Programa oferece assistência técnica e gerencial gratuita para produtores rurais gaúchos
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Programa oferece assistência técnica e gerencial gratuita para produtores rurais gaúchos

Criado em fevereiro de 2020, iniciativa do Senar-RS já beneficiou mais de 3 mil empreendedores de pequeno e médio porte de 11 cadeias produtivas

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Muitas vezes, um produtor rural tem conhecimento de tudo o que se passa na sua propriedade e domina a sua atividade, em grande parte dos casos, herdada dos pais e avós. Mas as mudanças econômicas e tecnológicas, seguidas de uma necessidade de gestão que não existia no passado, fizeram com que pessoas das mais diversas cadeias produtivas precisassem se adequar, em um cenário também impactado pela pandemia. Neste contexto, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) criou o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).

Criada em fevereiro de 2020, a iniciativa já chegou a mais de 3 mil produtores, de forma gratuita, com atendimentos mensais individualizados com duração de quatro horas, durante dois anos, visando a melhoria produtiva e de desempenho econômico de suas propriedades. “Inicialmente ofertamos a representantes de quatro cadeias: agricultura, bovinocultura de leite, bovinocultura de corte e ovinocultura. Agora, ampliamos para 11, incluindo agroindústria, apicultura, aquicultura (peixes, algas, crustáceos ou moluscos), avicultura, fruticultura, olericultura (ramo da horticultura que abrange a produção de hortaliças) e suinocultura”, conta o coordenador da AteG, Alexandre Prado. O público-alvo são produtores rurais que não recebem assistência técnica regular e que ainda têm dificuldades em fazer a gestão financeira de suas propriedades.

Era o caso de Mauri Luft, 51 anos, proprietário da Granja Luft, na localidade de São Luis, no município de São Martinho, noroeste do Estado. “A gente sempre ouve muita coisa mas não coloca em prática. A partir da AteG, melhorou muito a minha produtividade, está muito diferente a minha situação”, revela o especialista na bovinocultura de leite. Com uma produção de 600 litros por dias, a sua propriedade tem 26 vacas na ordenha que geram, cada uma, 23 litros. “Antes eram 14 ou 15 litros por dia. O manejo mudou bastante. Até o estado corporal da manada é outro, estão mais calmas”, vibra. Luft explica que o bem-estar de um animal é fundamental para que haja a tranquilidade necessária para a produção. “No verão, as vacas sentem muito calor. Com as dicas, passei a dar mais acesso à água. Não tenho condições de ter um grande pavilhão, mas com investimento baixo é possível dispor de ventiladores e mangueiras que deixam o ambiente melhor climatizado”, conta. Único filho de Cláudio Luft, falecido há cinco anos, a continuar morando na propriedade, ele é quem seguirá o legado da família. “Vou tocar até onde dá, até quando Deus permitir”, sorri.

Luft ressalta que é preciso seguir as orientações dos técnicos, “só receber e não fazer, não adianta”. Prestadores de serviço em empresas que se credenciaram no ano passado para participar do programa, um pouco mais de cem profissionais que participam da iniciativa têm formação no Ensino Superior. Para se inscreverem como técnicos de campo e supervisores técnico de campo, precisavam ter concluído cursos de Agronomia, Engenharia de Alimentos, Tecnologia em Agroindústria, Tecnologia em Alimentos, Medicina Veterinária, Nutrição ou Zootecnia. Tudo para que conseguissem implantar um modelo de gestão e operação de assistência técnica continuada baseado no mérito aos produtores das classes C e D/E. Ao englobar todos os processos da cadeia produtiva da propriedade, eles contribuem para a realização de ações efetivas, nas áreas econômica, social e ambiental, e os processos de gestão do negócio, visando proporcionar a sua evolução socioeconômica, da família e da comunidade.

