Por que não é hora de escolher vacina

Por que não é hora de escolher vacina

Por Fernando Ritter*

Correio do Povo

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Em junho de 2021 o Brasil ultrapassou a trágica marca de 500 mil mortes por Covid-19. São pais, irmãos, filhos, avós ou amigos que não tiveram tempo de esperar a ciência nos surpreender. Em menos de um ano, a primeira vacina estava sendo produzida em larga escala e aplicada. No Brasil, a primeira chegou em janeiro de 2021 e hoje temos 4 vacinas. Todos aguardam ansiosos o dia de procurar o SUS – sistema público que em 2016 teve seus recursos congelados por 20 anos – para tomar sua dose.

Comemore e vá com esperança que dias melhores virão, torcendo que esse dia chegue para todos. E tome a vacina disponível. Volte para a segunda dose da mesma vacina. Se tomar dose única, agradeça novamente à ciência e ao SUS. Seja mais crítico com as informações – ou fake news – que circulam nas redes sociais e grupos de mensagens, que dizem que tal vacina é melhor que aquela. Não é momento de escolher.

Importante lembrar que todas vacinas estão em fase experimental. Somente anos de acompanhamento definirão qual é melhor – se isso importar algum dia. Então, pense nisso: caso você se contamine esperando por uma vacina que acha melhor e precisar de um leito clínico ou de UTI, você vai conviver com o risco da morte, além de gerar grande preocupação para quem ama você.

Precisamos alcançar no mínimo 70% da população vacinada – com qualquer vacina – para ter imunidade coletiva e controlar a pandemia. Lembre: vacinação é ato coletivo, de solidariedade. Quando você se vacina, está se protegendo e ajudando a proteger todos os que ainda não tiveram acesso à vacina.

As vacinas atuais foram rigorosamente testadas e mostraram segurança e eficácia para evitar a doença e salvar vidas. Por isso, a melhor vacina é aquela que pode ser aplicada imediatamente no maior número de pessoas, ainda mais agora que Porto Alegre chega à marca histórica de mais de um milhão de doses aplicadas. Escolher vacina é um risco individual e coletivo grande demais para assumir, quando o vírus ainda é o maior de todos os riscos.

*Diretor da Vigilância em Saúde Porto Alegre


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