Jordânia: turismo, história e conservação

Jordânia: turismo, história e conservação

O país árabe, considerado um dos mais seguros do Oriente Médio, abriga sítios arqueológicos que estão entre os mais importantes do mundo, como os de Petra e Jaresh, e monumentos que impressionam por sua beleza

O hipódromo usado para corridas de bigas ou lutas de gladiadores, ainda bem preservado

Por
Paulo Roberto Tavares

Apesar da guerra que ocorre bem perto da Jordânia, o país ainda é seguro para ser visitado. Apenas uma manifestação feita há duas semanas pedindo paz, de resto o país continua tranquilo, conforme informou Hisham Neto, um dos poucos guias turísticos jordanianos que fala português. “Aqui está bem tranquilo, com os turistas podendo aproveitar os sítios arqueológicos, como Petra e Jaresh”, disse Neto, que morou algum tempo em Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do RS. “As pessoas seguem a sua vida normalmente”, salientou. 

A Jordânia encanta desde a chegada, no aeroporto Queen Alia, em Amã, a capital. Já a ida para o centro da cidade ou para a cidade de Petra, que fica a cerca de quatro horas da capital jordaniana, é uma passeio que fica na memória de qualquer um. A estrada, de excelente qualidade, é bem patrulhada e você pode aproveitar para parar em um dos barzinhos que ficam à margem da rodovia e provar um café árabe, uma bebida cremosa, tomada quente. O gosto é suave. Se você está com um guia, é só aproveitar o passeio. 
O clima, em agosto, é quente, por isso é aconselhável que a pessoa que pretende fazer este passeio leve bloqueador solar. Outro objeto é um boné ou um lenço ao estilo árabe que pode ser comprado nos hotéis ou nas bancas de vendedores ambulantes. É bom pesquisar o preço dos produtos que você pretende comprar. Não esqueça que negociar faz parte da cultura árabe, sendo possível se comprar um lenço árabe, que os homens usam na cabeça, por 5 dinares jordanianos (1 dólar compra 0,70 dinares). Pelo câmbio, pode parecer que o país tem um custo de vida elevado, mas não é bem assim. É possível encontrar um restaurante simples, cujo almoço custe 5 dinares. Na Jordânia existem cédulas de 1, 5, 10, 20 e 50 dinares jordanianos (JD). Mas, atenção: o melhor é sempre levar cédulas de valor baixo e moedas. Existe uma falta de troco muito grande.

Se o destino for Petra, você tem que se preparar para caminhar muito dentro do sítio arqueológico. O preço da entrada é de 50 dinares jordanianos (cerca de 86 dólares). Você ficará dentro do sítio por ao menos cinco horas, caminhando nas trilhas que levam a vários locais onde existem construções. O Tesouro, como é chamada a construção que apareceu no filme “Indiana Jones e a Última Cruzada”, o início da caminhada para chegar até a construção, que deixa todos abismados, passa-se por um caminho cercado de rochas. Algo que ajuda a refrescar o trajeto, em especial no verão. Na frente do Tesouro, que na realidade é um túmulo e não um palácio, você pode subir em uma parte de uma montanha, situada na frente da construção, para tirar fotos. O visual é ótimo, mas é preciso um condicionamento físico muito bom, pois é uma subida até o topo e não há corrimão nem degraus, o caminho foi escavado na rocha. Você contará apenas com o seu equilíbrio e fôlego. Passando o Tesouro, um caminho que levará a outras edificações, como um teatro romano, que ainda guarda as “arquibancadas” esculpidas na rocha. O diferencial deste teatro, que também choca, é que bem acima das arquibancadas existem túmulos onde alguns nobres da época eram sepultados 

Os caminhos do sítio de Petra

Para se locomover por Petra, na chegada, você terá a opção de ir em um carrinho elétrico, pagando por ele. Outra opção é fazer o caminho a cavalo, por 5 dinares. O trajeto da entrada até o Tesouro é longo, parte feito a céu aberto, em uma via de terra batida. Já aí é possível ver os resquícios da civilização dos Nabateus. Parte de construções estão à mostra e podem ser vistas no lado de dentro. 

