Do nada, alguém quer te roubar

Do nada, alguém quer te roubar

Oscar Bessi

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Parece que as coisas acontecem assim, do nada. Mas, no fundo, não são. Enquanto a gente etá pensando apenas em tocar e vida, com esta dificuldade toda que anda sendo tocar a vida, surge alguém querendo te roubar. Meu genro, o Soldado Moneiro, é um dedicado policial militar da “ROCAM” do 9º BPM e, todos os dias, me conta as ocorrências que atende em seu turno sempre corrido. Gosto de ouvi-lo e relembrar meus bons tempos de policiamento na capital. Mas hoje as coisas andam bem mais difíceis. Como li nas redes sociais sobre um sujeito que apenas pensava em estacionar seu carro, na lida diária, quando um assaltante, de olho no seu veículo, deu três tiros nele. E sumiu com o carro. Em plena luz do dia. Não sei se sobreviveu. Viver no Brasil é isto. Correr risco a todo instante em qualquer lugar apenas por estar na labuta. Nunca mudou. Nunca melhorou. Mas tem gente que gosta de nos enganar com discursos pífios e politiqueiros. O povo sabe o que sente. O que sofre.

Estávamos indo à capital, outro dia, para que meu filho menor se apresentasse no Teatro São Pedro com a Fábrica de Gaiteiros do Borghetti. Uma das iniciativas mais lindas que conheço sobre incentivar a gurizada a ingressar no mundo da música, e a valorizar as coisas nossas, automaticamente se afastando do mundo das drogas e da violência que arrebanha um naco considerável da nossa juventude atual. No meio do caminho, fomos surpreendidos com uma ligação apavorada da minha sogra, lá no interior do interior, que largou sua roça apavorada pois a filha (minha esposa) pedia um depósito de dinheiro urgente. E usava um sistemas de mensagens clonado, com foto e tudo a ponto de perturbar aquela velha senhora lá da zona rural, que nem sonha com os perigos da vida moderna em seu cotidiano. Mas não se iluda, muito letrado que vive no fervo da urbe já caiu em golpes assim. Nossa sorte é que um funcionário dedicado do Banrisul se interessou pelo problema e viu que poderia ser um crime em andamento. Fomos avisados e tudo acabou por ali. Mas nem todos têm essa sorte.

Às vezes recebo críticas por ser tão desconfiado. Mas recomendo a todos os meus leitores: estejam sempre com um pé atrás. Não importa onde. Não ache que golpistas só estão nas grandes cidades. Não pense que as redes de crime, chantagem, corrupção, drogas, roubos e a indústria do dinheiro fácil se movimenta só em cidade grande. Mas nessas, claro, ande mais desconfiado ainda. Dê um passo a frente na sua própria prevenção. Os criminosos atacam quem está de guarda baixa. Não dê chance ao azar. Dificulte a vida desses que escolhem aterrorizar a sua para ganhar meia dúzia de trocados e gastar em drogas. Seja sempre desconfiado. Porque, infelizmente, nosso país estimula esses criminosos, que matam todos os dias centenas de brasileiros, com uma legislação pífia e um sistema penal preguiçoso e alienado. Que dá as costas ao seu próprio povo, jogado à mercê da violência urbana, considerada “menor” pelos donos das estatísticas. Mas que aterrorizam a vida de milhões de cidadãos comuns que nem registram mais, de tanto descrédito.


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