Brigada Militar, 186 anos

Brigada Militar, 186 anos

Oscar Bessi

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Vou propor um desafio. Pare um instante, feche os olhos, respire fundo e olhe para dentro de suas memórias. Contemple, lá atrás, o início da tua própria estrada. E venha até aqui. Pense no quão distante estão aqueles anos, ou décadas, que compõem o grande livro da tua vida. Repletos de capítulos tão diversos entre si, de fatos aguardados ou imprevistos, de consequências e repercussões, de conquistas ou cicatrizes. Dias de sorrisos e dores a se revezarem numa dança infinita entre alegrias e dificuldades, superações e desânimos, persistência e avanço. Sim, avanço, sempre, de um jeito ou de outro, porque o tempo não para. E é do destino determinar quando iremos parar em definitivo. Mas algo, além de ti, além de nós, talvez fique. A obra de cada um. O que se faz de tão relevante a ponto de se tornar essencial não apenas para a nossa vida, ou dos nossos familiares, mas fundamental para a vida de muitos. E se a tua estrada parecer gigante, em teus anos e décadas de vida, a ponto de mal lembrar de diversos momentos dela, imagine a vida de uma instituição que beira os dois séculos de existência. É quando aquela mágica inexplicável da humanidade une a obra de muitos a comungar ideais, objetivos, sonhos.

A Brigada Militar chega, neste 18 de novembro de 2023, ao seu 186º aniversário. É inimaginável o número imenso de gerações que passaram pelas suas fileiras, desde aqueles tempos longos e difíceis, nos quais o nosso pampa vivia encharcado pelo sangue de tantas revoltas, até os dias de hoje. E é incalculável o número de vidas que mudaram, nasceram ou renasceram, em todos estes 186 anos, graças a presença da farda brigadiana em algum momento ímpar e decisivo de sua existência. A adaga virou armamento de alta precisão e armas não letais, programadas para cessar o perigo com a preservação de todas as vidas envolvidas num conflito. Os pesados capotes deram lugar às fardas táticas. O capacete, a gorros impermeáveis de elevada funcionalidade e conforto. A fama de bom de luta foi substituída por treinamentos diversos, de alta performance, contínuos e incansáveis na busca do acerto e ele acontece na esmagadora maioria das vezes, nas milhares de ocorrências atendidas todos os dias pelos integrantes desta corporação em nosso estado. E a vocação para o bom combate prosseguiu correndo nas veias de cada brigadiano através dos séculos e chegou até aqui. Agora, imbuído da missão de servir e proteger, de preservar a cidadania e garantir os direitos de todos, indiscriminadamente.

Nestes 186 anos, muitas instituições, grupos, iniciativas e novas corporações vieram e se foram. Governos de matizes variados se revezaram no poder. Filosofias distintas regraram a sociedade. Guerras sacudiram o planeta e se foram, instabilidades econômicas, políticas, culturais, educacionais e da natureza foram vividas. Os crimes mudaram, as violências mudaram, mudaram também as urgências do povo. A despeito de tudo isso, e adaptada às transformações, a Brigada Militar segue firme, atravessa as ondas revoltas do tempo, encara perigos naturais ou inventados, e protege. Previne. Salva vidas. Todos os dias o dia todo. Porque é, desde sempre, composta por homens e mulheres especiais, capazes das renúncias mais improváveis para atender ao chamado de quem deles precisa. E a principal delas é, sem dúvida, o mais belo gesto de amor que um ser humano pode fazer pelo outro: arriscar a própria vida para te salvar. Há 186 anos a Brigada Militar faz isto. Por todos nós.


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