Heróis em dois séculos

Heróis em dois séculos

Oscar Bessi

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A Brigada Militar completou 183 anos no dia 18 de novembro. Tenho certeza que os leitores que acompanham esta coluna há uma década, e as notícias do nosso Correio do Povo, já sabem de cor a relevância desta instituição para o povo gaúcho. Na construção da sua identidade, ao longo dos anos e das reviravoltas históricas, ou no fortalecimento da esperança por dias melhores. Vou poupar as palavras repetidas e pedir que assistam, nas redes sociais da Brigada, o belíssimo vídeo institucional comemorativo ao seu aniversário, produzido pela sempre competente equipe de comunicação social da BM. As imagens falam por si. Múltiplas, belas, inquietas, tocantes, corajosas. Assim é atuação policial militar, como um casamento. Na alegria e na tristeza, na saúde ou em meio à pandemia, na riqueza ou na pobreza. Sempre junto. A união legítima entre o respeito à liberdade e a proteção da cidadania.

O ponto alto da bela solenidade na Academia de Polícia Militar foi a entrega de condecorações a policiais militares por sua bravura em ação. Homens e mulheres que viram a morte de perto. Que se arriscaram mais do que o normal de todos na defesa da sociedade. Os feridos em combate no confronto com o crime. Os oficiais do quadro de saúde que lideraram o enfrentamento ao coronavírus, para que todos os servidores da segurança fossem prontamente socorridos ou amparados e, assim, com atuação incessante das forças de segurança, permitir que a sociedade gaúcha não ficasse a mercê de criminosos em meio à pandemia. Também receberam medalhas autoridades e empresários que com suas ações auxiliaram o trabalho contínuo da instituição. Porém, o gesto mais tocante da cerimônia foi protagonizado pelo governador Eduardo Leite.

As viúvas dos soldados Feijó e Rodrigo, mortos em confronto com criminosos em Porto Alegre, superaram a dor da perda e foram ao ato solene, receber a mais alta condecoração militar por bravura, in memoriam. Eles tombaram levando ao extremo o juramento de defender a sociedade mesmo com o sacrifício da própria vida. Pois o governador, ao iniciar sua fala, rompeu o protocolo, ignorou vaidades e, antes de saudar as mais altas autoridades presentes, saudou as duas viúvas. E saudou os policiais militares que partiram, numa fala plena de sensibilidade e reconhecimento ao trabalho policial. Eu nunca havia presenciado um gesto assim. Emocionou a assistência. Tratou-os como verdadeiros heróis e eu me coloquei do lugar do garotinho ali presente, filho de um dos soldados, que talvez ainda sinta, mais do que tudo, a falta do pai. Confesso que precisei engolir as lágrimas. A Brigada Militar atravessa seu segundo século de história, firme e determinada a muito mais, graças a esses heróis. Às mulheres e homens do front que, com sua coragem e determinação diária, torna a presença brigadiana indispensável no cotidiano dos gaúchos.


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