Enfrentando os prejuízos do medo

Enfrentando os prejuízos do medo

Oscar Bessi

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A segunda fase da Operação Império da Lei foi a grande notícia da semana na área da Segurança Pública. Um exército de quase 500 policiais, de instituições federais e estaduais, integrados e coesos, garantiram a transferência para prisões federais de mais nove líderes das principais organizações criminosas que atuam no Rio Grande do Sul. Detentos de alta periculosidade que se somam aos 18 já transferidos na primeira fase da ação, em março. O vice-governador e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, chamou de “Estado contra o crime”, numa perfeita avaliação do sucesso do evento, pois além da operação em si, com êxito total, a Brigada Militar foi além e está reforçando por tempo indeterminado o policiamento em diversas cidades gaúchas para evitar represálias de grupos criminosos ligados aos transferidos.

É o povo contra o medo. Li comentários em redes sociais criticando o aparato, acusando-o de “gasto”. Grave engano. É investimento. Cada centavo dos impostos precisa ser devolvido como garantia de atenção pública. Os países latinos sofrem demais com o chamado “quinteto infernal”: corrupção, desigualdade, pobreza, violência e fraqueza institucional. Só o enfrentamento a este contexto pode mudar nossa perspectiva de futuro. O Estado precisa mostrar ao seu povo que é por ele que existe. Que não será subjugado a impérios criminosos, praticados por homens de fuzis ou canetas nas mãos. A insegurança pública dilacera o tecido social, impede a coesão coletiva e aniquila a liberdade. De quebra, cria e alimenta monstros paridos pelo ódio.

Sempre é bom lembrar que um investidor não abrirá sua empresa e oferecerá milhares de empregos a um povo apenas por altruísmo. Ele olhará o risco do negócio. O lucro e o prejuízo. Nenhum lugar dominado pelo medo ou pelo crime será palco de investimentos. E a dignidade humana se inicia pela capacidade do indivíduo sobreviver sem sobressaltos. Ter seu trabalho e seu salário. Ser alguém. Ter o direito de sonhar com algo melhor para si. O desemprego e a fome matam este sonho. E quem aperta o gatilho, nesta morte, não são apenas os bandidos armados, mas também o Estado que se omite ou permite ou até se alia a impérios fora da lei. Assim, a mesma fé convicta que tenho na Educação e seu poder transformador, tenho na capacidade pública de tirar o medo do cotidiano das pessoas. E não se tira o medo sem trabalhar a prevenção primária do crime. Sem impedir seu avanço com ações firmes. 


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