Morador de Tramandaí detecta metais nas areias das praias do Litoral Norte

Morador de Tramandaí detecta metais nas areias das praias do Litoral Norte

Luís Fernando da Silva descobriu o detectorismo há dois anos

Chico Izidro

Luís Fernando da Silva procura objetos de valor perdidos e enterrados nas areias das praias

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Uma pá com furos pequenos, um detector de metais e fones de ouvidos. Estes são os instrumentos de trabalho de Luís Fernando da Silva, porto-alegrense residente em Tramandaí e que há quase dois anos descobriu uma profissão praticamente desconhecida, o detectorismo. O que ele faz? Procura objetos de valor perdidos e enterrados nas areias das praias do litoral norte gaúcho – são anéis, colares, moedas, pingentes, peças de ouro e outros tipos de objetos metálicos, que tem um valor de troca. As pessoas costumam olhar para ele com curiosidade, como se fosse um extraterrestre, pois além dos seus instrumentos, ainda veste roupas largas e compridas, botas, apesar de estar em um ambiente quente, que é à beira do mar.

E muita gente acha ser impossível que ele encontre objetos de valor na praia. Mas Luís garante que sim. E também acha documentos perdidos, celulares.  “Acho de tudo”, diz ele, que fica com quase tudo o que encontra, mas devolve os documentos.

Luís entrou para o negócio após assistir aos vídeos de um casal no YouTube mostrando como era vantajoso trabalhar com isso. “Então larguei a minha profissão de pintor e virei detectorista”, recorda. E assim tem conseguido sustentar a esposa e o filho pequeno. Sua receita é de cerca de R$ 4 mil mensais.

Porém, ele diz que aproveita apenas 2% do que encontra nas areias à beira mar. “98% dos objetos são lixo”, lamenta. Por isso, para poder sobreviver, é obrigado a trabalhar todos os dias, cerca de 14 horas por jornada. “Não é fácil, mas não fosse assim não conseguiria manter a casa”, constata. 

“Eu levanto às 4 horas da manhã e vou até a hora que der, faça sol, faça chuva. Tenho de correr atrás. E vou em todas as praias. Onde tem gente, estou lá, pois as pessoas perdem muita coisa”, diz. “E não é roubo”, garante.

O objeto encontrado na areia geralmente não tem identificação, sendo de domínio público. Porém, se Luís encontra algo com nome, endereço, faz questão de devolver ao proprietário. No Brasil não existe uma legislação clara sobre o detectorismo, mas o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) explica que quem deseja iniciar a atividade deve buscar informações sobre a área que pretende explorar – recomenda-se evitar locais históricos, como sítios arqueológicos, onde é proibido este tipo de atividade.

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