Um museu à altura de nossa história

Um museu à altura de nossa história

Obras do Novo Museu do Ipiranga entram nesta semana na fase mais delicada

Jonathas Costa

Museu do Ipiranga, em São Paulo, está em reformas

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Na contagem regressiva para o bicentenário da Independência, a reabertura de um dos símbolos da história do Brasil está cada vez mais próxima. Com o objetivo de assegurar a entrega do projeto em 7 de setembro de 2022, o Novo Museu do Ipiranga, em São Paulo, atingiu 70% de execução da reforma iniciada ainda em 2019. 
Nesta semana, começa uma das etapas mais delicadas de todo o processo. Depois de meses de um minucioso trabalho de reforço das estruturas do prédio histórico, inaugurado originalmente em 1895, as equipes de trabalho iniciarão as escavações de um túnel de 11 metros de extensão, que ligará o edifício monumento ao novo e moderno complexo de 7 mil m² construído abaixo da esplanada principal. “É o principal desafio da obra neste momento. O túnel vai passar embaixo de uma das escadas rolantes, levando até o elevador que conecta o primeiro subsolo com o térreo do Edifício-Monumento”, explica Frederico Martinelli, engenheiro da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo, um dos responsáveis pelo projeto. “Esse túnel, que terá cerca de 11 metros de extensão e 3,5 m de diâmetro, é uma etapa delicada do trabalho de engenharia, pois será necessário escavar um terreno argiloso e sensível por debaixo do prédio sem afetar lhe a estabilidade das fundações. Essa passagem ficará sob uma das duas escadas rolantes de acesso e conduzirá ao elevador de acesso para os portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida”, complementa.
Toda a obra do Novo Museu do Ipiranga está sendo executada em duas grandes frentes. Além do restauro do edifício monumento, onde estão sendo realizados reparos em todos os detalhes da refinada arquitetura - incluindo a fachada, os interiores e os elementos de marcenaria, como portas e batentes -, uma escavação em frente ao prédio abrigará a nova entrada, bilheteria, auditório para 200 pessoas, espaço educativo, café, loja e sala de exposição temporária. Quando reaberto, o museu terá dobrado sua área total construída, e modernizado o espaço com elevadores, escadas rolantes e sistema de ar-condicionado.
A acessibilidade é outro pilar estrutural de todo o projeto de modernização. Além da adaptação do saguão de entrada único para todos os públicos, o museu terá salas com planta tátil das exposições, telas táteis e pranchas visu-táteis, exibições multimídia com legendas, audiodescrição e tradução em Libras, podo-táteis em todo o percurso expositivo, obras com tratamento multissensorial, e material de apoio e educativo em Braille e em linguagem simplificada, o que devem garantir a implementação de um arrojado projeto de acessibilidade. Entre as adaptações mais drásticas na construção, está a instalação de um fosso com quase oito metros de altura no centro do edifício tombado, para a instalação de elevadores que vão garantir o acesso a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida ao Salão Nobre, onde se encontra a obra mais famosa do museu, “Independência ou Morte”, de 1888, de Pedro Américo. Antes da reforma, a pintura estava em uma posição que não permitia acesso a todos. No Novo Museu, a tela com mais de 7 metros de largura e 4 metros de altura estará disponível para todos, e terá uma réplica que poderá ser tocada, numa representação em relevo.
O famoso quadro, inclusive, é testemunha das obras que transformam o Museu do Ipiranga. Originalmente montado dentro do prédio, tem dimensões superiores a qualquer porta ou janela presente no Salão Nobre, razão pela qual ficou impossibilitado de ser retirado do local como os mais de 400 mil itens do acervo que hoje estão abrigados em outros imóveis. Em um processo bastante singular, o restauro da peça foi realizado simultaneamente à obra, em um trabalho liderado pela restauradora Yara Petrella. Para protegê-la dos resíduos do restauro da sala, um tecido especial que impede a entrada de pó mas que permite que a obra “respire” foi instalado. De seis em seis meses, o tecido e a obra serão inspecionados. O quadro também foi protegido por um anteparo metálico que garante um afastamento de 1,5 m. Tudo à espera do aguardado dia em que o público voltará a visitar o espaço, reconectando-se à história da independência brasileira.






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