Rádio Guaíba e o esporte

Rádio Guaíba e o esporte

Por Antônio Carlos Côrtes*

Correio do Povo

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Arlindo Pasqualini, na inauguração da Rádio Guaíba em 1957, lecionou: “Senhoras e senhores. A Rádio Guaíba, de Porto Alegre, que ora se inaugura aqui no Theatro São Pedro, com a presença para nós tão grata e tão honrosa de todos vós, constitui um empreendimento novo, mas que, embora novo, nasce sob o signo de uma tradição. É que sua vinculação a dois grandes jornais, o Correio do Povo e a Folha da Tarde, lhe traça implicitamente os rumos e a orientação. Tal orientação, como sabeis, é de absoluta independência, a qual tem para nós seus limites naturais e intransponíveis nos princípios da moral e nos imperativos do bem comum. Acerca de nossa programação normal, que deverá ter início amanhã, o que vos posso adiantar, em poucas palavras, é que ela não terá o luxo das grandes montagens. Mas, mesmo quando singela, jamais cairá na vulgaridade.”

Marcam a história do rádio no Brasil as transmissões radiofônicas das Copas do Mundo, começando pela edição de 1958, com Mendes Ribeiro, sendo a Guaíba a única emissora gaúcha presente na Suécia. Observem, apenas um ano apenas após inauguração. Desafio. Ousadia. O rádio no Brasil se reinventa a todo momento. O sucesso do veículo se dá por ser acima de tudo permanente companhia. Quando surgiu a televisão disseram que o rádio morreria. Aconteceu o contrário, ficou mais forte ainda. O telefone celular nada mais é que rádio com recursos extras. Dentre os segmentos, minha intenção é despertada para o esporte futebol. Ouço na Rádio Guaíba algo difícil de ser encontrado. Imparcialidade e isenção. Ouvinte quer e deseja isto dos repórteres, narradores, comentaristas e plantão de estúdio.

O narrador deve ter no grito de gol aproximadamente a mesma segundagem para diferentes equipes. Repórter não deve se imiscuir no espaço daquele e do comentarista. O radialista não deve bancar delegado de Polícia, promotor ou advogado, querendo interrogar dirigentes, atletas, técnicos e árbitros. Deve apenas saber perguntar com respeito. Plantão de estúdio eficiente e eficaz não adjetiva a informação. O padrão do registro de vozes radiofônicas na Guaíba é mantido.

O inventor do rádio ficaria satisfeito em ouvir o esporte da emissora. O mantra informação com credibilidade é garantidor de respeito ao ouvinte. Consigo ouvir com precisão o comentário e a opinião. Diferenciando igualmente notícia da informação. O padrão Guaíba desde a fundação persegue a mesma linha editorial lá do Pasqualini. Tem concentração que mantém a distância da vulgaridade, foge da irrelevância e centra no assunto em foco com qualidade de argumento.

*Advogado, escritor e psicanalista


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895