Um pouco mais adiante, outra entrada leva para dentro de Petra propriamente dita, começam as montanhas que fazem sombra em parte do caminho onde estão locais que eram usados para guardar água e onde os viajantes que chegavam ao local podiam beber. É uma boa caminhada até o Tesouro. Na frente desta construção existe a possibilidade de passeios em camelos pelas redondezas, sem sair da frente do prédio, que dependendo de como o sol bate em suas paredes, fica na cor rosa. 
Um pouco mais adiante, passando o anfiteatro, existem as ruínas de um templo escavado acima do nível do caminho, tendo um arco que servia de porta de entrada e era vigiado. Atores representam estes vigias. 

Após umas 3 horas de caminhada, existe um restaurante onde você pode aproveitar para almoçar ou se refrescar, se preparando para uma nova caminhada na parte da tarde. Aí começa uma outra parte do trajeto que passa por outras edificações na rocha, que exigirão também bom condicionamento físico ou subir lentamente.
Uma das construções que constituem o trecho é o chamado monastério. Bem preservado, é preciso escalar uma subida, fazendo com que o fôlego falte na metade do caminho, mas o resultado valerá à pena. A construção impressiona muito. Após este passeio, chega o momento de retornar por um outro caminho, subindo e descendo rochas até chegar no mesmo ponto onde se entrou no sítio arqueológico. 

Encantos da cidade de Jaresh

Um dos locais que o turista que gosta de história, em especial a greco-romana, não pode deixar de visitar é a cidade romana de Jaresh (ou Gerasa, em português), considerada um dos sítios arqueológicos mais bem conservados do mundo. Fica ao Norte de Amã e é rápido de chegar partindo da capital jordaniana.

Na entrada do sítio propriamente dito você se depara com um grande pórtico, chamado de portão de Filadélfia, a atual Amã. Dali para frente você entra em um mundo que parece congelado no tempo, passando por várias construções que fazem parte deste grande sítio. No meio, uma praça cercada de colunas com uma fonte no meio. A impressão é de que a qualquer momento um centurião, ou até mesmo Alexandre Magno, que concluiu as edificações, aparecerá na sua frente. 

Dobrando à direita, você irá para o anfiteatro, que até hoje é usado para produções de peças teatrais e consertos. Os visitantes, geralmente, são recebidos por uma dupla de jordanianos tocando gaitas de fole, fazendo com que muitos turistas acabem dançando. A acústica do anfiteatro continua perfeita, tanto que vários guias turísticos convidam os integrantes do grupo a falarem alto para sentir a ampliação da voz. De um lado para o outro das arquibancadas, existem furos, nos quais, quando você fala bem perto, a pessoa que está do outro lado escuta perfeitamente.

Saindo dali, se encontra uma estrada pavimentada desde os tempos do Império Romano. Segundo o guia turístico Hisham Neto, as marcas que existem nas pedras do calçamento são das bigas ou carruagens. Em uma encruzilhada mais adiante existem quatro caminhos que ainda levam para cidades do Oriente Médio. “Se você se dirigir para o Norte, vai encontrar o portão que sai na estrada que vai para Damasco, para o Oeste é a via para Jerusalém, para o Sul é para Filadélfia (atual Amã) e para o Leste para Arábia Saudita ou Bagdá”, relatou Hisham Neto. 

De sítios arqueológicos a passeios em 4x4 no deserto

Outro sítio arqueológico que impressiona muito é o de Monte Nebo. O lugar está localizado a cerca de 45 quilômetros da cidade de Jerusalém. O ingresso custa 3 dinares jordanianos. No parque construído no espaço, é possível entrar em um templo onde estão mosaicos de uma antiga igreja que foi escavada no lugar. Os mosaicos estão protegidos por passarelas, que servem de caminho para os turistas caminharem e apreciarem as obras de arte.

No lado de fora, jardins encantam pela sua beleza, em um deles o papa João Paulo II plantou uma árvore, que até hoje é conservada. Também é possível ver uma roda de concreto, simulando a parte de uma rocha que era usada para fechar os túmulos. Também existe uma lojinha onde á possível comprar suvenires.

Além destes locais que remontam à antiguidade, vale a pena uma visita ao Wadi-Rum, que em uma tradução mais livre significa Vale da Lua. No parque que existe antes de se entrar no deserto, o turista pode comprar lenços usados pelos árabes, camisetas da seleção de futebol da Jordânia, entre outros objetos. Após, se pode aproveitar o passeio nos carros 4X4 que percorrem o deserto, parando pequenos intervalos para o turista subir em algumas dunas. 

Fotos: Paulo Roberto Tavares

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895