Máscaras ao ar livre: é permitido debater

Máscaras ao ar livre: é permitido debater

Por José Paulo Cairoli*

Correio do Povo

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Em algum momento, nós perdemos — enquanto sociedade — o senso de razoabilidade. A polarização ignorante tomou conta dos espaços de fala e não deixou margem para um debate franco e livre.

A pergunta a seguir certamente fará com que muitos confiram a mim o título de negacionista — talvez genocida. Mesmo assim, não me furtarei: ainda é razoável que andemos de máscara em espaços ao ar livre no Rio Grande do Sul?

Dia desses, assistindo a um jogo de futebol na televisão, tive quase a certeza de quão inócuas são algumas das medidas. Vejamos: em campo, há 22 jogadores sem máscara, correndo em espaços abertos. Os reservas, porém, estão aquecendo com máscara. Quando vão entrar na partida, tiram a máscara. Há alguma razoabilidade nisso? Porque não permitem que todos fiquem sem máscara de uma vez? Estão todos testados, correndo ao ar livre!

Não se trata de negar a existência do vírus. Também não vou buscar um dos milhares de estudos disponíveis, para tentar confirmar minha tese. Sou apenas um cidadão a propor um debate.

Recentemente, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou que a Inglaterra irá dispensar o uso de máscaras. Por lá, 50,4% da população está com o esquema vacinal completo.

Em Porto Alegre, mais de 70% da população vacinável já recebeu a primeira dose, o que confere certo grau de imunidade. Quase 45% estão com o esquema vacinal completo. No restante do Estado, os números são semelhantes: 70% com uma dose e 31% plenamente imunizados. São excelentes números, que precisam ser celebrados.

Não sou infectologista para dizer quando é seguro liberar a máscara nas ruas. Também não sou governante para editar um decreto. Proponho, apenas, o debate. Livre, verdadeiramente técnico e despido de qualquer viés ideológico. Se não pudermos discutir isso agora, com vacinação andando e notificação de casos caindo, será quando?

*Produtor rural e ex-vice-governador do Estado


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