Há um Século no CP

Os desdobramentos da situação na região do Ruhr preocupam a todo mundo

Não houve edição do Correio do Povo no dia 14 de fevereiro de 1923.

As consequências da invasão do Ruhr pela França eram imprevisíveis
As consequências da invasão do Ruhr pela França eram imprevisíveis Foto : CP Memória

A grave situação da Europa - Os perigos decorrentes da occupação do Ruhr - A extraordinaria importancia industrial dessa região - É de innegavel gravidade a situação que de novo se estabeleceu na Europa, em face da occupação da região allemã do Ruhr, pelas tropas francezas, para garantia do pagamento das reparações. Todas as informações coincidem em reconhecer que as mais funestas consequencias poderiam decorrer da situação creada. Os nossos telegrammas têm informado amplamente os leitores sobre o que no Ruhr se está passando. 

A França em frente do Reich 

Essen, 16 - Nenhum espirito pacifista pode approvar, em principio a occupação, em tempo de paz, de um territorio independente e soberano, por uma força armada extrangeira; porem, é preciso vir ao Ruhr para julgar os apparentes excessos da politica franceza. A conjucção de tres grandes elementos: o carvão, a agua e o ferro, faz da região rhenano-westphaliana uma das mais privilegiadas do planeta. A bacia do Ruhr é uma parte vital dessa região. Sobre o total theorico de 145.000.000 de toneladas de carvão, produzidas annualmente, pela Allemanha, extraem-se das minas do Ruhr 115.000.000; sobre 11.000.000 de toneladas de ferro trabalhado, nove milhões saem dos altos fornos do Ruhr. Toda a producção franceza não se póde comparar aos rendimentos do Ruhr, cuja extensão é inferior, todavia, á de qualquer departamento francez. A grandeza da Allemanha, que se cimentou no carvão e no ferro, tornará a forjar-se no Ruhr. Uma série de grandes emprezas de producção creou, aqui uma tão poderosa organisação economica e social, que, substituindo, gradualmente, a organisação politica do Estado, o obrigou a abdicar, de facto, nos Stiness, nos Thyssen, nos Mannesmann, etc. O poder desses homens é tão grande, que se offereceram para substituir o Estado allemão, afim de liquidar a divida de guerra em condições que os alliados julgaram inaceitaveis. Esses senhores feudaes do Ruhr concertaram-se para levar a Allemanha official do estado em que se encontra, afim de illudir as sancções da guerra. 

O valor das industrias da zona

Admitiu-se que o Estado allemão não pode pagar; porem, aqui estão os Stinnes , os Thyssen, os Krupp, com suas vastas usinas em plena producção, com as suas minas, os seus portos, os seus barcos, e seus altos fornos. Esses são valores solidos que não desmoronam com o marco. A França domina o centro nervoso do organismo germanico: basta apertar a mão na garganta do Ruhr para cortar a respiração da Allemanha; porém, a França diz que não se trata de destruir, senão de demonstrar que ella, que se considera consciente dos seus direitos, tem forças para fazel-os respeitar. Se as minas forem fechadas , si se apagarem os altos fornos, se ficar paralysado o trafego dos caminhos de ferro, dos rios e dos portos; si se cumpre a ameaça allemã de paralysar tudo, e se saem para as ruas mais de dois milhões de homens, então todo o Ruhr poder envolver-se em um rublo esplendor. 

Matéria publicada na edição do Correio do Povo de 2/2/1923. 

A grafia da época está preservada nos textos acima 

CRONOLOGIA

O dia 14 de fevereiro na história

1925 - Termina a proibição de atuação do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores, de Hitler, na Alemanha. 
1977 - Éder Jofre se despede do boxe.
1980 - O filme “Encouraçado Potenkim” é liberado pela censura.
1989 - O Irã condena o escritor Salman Rushdie à pena de morte pelo romance “Versos Satânicos”.