Exemplo disso é Lucas Castro da Silva, 34 anos, quarta geração de criadores de ovinos, em Cacequi, sudoeste do Estado. A produtividade na Fazenda Santa Adélia, nome de sua bisavó, cresceu, mas foi a amplitude como gestor que apareceu após as visitas dos técnicos da AteG. “Abriu nossos horizontes sobre custos e ganhos. Como a maioria dos produtores, não sabíamos exato quanto gastamos em uma ovelha ou um cordeiro. Hoje em dia, colocamos tudo na ponta do lápis, com a porcentagem e tudo. Agora temos mais controle”, diz o ovinocultor. Entre os principais desafios da fazenda é aumentar a produção, se aprofundar nas questões genéticas e avançar no trabalho dedicado à lã fina. “Na comparação de um ano para outro: antes, tínhamos uma ou dois partos gemelares no rebanho. Com manejo e medicação certa, conseguimos 15 este ano”, explica Silva, sobre os partos duplos, pois os nascimentos de gêmeos ovinos são de grande importância econômica para os criadores. As tataranetas de Adélia, criadas em meio aos animais, deverão seguir naturalmente o trabalho, segundo o ovinocultor de Cacequi.

Bons resultados

O trabalho que ajudou Lutf e Silva parte de diagnóstico das potencialidades e dificuldades de cada propriedade para elaboração de um planejamento estratégico. Atingir os objetivos ainda passa por adequação tecnológica e capacitação profissional do proprietário. Cada passo dado, desde a despesa feita à receita que chega ao caixa, precisa ser registrado pelo produtor, permitindo a avaliação sistemática dos resultados. “Nossos técnicos, todos com expertise em cadeia produtiva, criam uma rotina de coleta de informações e colocam tudo no sistema, sempre buscando o equilíbrio para que o produtor consiga utilizar os recursos humanos, naturais e financeiros da melhor forma”, explica o coordenador da AteG, Alexandre Prado. Segundo ele, os produtores são divididos em 123 grupos de 25 a 30 integrantes de uma mesma cadeia, para beneficiar o planejamento estratégico. O programa está ampliando para 150 grupos de criadores atendidos. “Vai desde a fase de produção, passando pela incorporação de tecnologia de baixo impacto no custo, definindo metas que passam por uma análise sistemática dos resultados”, pontua Prado.

Marcos Aurélio Marques Bressan, 54 anos, pode atestar os bons resultados na Fazenda Ouro Verde, especializada em bovinocultura de Corte na cidade de São Jerônimo, região metropolitana do Estado. “Melhorou na nutrição, pois eu estava colocando sal proteinado no cocho dos animais. Depois que a ATeG começou a fazer visitas técnicas, o técnico me recomendou fazer a suplementação dos animais com sal energético porque a proteína os animais já retiravam do pasto”, conta o pecuarista. Além de nutrir o rebanho de forma mais adequada, Bressan teve economia na renovação das pastagens. “Parei de botar dinheiro fora”, salienta. Aos 56 anos, o criador que faz parte da terceira geração da família que trabalha com gado de corte, pretende continuar com uma propriedade sustentável econômica com pecuária. “Quero preparar a minha sucessão porque acredito que temos que produzir parte do que consumimos e outra parte oferecer no mercado. Temos um planeta para alimentar”, opina.

Cinco etapas

A ATeG é dividida em cinco passos, que começa pelo diagnóstico, quando o técnico conhece a realidade do produtor. Passa pelo planejamento estratégico e, também, pela adequação tecnológica, com soluções propostas dentro da realidade de cada produtor. Na sequência, vem a evolução e capacitação, etapa em que se avalia o que mais o Senar pode auxiliar. Para finalizar, é feita a avaliação sistemática, a partir de indicadores e análise. Esse sistema é alimentado pelo técnico e o produtor pode acompanhar as evoluções da sua propriedade. Alexandre Prado lembra que a AteG chega a todos os municípios do Rio Grande do Sul. “Nossa capilaridade é muito grande. Estamos conectados aos sindicatos rurais. Quem estiver interessar em participar, procure o sindicato em sua cidade”, diz o coordenador do programa. Mais informações no site.


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