe que (a venda pela internet) é uma ferramenta que veio para ajudar”, observa. Além disso, o dirigente cita a facilidade para o comprador, que pode adquirir animais estando em qualquer lugar do Brasil.

O ciclo de alta da pecuária faz com que a expectativa para os remates seja de otimismo em termos de preços e liquidez. Porto acredita que a retirada da vacina contra a febre aftosa para bovinos, a ser ratificada em maio pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), pode expandir mercados para a carne gaúcha. Além disso, ressalta que a safra estadual de soja, que deve ultrapassar 20 milhões de toneladas, e os preços aquecidos pagos pelo grão, devem incentivar os negócios nas feiras de outono. “Os terneiros estão bem mais pesados por causa do casamento da pecuária com a lavoura”, resume.

Tradicional na produção de terneiros, o município de Lavras do Sul sedia sua segunda feira no dia 1º de maio (a primeira foi em 10 de abril), dentro da programação de outono da ANPTC Sul. Segundo o presidente do núcleo local de criadores, Jacques Brasil de Souza, a procura pelos animais está aquecida e é feita especialmente por pecuaristas estabelecidos no Rio Grande do Sul. Negócios anteriores às feiras chegaram a alcançar até R$ 18,00 pelo quilo vivo. Porém, conforme o dirigente, trata-se do preço pago por terneiros mais leves, com peso entre 100 kg e 140 kg. “Sabemos que essa não é a realidade de um terneiro bom, em ponto de desmame”, observa. Para os animais com cerca de 200 kg, o preço médio tem sido ao redor de R$ 13,00. A lógica, neste caso, é que o terneiro de 100 kg, cotado a R$ 18,00, acaba custando menos do que um terneiro de 200 kg, cotado a R$ 14,00. O primeiro acaba valendo R$ 1.800,00 e o segundo, R$ 2.800,00.

Mesmo com o aumento de custos, o produtor de terneiros sente que o momento é de valorização da sua atividade. No processo de produção da pecuária de corte, a cria possui características que a diferenciam das demais fases (a recria e a engorda). O ciclo é mais longo. A gestação da vaca dura nove meses. Após o nascimento, são mais seis meses até o desmame, para que, enfim, ele possa ser comercializado. “É um ano e meio para ter retorno que, às vezes, não era bem remunerado”, ressalta Souza. De acordo com ele, a valorização da atividade faz com que seja possível o produtor se programar para pagar contas e até mesmo adquirir equipamentos novos. “A relação de troca está boa”, afirma.

As próximas feiras da ANPTC Sul ocorrem em São Sepé (20 e 27 de abril), Piratini (22 de abril), Caçapava do Sul (29 de abril e 6 de maio), Cachoeira do Sul (5 de maio) e Santana da Boa Vista (18 de maio).

“Momento é convidativo e bom para a venda, mas perigoso na renovação”

Em Uruguaiana, na Fronteira-Oeste, a Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas ocorre nos dias 24 e 26 de abril. A previsão é de que cerca de mil animais sejam ofertados em cada uma das duas datas. Os dois leilões serão transmitidos pela internet, mas no primeiro haverá possibilidade de público reduzido a 25% da capacidade do Parque Agrícola Pastoril. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Uruguaiana, Nilson Faria Corrêa, o clima do último verão foi favorável às pastagens, o que garantiu a qualidade dos animais que serão ofertados durante a feira. “Tivemos praticamente uma chuva por semana. Foi um verão maravilhoso”, afirma.

Na Feira de Terneiros de Camaquã, que ocorre no dia 1º de maio, a expectativa é de liquidez. Caso haja permissão da prefeitura, os organizadores pretendem fazer um evento presencial. Serão ofertados cerca de 500 animais. “Se tivéssemos mais, venderíamos”, acredita a presidente do Sindicato Rural, Maria Tereza Scherer Mendes, que projeta preços aquecidos. Na avaliação dela, a transmissão do remate pela internet conta com a vantagem de ampliar o leque de mercados disponíveis para os animais.

