Pandemia contribui para aumento da incidência de bruxismo

Pandemia contribui para aumento da incidência de bruxismo

Crescimento de casos está ligado ao estresse e à ansiedade provocados por conta da Covid-19

Correio do Povo

Número de casos de bruxismo aumentou durante a pandemia, destacam especialistas

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Um transtorno nada silencioso mas que, ainda assim, é pouco notado por quem sofre dele tem sido percebido com mais frequência entre dentistas: o bruxismo, ato de ranger ou apertar os dentes. A maior incidência pode ter explicação pela pandemia de Covid-19, com a qual convivemos há um ano e meio. A relação com o aumento dos casos está longe de ser sintoma ou sequela da doença, ela se dá de forma indireta, ocasionada pelas pioras nos níveis de estresse e ansiedade da população em meio à crise sanitária mundial. Uma verdadeira reação em cadeia.

 
“O bruxismo não tem uma causa específica, pode se desenvolver por muitos fatores, um deles é a ansiedade. Como a pandemia afetou a todos, com mudanças gerais de comportamentos, o aspecto emocional tende a ser o principal motivo para essa percepção no aumento dos casos”, explica o dentista Filipe Garcia, professor de Odontologia da UniRitter. 

 
No consultório onde atende, Garcia notou um crescimento bastante significativo desde março de 2020. No período anterior à pandemia, aproximadamente 40% dos pacientes apresentavam sinais de bruxismo, índice bastante expressivo, que, segundo o profissional, explica-se pelo reflexo do cotidiano agitado e corrido da época. Hoje, esse número, entre os seus atendimentos, chega a 80%. O transtorno tem diferentes intensidades, com casos que variam de moderados a graves, a ponto de gerarem fraturas dentárias.

 
Além de prejudicar a saúde bucal, com desgastes e perda da estrutura dentária, o bruxismo também pode causar sintomas de mal-estar, como dores na cabeça e na nuca, cansaço, dificuldade de abrir a boca com incômodo em suas articulações e perturbação no sono. Outro ponto importante de se observar é que, ao contrário do que muito se pensa, quem desenvolve o bruxismo também aperta e range os dentes durante o dia.

“Às vezes, o transtorno não é notado porque a ação é inconscientemente e ocorre durante o sono. Mas é importante se fazer atento ao período do dia acordado, pois é o momento no qual se pode perceber o gesto, mesmo ele sendo involuntário. Outra dica é cuidar o surgimento de algum sintoma diferente. Quando a dor de cabeça aparece atrelada a incômodos e estalos na mandíbula, o bruxismo pode ser a causa”, salienta Garcia.  


São várias as formas de tratamento para o problema. Uma vez percebido, a partir dessas observações sobre o próprio corpo, recomenda-se a procura de um profissional, que irá determinar as melhores alternativas de acordo com cada caso. Consultas regulares aos dentistas, indicadas a cada seis meses, também podem evitar o agravamento da situação, pois um profissional capacitado consegue diagnosticar o bruxismo mesmo que o paciente não tenha sentido nada de diferente em sua saúde.


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