Vacina para professores e policiais

Vacina para professores e policiais

Oscar Bessi

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A situação terrível provocada após o desrespeito generalizado no feriadão de Carnaval, agravando os números da pandemia e superlotando hospitais, gerou o que se esperava. Restrições. Fechamentos. Perdas. Pagamos a conta dos que, nem aí para a grave situação e as recomendações que até papagaios já repetem de cor e salteado, espalharam vírus com destilado e energético por todos os lados. É quando os mesmos gestores públicos que cruzaram os braços e jogaram no colo da Polícia o problema do feriadão, não contratando nenhum reforço emergencial em suas mirradas forças de fiscalização municipais, ou sequer esboçando campanha preventivas, batem o pé. Falam sobre prejuízos. Sobre o direito de trabalhar. Sim, se as coisas estivessem equilibradas – e deu tempo de estar – poderíamos olhar apenas sob a ótica do lucro. Porém quem perde, agora, em sua maioria não teve culpa do que aconteceu. Já quem hoje faz jogo de cena mas, na hora de ter feito algo, foi curtir o feriadão, aí é diferente.
O que me espanta é o discurso do chilique. Não dos trabalhadores e dos comerciantes. Estes sentem dores de verdade. Afinal pagam pilhas de impostos, têm que trabalhar o triplo para alcançar algum ganho e sustentar essa pesada máquina pública que não dá, e nunca deu, um retorno mínimo. Já esses gestores das verbas vindas do nosso suor, não cumprem a sua parte e saem falando alto, anunciando documentos ao governador, que a coisa não ficará assim, que exigirão isso, aquilo etc. Mas alguém ouviu esses mesmos atores falando sobre vacinar professores? Sobre vacinar policiais? Ah, claro, são áreas que não geram lucro, não criam arrecadação. No mínimo, na visão mais curta que um ser mediano possa alcançar, investimentos em educação e segurança geram economia. Ou o absurdo do Carnaval nasceu do quê? Dessa educação paupérrima que concretamos ao longo do tempo e deixa nosso povo escravo de péssimos exemplos.
Os policiais estiveram no front o tempo todo desta pandemia, mergulhando na miséria, na exclusão, onde ninguém mais vai. Sem imunização. E adoecendo. É compreensível pais trabalhadores pretenderem que as aulas voltem, mas jogar professores nas escolas sem qualquer imunização é criminoso. Mortes vão ocorrer. O desrespeito para com esses profissionais precisa ter limite, chega a doer os absurdos que se vê em ataques aos educadores nas redes sociais. E quem levanta essa bandeira e pede vacina para professores e policiais? Professores e policiais. Só. Os que sentem a dor e convivem com o medo de morrer. Os que conhecem a realidade bruta. Que sabem o quanto estão expostos. Professores e policiais não fazem jogo de cena, não discursam para a torcida. Eles escolheram a missão de tentar tornar esse mundo em que vivemos um lugar melhor para os nossos filhos. Os filhos de todos. Inclusive dos que lucram. 


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