Movimento pela Educação destaca a valorização e os desafios da carreira docente na era tecnológica
CONTEÚDO PATROCINADO
Correio + Conteúdo

Movimento pela Educação destaca a valorização e os desafios da carreira docente na era tecnológica

Evento foi realizado no auditório Central da Fundação Casa das Artes em Bento Gonçalves

Correio Mais Conteudo

publicidade

Valorizar a carreira docente, buscar alternativas para o aprendizado e discutir a qualidade do ensino no Rio Grande do Sul foram alguns dos temas discutidos nesta sexta-feira, em Bento Gonçalves, na Serra. No quarto encontro do Movimento pela Educação, promovido pela Assembleia Legislativa, especialistas reforçaram a importância de valorizar o trabalho dos professores e recuperar a imagem de uma profissão desgastada. Realizado no auditório Central da Fundação Casa das Artes, o evento teve como temática a Educação para o Desenvolvimento.

O presidente da Assembleia Legislativa, Vilmar Zanchin, explicou que os quatro primeiros encontros já serviram para reunir sugestões para aperfeiçoar o ensino no Rio Grande do Sul. “Precisamos criar um ambiente de regime colaborativo entre Estado e municípios. Não pode o município cuidar da educação, das suas escolas, sem uma conversa mais próxima com o Estado. Segundo, precisamos firmar um grande pacto em favor da aprendizagem na idade certa. Outros estados que estão tendo evolução nos indicadores educacionais estão colocando o segundo ano do ensino fundamental como o limite para o aluno ser considerado alfabetizado”, ressaltou.

Conforme Zanchin, outro eixo importante destacado nos debates é a necessidade de aumentar o número de escolas que ofereçam ensino integral e profissionalizante, respeitando as diversas vocações e peculiaridades das regiões. “Na região da Serra, temos o setor metal mecânico, moveleiro, a vitivinicultura. Dentro do ensino profissionalizante, essas atividades devem ser levadas em conta. E também o que nós percebemos é que há uma preocupação com a formação continuada dos nossos professores, a valorização da carreira docente”, observou. O parlamentar reforçou ainda a importância de o ensino acompanhar as inovações tecnológicas.

“É muito importante nesse mundo altamente competitivo, inovador, conectado, que nós estamos vivendo. Não se pode falar em educação completa para os nossos jovens, e falo aqui daqueles alunos que saem já do ensino médio e que irão enfrentar o mercado de trabalho, se não dominarem minimamente a tecnologia”, frisou. Segundo Zanchin, após os nove ciclos de palestras pelo Estado, a ideia é produzir uma legislação que vai ao encontro do pensamento dos especialistas e das lideranças regionais. “Para que nós possamos criar políticas públicas de estado que fiquem permanentemente sendo implantadas aqui no Rio Grande do Sul. E aí a Assembleia exercerá um outro papel que é o de fiscalização, porque nesse momento queremos colaborar através da construção de leis que melhorem os indicadores da Educação no nosso estado”, afirmou.

Zanchin avaliou que instituições do terceiro setor estão mais preocupadas no sentido de desenvolver ações voltadas à educação. “Temos lideranças empresariais inclusive querendo um debate mais profundo a respeito desse assunto. Os municípios são chamados nesse momento a participarem também desse debate porque, a partir do próximo ano, um dos critérios de retorno do ICMS é o resultado da educação nas escolas municipais”, destacou.

Com mais de 20 anos de experiência na Educação Infantil e gestão de pessoas, a secretária municipal de São Francisco de Paula, Ana Paula Ferreira Cruz Bennemann, destacou pontos importantes do processo de transformação da profissão: atratividade da carreira, governança e articulação da carreira, formação inicial, ingresso na carreira e desenvolvimento continuado. Conforme Ana Paula, atrair jovens comprometidos com a carreira docente é fundamental .

“A gente não fala só de remuneração. Temos que discutir condições de trabalho e a imagem da profissão, que está muito desgastada”, alertou. A especialista afirmou que é necessário discutir o tema com governos, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado (TCE), e detalhar como “se dá a educação no país”. Ela sustentou ainda que universidades, redes de ensino e as próprias escolas têm que discutir isso. “Todos temos que discutir e convergir esforços para essa educação de qualidade”, completou.
Na avaliação de Ana Paula, no que diz respeito à formação inicial, tem que haver sinergia entre a formação que a universidade dá e a realidade da sala de aula. Sobre o ingresso na carreira, salientou que o Plano Nacional propõe que profissionais mais experientes façam uma forma de acompanhamento de profissionais menos experientes e que estão ingressando na carreira, como uma forma de mentoria e o desenvolvimento continuado desse profissional. “São pontos importantes para a gente conseguir transformar o processo da carreira docente”, acrescentou.

Coordenador Executivo do Pacto pela Educação, Leandro Duarte Moreira afirmou que é fundamental colocar a educação como prioridade no Estado. “Quando temos lideranças políticas falando sobre isso, lideranças da sociedade falando sobre isso, lideranças empresariais, e todo mundo com seu ponto de vista. Quando a gente traz o nosso ponto de vista para um debate tão complexo e tão difícil, a gente consegue construir ideias melhores para um futuro melhor da educação”, ressaltou.

O empresário Clóvis Tramontina defendeu mais aulas de “matemática e engenharia e menos filosofia”. E destacou a falta de lideranças. “O professor tem que ser bem valorizado dentro da sala de aula”, afirmou. Último painelista do encontro, o economista Haroldo Rocha elogiou a iniciativa do parlamento gaúcho e reforçou que a carreira docente precisa ser valorizada. “O centro do palco tem que ser ocupado pelos professores”, afirmou. Ex-secretário executivo da Educação de São Paulo (2019/2021) e ex-secretário da Educação do Espírito Santo (2007/2010 e 2015/2018), Rocha destacou a importância do regime de colaboração, principalmente para suprir a necessidade de cidades pequenas. “Municípios precisam ser ajudados pelos estados. Isso é regime de colaboração. Assim como precisam ser ajudados pela União e pelo MEC. Essa cadeia tem que funcionar, até porque o cidadão mora no município, mas também mora no estado, no Brasil, e isso está na constituição”, alertou.

Conforme Rocha, não se fala tanto mais em qualidade do ensino, mas em aquisição de aprendizagem e desenvolvimento de aprendizagem. “A escola boa é a que permite que o aluno desenvolva a aprendizagem, que não é só absorver o conteúdo. É aprender o conteúdo e transformar isso em solução de algum problema da realidade. Mudou o papel do professor”, afirmou. “Não é que as faculdades foram ruins e a gente não via. As faculdades ensinavam conteúdo. Agora não basta mais conteúdo, tem que linkar o conteúdo com solução de problemas reais. Como um problema da física está solucionando ou não uma questão por exemplo do suprimento de energia, para falar de um tema desafiante desses tempos que estamos vivendo”, completou.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895