Médico surfista descobre técnica para salvar vítimas de ataque de tubarão

Médico surfista descobre técnica para salvar vítimas de ataque de tubarão

Estudo mostra que apertar o punho e pressionar a artéria femural deteve 89,7% do fluxo sanguíneo

Correio do Povo & AFP

Nos últimos anos, vários episódios foram registrados no Mundial de Surfe da World Surf League

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Um estudo australiano revela uma técnica pioneira de primeiros socorros para conter a hemorragia e reduzir as mortes de pessoas que forem atacadas por um tubarão. Encontrar o ponto médio entre os quadris e os órgãos genitais, fechar o punho e pressionar o máximo que puder. Segundo o reitor da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional Australiana (ANU, na sigla em inglês), Nicholas Taylor, esta técnica de compressão é mais eficaz do que tentar conter o sangramento com os tradicionais torniquetes.

Publicado na quinta-feira (23) no periódico Emergency Medicine Australasia, seu estudo mostra que apertar o punho e pressionar a artéria femural deteve 89,7% do fluxo sanguíneo, em comparação com 43,8% por torniquete improvisado com a corda da prancha de surfe. Uma grande parte dos ferimentos mortais de tubarão acontece nas pernas, deixando a vítima sangrar até a morte, mesmo que consiga retornar à costa.

"Sabia, por minha experiência em medicina de emergência, que, com um sangramento abundante na perna, pode-se pressionar com muita força a artéria femural e praticamente cortar todo fluxo sanguíneo para a perna desta forma", disse o médico surfista em um comunicado publicado pela ANU nesta sexta-feira.

Essa manobra funciona da mesma forma, com ou sem roupa de neoprene. Taylor espera que a técnica alcance cerca de 500 mil surfistas australianos, para os quais os "encontros" com esses tubarões não são mais excepcionais.

"Quero cartazes nas praias. Quero que isso seja difundido na comunidade do surfe. Quero que as pessoas saibam que, se alguém for mordido, podem tirá-lo da água, pressionar o mais forte possível neste ponto central e que isso pode interromper quase todo fluxo sanguíneo", acrescentou o especialista.

Os ataques de tubarão são raros, mas vêm aumentando na Austrália, em parte, pelo maior número de pessoas nas praias. 

Ataques no Brasil

Segundo o Arquivo Internacional de Ataque de Tubarões, administrado pelo Museu de História Natural da Flórida e pela Sociedade Americana Elasmobranch, formado por especialistas que estudam o peixe cartilaginoso, o Brasil é o quarto país com mais registros de episódios não provocados no planeta. De acordo com o arquivo, 107 ataques ocorreram em praias brasileiras desde 1913. Os Estados Unidos lidera com 1.516, na frente da Austrália com 670 e da África do Sul com 107.

No Brasil, de acordo com o Arquivo Internacional, Pernambuco é o estado com mais casos, com 59, seguido de São Paulo, com 11, e Maranhão, com 10. No Rio Grande do Sul, o registro indica cinco ataques.


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