Diversões e precauções na terra dos faraós

Diversões e precauções na terra dos faraós

O Egito guarda alguns dos sítios arqueológicos mais importantes de mundo e recebe um fluxo contínuo de turistas. Mas, assim como em muitos outros lugares turísticos, é importante estar atento aos aproveitadores

Situado no bairro de Gizé, no Cairo, o Parque das Pirâmides oferece contato direto com as pirâmides.

Por
Paulo Roberto Tavares

Viajar ao Egito é muito divertido, mas requer certas precauções para não ocorrer complicações. Algo importante: é preferível você ir por uma agência de turismo ou contratar um guia no país, a não ser que você domine bem o idioma, pois em locais turísticos o assédio dos vendedores ambulantes é grande e você pode acabar pagando um valor por um suvenir que não é o que realmente ele vale. Em hotéis e restaurantes, é tranquilo, você pode confiar.

Ao desembarcar, você precisa comprar o visto (sim, comprar, ele custa 25 dólares e aconselha-se a levar o dinheiro contado). Depois do visto, você passa por uma entrevista com um agente, o equivalente ao policial federal nos aeroportos brasileiros. É aconselhável saber um pouco de árabe, isto pode lhe favorecer na entrevista no aeroporto e em conseguir descontos com os vendedores nas lojas. Via de regra, o conhecimento da língua, mesmo mínimo, gera simpatia no seu interlocutor. Vencendo estas etapas, você pode iniciar um tour pela terra dos faraós.

Algo que você irá estranhar é a ausência de pessoas no saguão do aeroporto, local que conta com um movimento mínimo. A explicação é que no Egito só entra no prédio do aeroporto quem vai embarcar ou está desembarcando. Familiares e amigos ficam do lado de fora do prédio. Ao sair, principalmente se for o mês de agosto (verão no Hemisfério Norte), a temperatura de 40º/45º lhe dará as boas-vindas. Conseguir táxi é fácil e a troca de euros ou dólares por libras egípcias pode ser feita no aeroporto mesmo. 

Outro fator que se deve ficar atento: “gentileza” no Egito pressupõe pagamento. Se alguém se prontificar a levar a sua mala até o táxi, recuse. Um simples la, shukran, (“não, obrigado”, em árabe) é suficiente). Se quiser que levem sua bagagem, combine o preço. Antes de se instalar num hotel é bom dar uma olhada nos sites. Um conselho aos casados: no Egito, os preceitos islâmicos são levados ao pé da letra. Se você está viajando com a sua esposa, leve a certidão de casamento e tente validá-la, pois os hotéis não aceitam pessoas de sexo diferente dormindo no mesmo quarto se não forem casados. 

Um dos sítios arqueológicos mais famosos do mundo

Um dos sítios arqueológicos mais interessante é sem dúvida o que muitos chamam de Parque das Pirâmides. Situado no bairro de Gizé, no Cairo, o local lhe oferece contato direto com as três pirâmides, dos faraós Khafre, Khufu e Menkaure (os nomes egípcios dos faraós Queópes, Qéfren e Miquerinos, na nomenclatura grega), além da Esfinge (foto). Após pagar o ingresso, você entra e de cara dá de frente com uma das construções, a de Queópes. 

Algo que não pode deixar de ser feito é assistir ao espetáculo de luz e som que ocorre de terça a quinta-feira, sempre a noite, contando a história das construções. O espetáculo é narrado em inglês, na primeira seção, e em espanhol, na segunda. 

O lugar pode ser percorrido em camelos, mas é bom que a pessoa que vá usar este serviço combine o preço para a ida e a volta, pois muitas vezes os donos dos camelos querem um outro valor para a volta. Além disso, as pessoas também podem comprar algum suvenir nas inúmeras banquinhas que estão espalhadas pelo complexo. Em uma das construções, a de Queópes, é possível entrar. O valor deste passeio não está incluso na entrada do parque. Além disso, o local onde está a esfinge também é muito frequentado. Não poder chegar perto da construção. As fotos são feitas de um monte elevado ao lado da esfinge, mas a emoção de estar perto desta peça de arte é muito grande. Faz retroceder no tempo. 