O coordenador de Exposições, Feiras e Remates da Farsul, Francisco Schardong, vê um momento diferenciado não apenas para a pecuária, mas para o agronegócio. O aumento da produção da soja e os preços pagos pelo grão podem, inclusive, servir de estímulo para as vendas de terneiros. Por outro lado, o negócio torna-se mais caro para quem compra. “O momento é muito bom e convidativo para vender, mas é perigoso na reposição”, ressalva Schardong. Embora considere que os remates presenciais tenham um certo “glamour”, o dirigente acredita que os eventos virtuais vieram para ficar. Quanto ao financiamento disponível para os negócios, afirma que os bancos contam com recursos disponíveis, porém, com juros um pouco “fora da normalidade” para curto prazo.

Atividade linda está dando retorno, diz pecuarista

Enfermeira aposentada, Magda apostou na criação de gado e vendeu terneiros pela primeira vez neste ano. | Foto: Arquivo Pessoal

Enfermeira aposentada, a pecuarista Magda Souza de Macedo, da Estância do Carmo, de Lavras do Sul, costuma dizer que quem trabalha com gado de cria tem que gostar muito de pecuária. “É uma atividade linda, que está dando retorno, mas nela temos que fazer muito bem o dever de casa”, analisa. Isso inclui, segundo ela, cuidar bem do campo, adubar na época certa, escolher bem as matrizes e adotar um manejo adequado com as vacas que estão gestando, de modo a “respeitar” os animais. O resultado dessa receita pôde ser visto na feira de terneiros ocorrida no dia 10 de abril, em Lavras do Sul, onde a criadora ofertou 33 terneiros Red Angus e cruzas.

Antiga cliente de feiras de terneiros, Magda vendeu os seus próprios animais em um evento desses pela primeira vez. “É um sonho realizado”, define. Há dois anos, a pecuarista passou a trabalhar com gado de cria. Os  animais ofertados na feira nasceram entre agosto e outubro do ano passado e contavam com peso médio de 220 quilos. Eles foram criados a pasto, em campo nativo melhorado. “Dentro do mercado, os terneiros hoje são concorridos, considerando que parece que há pouco terneiro para a demanda”, observa a criadora.
Enquanto estava prestes a se aposentar, em Porto Alegre, Magda cursou uma pós-graduação em agronegócio, o que a ajudou em sua nova empreitada.

Atenta ao que dizem os economistas, Magda acredita que os preços do terneiro devem continuar aquecidos. O motivo está baseado na velha regra da oferta e procura. “Andaram abatendo muita fêmea no passado”, observa.

Além disso, a criadora cita a demanda externa pela carne de qualidade. “O Brasil tem feito muitos acordos, vem exportando mais carne e vai precisar de novilhos”, acrescenta. Apesar da valorização do seu principal produto, a alta nos custos é uma reclamação frequente entre aqueles que trabalham com gado de cria. Como exemplo, a pecuarista cita o aumento no preço do adubo químico, utilizado na melhoria do azevém, e da suplementação mineral.

A lida no campo visa obedecer os preceitos do bem-estar animal, procurando evitar o manejo sob o sol quente, barulhos excessivos e o estresse do rebanho. “São vacas que estão com terneiro ao pé; muito grito não leva a nada”, salienta. Os guizos utilizados para “tocar” o gado são feitos com sacos plásticos na ponta, para evitar ferimentos. O objetivo é fazer com que os animais não sintam medo e tenham confiança nos responsáveis pela lida. “São detalhes que no somatório acredito que façam bastante diferença”, complementa.

Alta dos custos pressiona área de recria e engorda

Magalhães avalia que o momento é de recomposição de preços que estiveram achatados. | Foto: Arquivo Pessoal

O pecuarista Custódio Magalhães, que trabalha com recria e engorda, é um potencial comprador de terneiros nesta temporada de outono. Ele já sabe que os animais adquiridos pela Malta Agropecuária, com propriedades em Bagé, Dom Pedrito e Livramento, irão custar mais caro do que um ano atrás. Porém, na avaliação dele, o problema pode não ser o preço da cria. “Não é que o terneiro esteja caro demais. Talvez o boi gordo é que esteja barato”, explica.

