O Proerd, o amor e um final feliz

O Proerd, o amor e um final feliz

Oscar Bessi

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“Que a minha loucura seja perdoada, pois metade de mim é amor, e a outra metade também”, diz a música Metade, de Oswaldo Montenegro. O jovem Matheus, de Gravataí, cometeu uma loucura. Por amor. E correu um enorme risco. Ficou dois dias inteiros perdido na rodoviária de São Paulo, a maior cidade da América Latina. Até que foi salvo por um anjo. Alguém que também traz consigo essa imensa capacidade de se entregar com o coração, com a diferença de carregar a experiência e o olhar generoso, ainda que calejado, dos que se acostumam a salvar vidas como ofício: o soldado Diogo Ávila, do 17<SC120,176> BPM. Instrutor do Proerd da Brigada Militar que há sete anos se tornou referência de caráter e valores para aquele menino da periferia, ainda na escola, e que nunca conheceu o pai e perdeu a mãe precocemente. E que, no momento mais tenso de sua vida, lembrou do brigadiano como a única pessoa que poderia lhe ajudar. Sem zombar dele. Esta confiança mudou todo o rumo de uma história que poderia ter terminado em tragédia.
Matheus conheceu uma menina pela Internet antes mesmo da pandemia. Ela dizia ser de Osasco. Movido pela paixão, mas sem recursos, juntou todo o dinheiro que podia fazendo pequenos serviços braçais e conseguiu o valor da passagem para São Paulo e se foi, sem avisar ninguém, realizar o sonho de encontrar seu grande amor. Lá, a grande decepção. A menina não apareceu. Ela não existia. Era um golpe, comum na web. Dor. Decepção e desespero. Após dois dias sem dinheiro para voltar e apenas com um pacotinho de bolachas para comer, ele decidiu fazer contato com a única pessoa que julgou que poderia ser uma luz naquele breu onde havia se perdido: o soldado Diogo Ávila. E este policial militar, com quase uma década de corporação, desencadeou a grande operação de resgate e solidariedade que uniu os comandos da Brigada Militar e da Polícia Militar de São Paulo. O Programa de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) tem como missão ser o amigo que vai lhe ajudar “a amar a própria vida”, como diz sua canção.
Eu acredito em Matheus. Nas suas lágrimas sinceras ao encontrar Ávila, já de volta, na Rodoviária de Porto Alegre, graças à “vaquinha” feita pelos policiais militares dos dois estados. Aposto no grande homem que ele será, capaz de amar com verdade e intensidade. E, assim, ser um pai maravilhoso. O erro de hoje, salvo graças à confiança no policial proerdiano, o tornará mais forte. Seus filhos acreditarão no Proerd, como ele, e não nas drogas ou na violência. E o garoto que viveu a dor do engano se unirá aos que tentam mostrar os perigos dos relacionamentos virtuais. Quem sabe um guerreiro do bem como o soldado Diogo Ávila que, assim como o Programa, inunda as escolas de boas lições. Vive de salvar vidas. A todo instante.

 


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