Abu Simbel: a prova de amor

Um dos maiores monumentos no Egito é o de Abu Simbel, não só por seu tamanho, mas pelo esforço feito nos anos 60 pela Unesco e outros colaboradores para salvar a obra. Isso porque o lago Nasse, feito artificialmente para evitar a seca, inundaria a capela construída pelo faraó Ramsés II para ele e outra para a sua esposa preferida, Nefertari. Ramsés tinha 99 esposas. 

A obra começou a ser salva após um engenheiro egípcio ter a ideia de recortar toda construção, de 45 metros de altura, e transportar os blocos para um local a 200 metros do original, onde Abu Simbel ficaria em definitivo. Visitando a construção, é possível ver o recorte na pedra e as ligações, pois até parte da montanha onde estava o templo dedicado ao deus Amon foi recortada e transportada. 

Dentro do Templo de Ramsés, no fundo de um corredor cercado por grandes estátuas do faraó e por colunas com desenhos, alguns ainda preservando a cor de outrora, se chega a uma espécie de capela. Nela estão três deuses cultuados no antigo Egito e no meio deles, Ramsés. Na época de Ramsés (1278 a.C a 1212 a.C), que reinou na 19º Dinastia, o solstício de inverno lançava seus raios diretamente na estátua do faraó, feito que os engenheiros do século XX não conseguiram reproduzir.

Ao lado do templo de Ramsés II está o de sua esposa principal, Nefertari. A fachada traz algo ousado para a época e nunca feito antes por um monarca: as estátuas da esposa estão no mesmo tamanho das do faraó, que intercala as esculturas de mulher, como se a tivesse protegendo. Dentro, o templo é menor. 

A imponência de Edfu e Karnak

Outro local que vale a visita é o templo de Karnak. A entrada é precedida por uma avenida de carneiros, colocados um ao lado do outro, impressionando qualquer um. O prédio é dividido em dois blocos na entrada, com quatro estatuas de Ramsés (duas de cada lado). Em seguida, se passa para a chamada “sala hipostila”, com inúmeras colunas, algumas ainda preservaram o colorido que tinham na época. Além das estátuas, obeliscos (alguns foram retirados e levados para outros países) também enfeitam o local, que servia de culto.
Também uma visita a Edfu é uma boa pedida. Neste complexo está o templo do deus Hórus, em forma de falcão. Após entrar no prédio do templo, o visitante segue por um corredor cercado de colunas, que leva a uma barca do deus e a uma imagem de um falcão. Também outros locais dentro do complexo deixam ver o esforço que os antigos egípcios faziam em nome de seu faraó e faz com que nos questionemos sobre as formas de construção e transporte dos blocos. 
Em Edfu, existem sinais de que havia uma espécie de porto, onde os barcos com as pedras poderiam atracar. Existem buracos no chão, que seria para colocar as cordas das embarcações que traziam os blocos. Porém, ainda não há explicação sobre como os blocos eram montados tão perfeitamente. 

As ruas da antiga Mênfis

Em Mênfis, sítio arqueológico que fica na cidade do mesmo nome, é possível ver uma das avenidas da antiga cidade. Outra via, onde há esculturas da época e que seria uma rua da antiga cidade, acaba com uma enorme estátua de Ramsés II. Em um galpão está outra estátua do faraó, descoberta no sítio, com ao menos 30 metros de altura, em granito. A escultura está deitada, pois parte das pernas foram danificadas. Na estátua, conforme guias turísticos e historiadores, há um buraco perto do umbigo que seria indício de que Ramsés II usaria piercing, pois ali teria uma peça de ouro, além de brincos, pois as orelhas são furadas. 

Alguns preços de ingressos*

Pirâmides: 11,63 dólares
Museu Egípcio: U$ 9,69 
Cidadela de Salah El-Din: U$ 9,69
Sakkara: U$ 9,69
Mênfis: U$ 3,23
Karnak: U$ 9,69
Luxor: U$ 8,40
Templo de Medinet Habu: U$ 4,52
Templo de Edfu: U$ 9,69
Vale das Rainhas: U$ 3,87
Vale dos Reis: U$ 12,92 
Abun Simbel: U$ 13,40

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895