E a Educação?

E a Educação?

Parece que nos tornamos viciados no que há de ruim e, como todo vício, não se consegue mais controlar

Oscar Bessi

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Sempre que escrevo a coluna, navego pelas principais notícias no site do Correio do Povo. Que, aliás, o leitor deve ter percebido que está ainda mais belo, leve e dinâmico. Entro no menu das notícias policiais e ali, em regra, busco um tema para nossos leitores refletirem. E a cada passeio pelo portal, percebo como comportamentos se repetem. O quanto se faz mais do mesmo há tanto tempo neste país. Só se troca o nome das personagens e os locais dos fatos. É como se um exército invisível do crime recrutasse sem parar seguidores e multiplicadores de suas atividades nocivas. Na essência, o ser humano contra ele mesmo. Mais contra o seu coletivo do que contra indivíduos. Gente que faz o mal sem olhar a quem. Não importa em quantas cabeças precise pisar.

Ainda ontem li: traficante de outro estado capturado nas Missões. Polícia apreende carga de cocaína em Pelotas. Também em Pelotas, muita maconha. E mais maconha, em tonelada, cá e acolá. Quadrilhas de tráfico de drogas, homicídios e roubos desbaratadas pelos policiais, e isto acontece todos os dias da semana, por todos os cantos deste Estado. Propina revelada aqui, esquema de corrupção ali, fraude no combustível, falsificação disso e daquilo, golpes virtuais, golpes pessoais. Golpes num povo. E são as notícias relacionadas à violência dos traficantes ou aos esquemas predadores de corruptos que dominam. E olha que moramos num país que tem se acostumado a nem se importar com seus índices alarmantes, e nunca amenizados, de violência contra mulheres, crianças, idosos e ultimamente, numa espécie de retrocesso civilizatório, crimes de ódio e intolerância. O que nem nos assombra e se torna assim, banal. Que perigo! Parece que nos tornamos viciados no que há de ruim e, como todo vício, não se consegue mais controlar. Todo dia, saí no jornal que um novo alguém está no “esquema”. Parece que é aderir, ou se anestesiar e fingir que não vê.

Repito o que já disse aqui. Não vejo qualquer diferença entre traficantes de drogas, assaltantes de banco, corruptos, golpistas ou abusadores. Quem é capaz de se aproveitar da morte alheia para lucrar, o faz de qualquer forma, do jeito que a ocasião oferecer. Numa função pública, num negócio nefasto ou numa gangue. No meu mundo imaginário, todos esses criminosos teriam penas iguais e teriam que compensar exemplarmente o povo. Mas no meu mundo ideal, a Educação seria a base de tudo, a plataforma transformadora. A Educação em seu mais amplo conceito, possibilidades e construção de valores humanos, paz, igualdade e respeito entre indivíduos. Só ela evitaria essa pandemia moral. Não é o que vemos. Aliás, a Educação, aquela, que de tão bela e intensa nos encanta e nos transforma em cidadãos, como anda? Se alguém souber, me conte. Tenho esperança nela. Só nela.    
 


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