Quando os bebês nos assustam

Quando os bebês nos assustam

Oscar Bessi

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Era quase final da manhã de sábado. Talvez os soldados Anderson e Roberson, da Brigada Militar de São Vendelino e de serviço naquele turno, já estivessem pensando onde poderiam almoçar. De repente foram avisados pelos bombeiros voluntários que havia um bebê engasgado com leite materno numa área rural não muito perto dali. Na verdade, um interior do interior, desses distantes de tudo, uma localidade que pertencia até a outro município e, por consequência, na jurisdição de outro comando. Mas eles, ali, é que estavam mais perto e poderiam fazer algo pela criança. E policial de verdade, meus amigos, quando pensa em salvar uma vida, apenas vai. Ele ignora esses limites geográficos ou administrativos estabelecidos pela burocracia. Vai e pronto. Salva. Pois Roberson e Anderson são desses policiais de verdade. E salvaram um bebê de apenas 12 dias, naquela manhã. Quatro dias depois, foram visitar a família e foram recebidos como heróis por todos.
Quem é pai e mãe sabe. Por mais tranquilo que tenha sido o parto, os primeiros meses de vida são tensos. Quando nasceu minha primeira filha, a Gabi Tuane, eu toda hora botava um dedo próximo do nariz dela para ver se respirava. Acordava 20 vezes na madrugada, não achava possível deixar aquele ser humano minúsculo sozinho. Tensão da imaturidade, claro. Só que centenas de crianças morrem todo ano no Brasil por conta de engasgamento ou sufocação. Mais de dez por dia. E, no país todo, policiais e bombeiros se deparam com esse tipo de ocorrência, a todo momento, onde pais desesperados imploram pelo que já consideram um milagre: manter seu filho vivo. E, na verdade, nós temos como evitar isto. Há como prevenir. Basta alguns cuidados importantes. E todo cuidado é importante quando se tem a consciência plena do que significa ter um filho.
Boas dicas para evitar que isto aconteça: amamentar o bebê em lugar tranquilo, sem agitos, para que ele não mame ansiosamente, deixar o bebê em pé no colo por uns vinte minutos, não o deitar imediatamente, evitar que ele comprima o estômago ao deitar, não deixar peças, brinquedos e alimentos de risco perto dele. E se acontecer? O principal é não entrar em pânico. Manter a calma. Verificar a respiração, não jogar para cima e nem sacudir a criança, apoiar o bebê no antebraço, levemente curvada para baixo, dar tapas firmes (firmes mesmo!) nas costas até que ele consiga expelir o que provocou o engasgo. Não é fácil, ficamos tensos e nervosos, mas nossos bebês são anjinhos que precisam de anjos mais experientes, atentos e que entendam a importância de proteger nos mínimos detalhes. Só que acidentes acontecem. Com qualquer um. Aí, tenha à mão o número dos anjos de farda, prontos para te ajudar. Como os policiais de São Vendelino. 

 


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