Walter Galvani: vida dedicada à cultura

Walter Galvani: vida dedicada à cultura

Por Ivo Czamanski*

Correio do Povo

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Estamos, ainda, diante do sentimento de luto pela perda de um grande ser humano, amigo dos amigos e da cultura gaúcha. Um ser de expressão máxima, sem meias palavras ou "lugares comuns", pois se colocava inteiro em tudo que fazia, caso dos textos que escrevia nas crônicas da vida como ela é, ou deveria ser. Também brilhava nos microfones, valorizando os artistas que passavam em "Revista" pelos programas da velha Guaíba.

Como Diretor de Fotografia, há 60 anos, sei bem como identificar as boas fontes de luz, e Galvani iluminou com competência, inteligência e sensibilidade as cenas do filme da sua e das nossas vidas. Reconheço com gratidão que fui alvo de sua generosidade - marca dos grandes artistas -, quando traduziu a beleza em palavras e nos ajudou a enxergar o valor estético de um dos meus trabalhos no cinema, quando fui responsável pela fotografia do filme "Netto e o Domador de Cavalos", do diretor Tabajara Ruas, um outro irmão que a arte me deu. Galvani fez a crítica no sentido mais amplo da expressão, aquela que revela valores. A crítica que, nas suas mãos, ganhava autonomia de um gênero literário. O referido texto de Walter Galvani foi publicado em 13 de outubro de 2010 no Correio do Povo, intitulado " A Luz e a beleza do Pampa". Reproduzo alguns trechos:

"Netto e o domador de cavalos comparece como uma preciosa contribuição: preservar a beleza, a pureza e a força da paisagem do Pampa (...). Mas, não há nada de melhor neste filme do que a fotografia de Ivo Czamanski. Sentimos, ao vermos deslizar suas cenas, do começo ao fim, a lembrança de um nome de tanto significado na história do cinema, quanto o do fotógrafo Gabriel Figueroa. (...) O céu, o pampa, o perfil dos cavalos, as nuvens, o pôr do sol, a hierática solenidade dos personagens, do bem e do mal, tudo está ali, retratado pelas mãos e olhos e coração de Ivo Czamanski."

O orgulho de ter recebido estas palavras só não é maior do que a gratidão por ter convivido com este gigante do jornalismo. Um nome que também fez história nas artes e ficará para sempre na nossa memória. Inspirado em seu próprio nome, o Walter sempre soube conjugar o verbo "galvanizar", reanimando e dando vida à nossa existência.

*Cineasta


Correio do Povo
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