Na avaliação do criador, o momento não é de valorização, mas de recomposição de preços, uma vez que as cotações estiveram achatadas durante anos. Mesmo assim, ele considera que a alta não acompanhou o reajuste de alguns dos principais insumos utilizados para produzir, como o adubo.

Magalhães espera que o ciclo de alta nos preços do terneiro possa favorecer investimentos na melhoria da taxa de prenhez, que há décadas está em cerca de 50% no Rio Grande do Sul. “A terminação está mais rápida, mais eficiente, pela entrada da lavoura e a qualidade da pastagem. Temos mais comida. Precisamos que essa cria também retorne com mais eficiência”, afirma.

Os animais adquiridos neste outono serão comercializados com peso entre 450 kg e 550 kg, a maioria até o início da primavera. Embora não arrisque um palpite sobre o valor futuro desses bovinos, o pecuarista afirma que há “grandes possibilidades de não ter retorno ou de ter um retorno muito pequeno”, caso o preço do terneiro siga muito acima de 20% do boi gordo.

Para obter o peso esperado, é fundamental não descuidar da nutrição animal. A estância conta com pastagens de inverno, pastagens perenes de verão e suplementação com grãos. A lavoura de soja, presente na propriedade, beneficia a alimentação do gado. “A soja e a pecuária são complementares”, sustenta Magalhães, discordando de quem vê concorrência entre as duas atividades.

O leilão virtual é uma ferramenta vista com bons olhos pelo criador. Tanto do ponto de vista do vendedor, que amplia o leque de clientes, quanto do comprador, que pode estar em qualquer lugar do país enquanto faz os seus lances. Para Magalhães, a observação do animal in loco não faz falta quando existe confiança entre as partes envolvidas no negócio. “A empresa que tiver seriedade vai ter sucesso”, diz.

 

Produtividade ainda é desafio

Especialista diz que o bom momento pode possibilitar que produtores façam investimentos em melhoramento genético e nutrição do rebanho

Professor da Ufrgs acredita que alta nos preços pode representar uma oportunidade não apenas para o segmento de cria, mas também para a pecuária bovina como um todo. | Foto: EDUARDO SEIDL

O ciclo de valorização dos terneiros pode contribuir para que a pecuária gaúcha aumente a sua produtividade, tanto por hectare quanto por vaca. A opinião é do professor José Fernando Piva Lobato, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A expectativa é de que o cenário possibilite que os produtores invistam em melhoramento genético e na nutrição do gado de cria. “Com isso, estaremos aumentando a fertilidade das vacas, a taxa de desmame e o peso dos terneiros a serem desmamados”, observa.

Na avaliação do especialista, adquirir terneiro a R$ 14,00 o kg/vv é um investimento que irá “se pagar no futuro”. Segundo Lobato, a alta nos preços pode representar uma oportunidade não apenas para o segmento de cria, mas para a pecuária bovina como um todo. “Ineficiência é ter novilhas que não chegam aos dois anos com peso e desenvolvimento para emprenhar. O sujeito que compra um terneiro desses com boa qualidade e boa nutrição vai procurar nichos de mercado. E se for bom, tem comprador”, afirma. O otimismo é baseado ainda na demanda pela carne bovina, tanto do exterior, em especial da China, mas também de outros países, quanto do mercado interno, que Lobato acredita que estará aquecido novamente ao fim da pandemia.

A taxa de desfrute da pecuária, índice que mede a capacidade do rebanho de gerar excedente, está em cerca de 20%. Para alcançar uma média de 28%, segundo o professor, seria necessário emprenhar todas as novilhas do Estado aos dois anos de idade. A nutrição é apontada como essencial para aumentar a produtividade do rebanho gaúcho, hoje ao redor de 11,5 milhões de animais. “A taxa de desmame por vaca, em termos médios, é baixa. Temos mercado para crescer com as vacas existentes, é só a vaca deixar de passar fome”, observa Lobato.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895