Segue o baile

Segue o baile

Deu. Acabou. Podemos seguir com nossas paixões, de lá e cá, mas sem necessidade de brigar para convencer o outro. Chega de estresse. Começa um novo mês. Os boletos estão todos ali, nos esperando. E estariam com qualquer resultado. Boleto não vota, boleto não perdoa. Boleto vem para a esquerda e para a direita. E dá no meio.

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Passou o período eleitoral. Toda vez que ele inicia, a gente olha para a frente e tem aquela impressão incômoda de que nunca vai acabar. Isso que a legislação eleitoral brasileira já reduziu pela metade o tempo de campanha. Ainda sonho que com o dia em que isto durará apenas uma semana. A campanha toda. E, mesmo assim, como me conheço, na sexta tenho certeza de que já estarei pedindo água e querendo que chegue a segunda de uma vez por todas.

Alguém dirá que a culpa é dos políticos. Não, não é. Ou não só deles. Mesmo que eles sejam os maiores protagonistas desses festival de horrores que nos atormentam antes dos pleitos. Acontece que se criou uma cultura belicista que começa tímida, vai crescendo com o passar dos dias, até que se torna insuportável. Já foi pior. Já foi mais longo. Já foi bem mais poluído visualmente nas ruas. Já foi sem controle nenhum e já foi mais terrível nas redes sociais, quando estas surgiram definitivamente como parte do cenário. Porém, mesmo com toda a civilidade que se tenta implementar, pleito após pleito, parece que há uma doença que atinge tanta gente e se alastra. E até aqueles em quem apostávamos um pouco mais de equilíbrio, se perdem.

Na eleição mais disputada da história, com dois fenômenos de popularidade e paixões coletivas como jamais se viu numa mesma disputa, parece que há uma sensação de alívio, um dia depois da votação. Deu. Acabou. Podemos seguir com nossas paixões, de lá e cá, mas sem necessidade de brigar para convencer o outro. Chega de estresse. Chega da paulada, acusação, ofensa. A vida segue. Começa um novo mês. Os boletos estão todos ali, nos esperando. E estariam com qualquer resultado. Boleto não vota, boleto não perdoa. Boleto vem para a esquerda e para a direita. E dá no meio. Bora pagar as contas e segue o baile!

Que aí vem Copa. O Brasil tem chance? Não ando muito otimista. E vem o Natal. E o Ano Novo. E, quando piscarmos o olho, já tem outra longa eleição despertando muvucas ao nosso redor.

 

 


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